sábado, 9 de julho de 2016

Um debate necessário

Nas últimas gestões municipais em Conceição da Barra, especificamente as duas últimas, escolhemos como modelo um governo centrado em metas extraídas de pesquisas de opinião, onde a maioria esmagadora pede calçamento de ruas. A saúde e a educação vem depois, segundo tais pesquisas.

Não se pode ser contra o embelezamento da cidade, a valorização dos imóveis e o conforto de não sujar os pés em ruas enlameadas por falta do calçamento, contudo, questiono:

Não seria um despropósito reduzir o papel de um gestor público a apenas um “executor de obras”, cujas demandas são advindas de pesquisas de opinião pública?

Qual é a necessidade do método democrático de se escolher quem vai governar, se for verdade de que o que precisamos é de apenas um “executor de obras”?

Sem menosprezar as obras que foram feitas em Conceição da Barra nos últimos 7 anos, marcadas inclusive pela demora na conclusão, e outras de objetivo inconclusivo como as chamadas “cozinhas industriais” - que por conta de uma determinação de Lei e também necessidade municipal, serviu para abrigar alunos e alunas da rede pública municipal -, penso que chegou a hora de um novo modelo de governo, que usufrua das obras deixadas e dê continuidade, só que desta vez consultando as pessoas do lugar, sua opinião, ainda que de difícil aplicação, mas que gere uma sensação de que participar das decisões, voltou a ser possível.

As candidaturas ao cargo de prefeito e vice, bem como de vereadores, estão colocadas, contudo, faltando ainda (no caso majoritário), uma definição sobre quem de fato estará nas ruas, decisão que só é possível assegurar após as Convenções e os respectivos registros de candidatura, junto ao Tribunal Regional Eleitoral do município. Mas, o que mais me interessa como cidadão, neste momento, é saber se teremos um debate de fato, com as candidaturas sendo claras em relação aquilo que priorizará - caso eleita - e qual será a conduta deste governo em relação ao contato com a sociedade, relação esta que se faz fundamental, sobretudo quando se refere ao Executivo e Legislativo.

Existe o ingrediente do poder econômico, político e carismático influenciando no processo eleitoral de Conceição da Barra, o que é perfeitamente natural e histórico. Penso que devemos todos, em especial os que estão diretamente ligados à vida política da cidade, nos debruçar com muita seriedade sobre este momento e encontrar uma fórmula para que a palavra “atraso”, deixe de ser parte do nosso vocabulário; que a nostalgia seja transformada apenas em “atrativo turístico” e que as ruas que foram calçadas sejam ocupadas por carros, motos, bicicletas e pessoas, indo daqui para ali, trabalhando, ocupada, empregada e consequentemente, ficando menos doente, reduzindo os custos com o SUS e outras mazelas. 

Este é o cenário que eu queria ver no nosso município, tanto para a sede quanto os seus distritos. Hoje, não temos este cenário, e nem ontem a mais ou menos 7 anos.

Somos uma cidade com mais de 30 mil habitantes. Está surpreso?  Pois é, temos de tudo: Agricultura, comércio, turismo, indústria... mas, por falar em indústria, este é um tema importante de ser tratado e que a gente quase não cobra de quem pretende ser o prefeito da cidade. Temos que criar um ambiente para que empresas se instalem e porque não, outras indústrias, afinal, o sucesso industrial aqui é uma realidade, pelo menos quando nos referimos à Alcon, empresa que produz álcool e açúcar, além de gerar sua própria energia e vender o seu excedente, dando demonstrações de que é possível ter sucesso em Conceição da Barra, quando o foco é crescer e oferecer produto de qualidade.

As empresas que plantam eucalipto também devem ser alvo de um novo modelo de Governo a ser eleito daqui a alguns meses e a parceria seja maior do que a simples relação de arrecadação de impostos. Quando se tem boas ideias, bons projetos dos quais a população é simpatizante, e viabilidade, toda grande empresa tem interesse em ser parceira. O que não podemos é continuarmos fechados, acreditando que somente recursos públicos próprios, às custas de uma economia sustentada no arrocho, criará o ambiente do desenvolvimento que precisamos em nosso município. Sem parcerias, continuaremos desempregados e as ruas calçadas, sem ninguém passando sobre elas.

Enfim, tem-se muito mais a dizer, mas acho que os pontos colocados aqui devem servir de reflexão para que saibamos o quão importante é saber escolher o modelo de governo que queremos. A perfeição não será possível, mas podemos ter um governo no qual nos sintamos participantes, desde a escolha do nome até nas decisões mais polêmicas e de difícil consenso.

Meios para se gerar empregos e consequentemente, atrativos para que as pessoas venham morar na Barra, é o nosso principal desafio e sendo este vencido, todo o resto vai ser bem mais fácil. As ruas já estão calçadas, basta agora trazer pessoas para pisar sobre elas.