segunda-feira, 9 de maio de 2011

O PMDB, a Fundação Ulysses Guimarães e a qualificação na política

(*) Carlos Quartezani

Se quiser receber a atenção dos amigos, seja numa mesa de bar, na fila do banco, do supermercado ou até mesmo numa reunião de sua igreja, é só emitir uma opinião negativa acerca da política e dos políticos. Nada pode ser tão unânime nessas reuniões quanto um comentário sobre o “aumento que os políticos deram a si mesmos” ou “o rombo dos partidos será coberto com recurso público”.

De fato, são duas informações muito negativas e, a bem da verdade, reais, entretanto, o que não podemos nos esquecer é que tudo isso que acontece na política, tem uma razão de ser. Quem se importa com a política? Quem está preocupado em impedir que fatos como estes se repitam? Nós estamos sempre a procura de culpados quanto ao leite que se derramou... como se achar culpados, pudesse fazer com que o leite voltasse ao vasilhame.

As pessoas não se importam com a política, assim como não se importam se a merenda escolar é de qualidade, ou se os professores estão ensinando utilizando os padrões estabelecidos pelo Ministério da Educação, enfim, assuntos que não fazem parte de seu cotidiano, porque estão ocupados demais no seu trabalho. Mas os “políticos” estão envolvidos com estes e outros assuntos que fazem com que os direitos constitucionalmente garantidos sejam, de fato, exercidos. Quer as demais pessoas saibam disso, ou não. Alguém já viu a atuação de um Conselho Municipal da Merenda, exemplar, virar manchete de jornal? Creio que não...

Entretanto, tão importante quanto trabalhar no banco, numa loja ou num supermercado, para atender as pessoas e fazer com que os produtos cheguem às nossas casas, é estar antenado ao que acontece na política. E quando digo POLÍTICA falo da participação das pessoas nas decisões políticas do dia-a-dia, dos Conselhos Municipais, da vida partidária, dos Sindicatos, enfim, de tudo que se relaciona à nossa participação na constante construção da sociedade, e não apenas ao que é dito na TV e nos jornais em geral.

O Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB, através de sua Fundação cujo nome é uma homenagem a um dos grandes políticos brasileiros, Ulysses Guimarães, vem dando a sua contribuição na medida em que está permitindo que as pessoas possam ter acesso ao conhecimento do que é a política e a sua aplicabilidade, através de cursos de formação à distância, o EAD. As aulas gravadas em DVD’s com professores renomados da UnB (Universidade de Brasília), UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e o IBAM (Instituto Brasileiro de Administração Municipal), são a ferramenta que a Fundação Ulysses Guimarães está oferecendo a todos, não só aos filiados do PMDB, para que tenham condição de se preparar para as candidaturas aos cargos eletivos, ou, simplesmente entender como funciona a verdadeira participação do cidadão numa sociedade democrática.

Sim, é preciso qualificação para tudo. Para ser empresário, artista, prestador de serviços, e tantas outras atividades na sociedade, e, na política, não é diferente. Precisamos de bons quadros nos partidos para que quando um projeto político sair vencedor das urnas, as pessoas que colaboraram nesse projeto, estejam devidamente capacitadas para pôr em prática tudo o que foi oferecido à população quando das campanhas eleitorais.

O PMDB e a Fundação Ulysses Guimarães estão mais uma vez sendo pioneiros de um projeto que visa o bem de todos, a partir do momento que descortina a atividade política, mostrando através dos cursos à distância como deveria, verdadeiramente, funcionar na sua essência.

Participe dos cursos! Procure o PMDB de sua cidade e informe-se sobre este grande projeto de inclusão social, oferecido através da Fundação Ulysses Guimarães, a todos os brasileiros.

*Presidente do PMDB de Conceição da Barra e Coordenador dos Cursos da FUG no norte do ES.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Trabalho e Vida


João Baptista Herkenhoff
A obrigação de escrever para jornal, na batida do martelo, oferece uma grande dificuldade, que é a escolha do tema.

Primeira inspiração que tive desta vez foi expressar que estou saturado de burocracia. Comecei estimando a carga de burocracia que tive de aguentar no decurso da existência: a) reconhecimento de firmas e xerox de documentos, em cartório - 1.400; b) prova de que eu sou eu, não sou outro - 300; c) prova de que estou vivo (felizmente estou vivo), não estou morto - 400; d) prova de que tenho idoneidade moral e não respondo a processo criminal - 250; e) prova de residência - 500; f) prova de que sou casado e brasileiro - 200; g) prova de que nada devo ao fisco - 800; h) prova de que não sofro de moléstia contagiosa e de que sou vacinado - 150; i) prova de inscrição na OAB - 100; j) prova de que, depois de tanta burocracia, ainda sou capaz de pensar e escrever, ou seja, não fiquei maluco (esta prova ainda não foi exigida mas, por segurança, arrolei).

Depois de reviver os percalços do labirinto burocrático, fiquei cansado e decidi transferir a redação do artigo para o dia seguinte. Mas no dia seguinte, sábado passado, avaliei que o artigo não ficaria bom. Tinha de partir para outro.

Algumas vezes tenho me valido de datas comemorativas, ou de fatos acontecidos nas proximidades do artigo, para comparecer com meu texto. Essa colaboração, a que estou me referindo, apareceria entre o Dia do Trabalho e o Dia das Mães. Na ausência de fato, a meu juízo, merecedor de interesse público, na segunda quinzena de abril, Trabalho e Maternidade, temas bonitos, eram as balizas que estavam colocadas. Cumpria levar avante a tarefa.

Como iria exaltar o trabalho?

Meditei que a erradicação da pobreza e da marginalização, como previsto na Constituição, é objetivo prioritário dentro de um projeto de Brasil orientado por uma política humanista. Refleti que a Constituição não será cumprida se não se realizarem as condições do humanismo existencial. Como esse humanismo pode presidir nossos destinos? Será indispensável garantir trabalho para todos os brasileiros, fazer do "direito ao emprego" o fundamento da organização social. E mais: assegurar aos trabalhadores os direitos que lhes pertencem, por imposição constitucional e ética.

Esses parágrafos esgotavam o primeiro item do projeto de artigo.

Agora teria de enfrentar a parte mais delicada do texto: a exaltação da Maternidade. A Mãe é a sede da vida, seja da vida biológica (mãe sanguinea), seja da vida espiritual e afetiva (mãe adotiva). Exaltar a maternidade é antes de tudo exaltar a vida. É reconhecer, não apenas o direito de nascer, mas também o de viver em plenitude. É proclamar o direito à vida nas mais diversas circunstâncias. Tem valor a vida do que está prestes a se apagar. Vale infinitamente esse pouco de vida porque a vida vale infinitamente. Vale a vida de quem, na aparência, não integraria a sinfonia do Cosmos, atingido por doença que estabeleça uma ruptura de diálogo com o mundo. Vale essa vida como desafio para que com ela nos encontremos.

Em reverência à vida, não podemos concordar com a fome, as exclusões, os holocaustos nacionais ou raciais, o armamentismo, a guerra, a violência em todas as suas formas, a pena de morte.
Puxa vida. Raciocinando sobre o artigo que escreveria, não é que acabei escrevendo o artigo…
João Baptista Herkenhoff é magistrado aposentado, professor da Faculdade Estácio de Vila Velha (ES) e escritor. Autor de Dilemas de um juiz – a aventura obrigatória (Editora GZ, Rio).

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Educação libertadora na linha de Paulo Freire

João Baptista Herkenhoff

A Educação pode jogar um papel decisivo no crescimento da cidadania, na formação da consciência da dignidade humana e, num estágio mais avançado, na consciência da grandeza de todos os seres, como expressão cósmica da Criação, como ensina Frei Leonardo Boff.

Um projeto de Educação Popular deve orientar-se numa linha de educação libertadora.

A propósito, cremos que permanece absolutamente válida a reflexão de Paulo Freire. A proposta desse educador brasileiro, internacionalmente respeitado, foi depois enriquecida por muitos pensadores e pela prática militante de educadores populares.

A educação não é uma doação dos que julgam saber aos que se supõe nada saibam. Deve ser recusada, como acanhada, a concepção que vê o educando como arquivista de dados fornecidos pelo educador. Rejeite-se, por imprestável, a passividade do educando, na dinâmica do processo educacional. Diga-se "não" à educação paternalista, ao programa imposto, ao ritmo pré-estabelecido, à auto-suficiência do educador. Tenha-se presente, como absolutamente atual, o anátema de Paulo Freire à visão da palavra como amuleto, independente do ser que a pronuncia. Esteja-se atento ao seu libelo contra a sonoridade das frases, quando se esquece que a força da palavra está na sua capacidade transformadora.

A educação libertadora vê o educando como sujeito da História. Vê na comunicação "educador-educando-educador” uma relação horizontal. O diálogo é um traço essencial da educação libertadora. Todo esforço de conscientização baseia-se no diálogo, na troca, nas discussões. A humildade é um pré-requisito ético do educador que se propõe a ajudar no processo de libertação pela educação. A educação libertadora busca desenvolver a consciência crítica de que já são portadores os educandos. Parte da convicção de que há uma riqueza de ideias, de dons e de carismas na alma e no cotidiano dos interlocutores.

O projeto final da educação libertadora é contribuir para que as pessoas sejam agentes de transformação do mundo, inserindo-se na História. Para isto é preciso que as pessoas decifrem os aparentes enigmas da sociedade. Os marginalizados devem refletir sobre sua situação miserável e anti-humana. Devem identificar os mecanismos sócio-econômicos responsáveis pela marginalização e pela negação de humanidade. Devem buscar os caminhos para mudar as situações de opressão.

O mundo não é uma realidade estática mas uma realidade em transformação. Somos os arquitetos do mundo. O fatalismo é uma posição cômoda, mas falsa. Educandos e educadores, na perspectiva da educação libertadora, vão buscar juntos as chaves para transformar o mundo.

João Baptista Herkenhoff, 74 anos, professor da Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (ES), palestrante Brasil afora e escritor. Autor do livro Direitos humanos – uma ideia, muitas vozes (Editora Santuário, Aparecida, SP). E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br Homepage: www.jbherkenhoff.com.br