Nas
últimas gestões municipais em Conceição da Barra, especificamente as duas
últimas, escolhemos como modelo um governo centrado em metas extraídas de
pesquisas de opinião, onde a maioria esmagadora pede calçamento de ruas. A
saúde e a educação vem depois, segundo tais pesquisas.
Não
se pode ser contra o embelezamento da cidade, a valorização dos imóveis e o
conforto de não sujar os pés em ruas enlameadas por falta do calçamento,
contudo, questiono:
Não
seria um despropósito reduzir o papel de um gestor público a apenas um
“executor de obras”, cujas demandas são advindas de pesquisas de opinião
pública?
Qual
é a necessidade do método democrático de se escolher quem vai governar, se for
verdade de que o que precisamos é de apenas um “executor de obras”?
Sem
menosprezar as obras que foram feitas em Conceição da Barra nos últimos 7 anos,
marcadas inclusive pela demora na conclusão, e outras de objetivo inconclusivo
como as chamadas “cozinhas industriais” - que por conta de uma determinação de
Lei e também necessidade municipal, serviu para abrigar alunos e alunas da rede
pública municipal -, penso que chegou a hora de um novo modelo de governo, que usufrua
das obras deixadas e dê continuidade, só que desta vez consultando as pessoas
do lugar, sua opinião, ainda que de difícil aplicação, mas que gere uma
sensação de que participar das decisões, voltou a ser possível.
As
candidaturas ao cargo de prefeito e vice, bem como de vereadores, estão
colocadas, contudo, faltando ainda (no caso majoritário), uma definição sobre quem
de fato estará nas ruas, decisão que só é possível assegurar após as Convenções
e os respectivos registros de candidatura, junto ao Tribunal Regional Eleitoral
do município. Mas, o que mais me interessa como cidadão, neste momento, é saber
se teremos um debate de fato, com as candidaturas sendo claras em relação
aquilo que priorizará - caso eleita - e qual será a conduta deste governo em
relação ao contato com a sociedade, relação esta que se faz fundamental,
sobretudo quando se refere ao Executivo e Legislativo.
Existe
o ingrediente do poder econômico, político e carismático influenciando no
processo eleitoral de Conceição da Barra, o que é perfeitamente natural e
histórico. Penso que devemos todos, em especial os que estão diretamente
ligados à vida política da cidade, nos debruçar com muita seriedade sobre este
momento e encontrar uma fórmula para que a palavra “atraso”, deixe de ser parte
do nosso vocabulário; que a nostalgia seja transformada apenas em “atrativo turístico”
e que as ruas que foram calçadas sejam ocupadas por carros, motos, bicicletas e
pessoas, indo daqui para ali, trabalhando, ocupada, empregada e
consequentemente, ficando menos doente, reduzindo os custos com o SUS e outras
mazelas.
Este é o cenário que eu queria ver no nosso município, tanto para a
sede quanto os seus distritos. Hoje, não temos este cenário, e nem ontem a mais
ou menos 7 anos.
Somos
uma cidade com mais de 30 mil habitantes. Está surpreso? Pois é, temos de tudo: Agricultura, comércio,
turismo, indústria... mas, por falar em indústria, este é um tema importante de
ser tratado e que a gente quase não cobra de quem pretende ser o prefeito da
cidade. Temos que criar um ambiente para que empresas se instalem e porque não,
outras indústrias, afinal, o sucesso industrial aqui é uma realidade, pelo
menos quando nos referimos à Alcon, empresa que produz álcool e açúcar, além de
gerar sua própria energia e vender o seu excedente, dando demonstrações de que
é possível ter sucesso em Conceição da Barra, quando o foco é crescer e
oferecer produto de qualidade.
As
empresas que plantam eucalipto também devem ser alvo de um novo modelo de
Governo a ser eleito daqui a alguns meses e a parceria seja maior do que a
simples relação de arrecadação de impostos. Quando se tem boas ideias, bons
projetos dos quais a população é simpatizante, e viabilidade, toda grande
empresa tem interesse em ser parceira. O que não podemos é continuarmos
fechados, acreditando que somente recursos públicos próprios, às custas de uma
economia sustentada no arrocho, criará o ambiente do desenvolvimento que
precisamos em nosso município. Sem parcerias, continuaremos desempregados e as
ruas calçadas, sem ninguém passando sobre elas.
Enfim,
tem-se muito mais a dizer, mas acho que os pontos colocados aqui devem servir
de reflexão para que saibamos o quão importante é saber escolher o modelo de
governo que queremos. A perfeição não será possível, mas podemos ter um governo
no qual nos sintamos participantes, desde a escolha do nome até nas decisões
mais polêmicas e de difícil consenso.
Meios
para se gerar empregos e consequentemente, atrativos para que as pessoas venham
morar na Barra, é o nosso principal desafio e sendo este vencido, todo o resto
vai ser bem mais fácil. As ruas já estão calçadas, basta agora trazer pessoas
para pisar sobre elas.