quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Cancelar a ignorância é urgente

Esta semana, um assunto que está dominando as redes sociais do país, ou pelo menos uma boa parte dele, foi a declaração de um Youtuber conhecido como Monark, de que "no Brasil deveria ter Lei que garantisse o direito de se ter o Partido Nazista registrado".

Considerando se tratar de alguém conhecido, que apresenta um programa de entrevistas na internet (Podcast) e que certamente não é analfabeto, fica muito difícil desculpá-lo por tão infeliz declaração. 

O pedido de desculpas aconteceu. Que não foi bem isto o que quis dizer, pois estava bêbado. Soou como um arrependimento típico de quem percebeu que fez besteira. Mas a boca fala do que o coração está cheio. A outra explicação, é a ignorância mesmo.

O ambiente criado em nosso país, que fomenta o ódio em tempo integral, pode estar levando as pessoas a ler muito menos o que importa e muito mais aquilo que lhe pode conferir lucro ou simplesmente lazer. 

Acho que estamos precisando rever nosso conceito sobre a educação, inclusive política, e passar a entender exatamente o que está acontecendo e buscar soluções. 

Não só apenas obras literárias e de grande valor testemunhal, como o Diário de Anne Frank e outras mais, temos um farto material produzido pelo próprio Nazismo, que possibilitou a criação de vários documentários retratando o horror que foi a 2a Guerra Mundial, em especial para o povo Judeu, alvo do extermínio de Adolf Hitler. 

Não pode haver dúvidas quanto ao nível de barbaridade cometida pelos adeptos do Nazismo. Este "filme" não pode se repetir. É uma vergonha eterna para toda raça humana.

Não vou negar. Sempre que quero assistir a um desses documentários ou filmes baseados no horror da Guerra, me emociono e choro diante da TV. 

É muito difícil entender o que leva um ser humano a odiar tanto o outro. Como conseguir encontrar algum tipo de explicação para que crianças tenham sido colocadas aos milhares, em vagões de trens, para que fossem mortas sufocadas com gás? Não preciso nem mencionar as outras atrocidades.

Não, eu não entendo. Não entendo...

O rapaz que falou tamanha bobagem, não é o único, não está só. Por isto, no lugar de "cancelá-lo" como é comum nos dias de hoje, convido a todos que estão lendo este texto a não permitir que a barbárie que levou a morte mais de 6 milhões de seres humanos, nunca seja esquecida para que nunca mais se repita e para isto, é preciso saber mais sobre ela.

Forte abraço!

Carlos Quartezani

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Democracia, sob a ótica de quem?

Muito se fala sobre a importância da democracia, o valor da liberdade de expressão e o direito de pensar livremente e agir conforme, sem as amarras da censura.

Mas, e quanto ao direito do outro de ter um outro olhar sobre como seria um mundo melhor? 

Se realmente somos defensores da democracia, precisamos considerar que o pensamento diferente do nosso, deve ser aceito naturalmente e se houver luta, que seja tão somente no campo das ideias, afinal, se o meu semelhante não torce para o meu time, isto é bom. Como haveria jogo se não houver um adversário do outro lado do campo? 

Veja bem, ad-ver-sá-rio e não i-ni-mi-go!

No entanto, na prática, o que vemos no cotidiano, principalmente no ambiente virtual, são saraivadas de ofensas vindas muitas vezes de gente que diz defender a democracia, num misto de péssimo português com uma capacidade insuperável de agredir ao outro, apenas porque não concorda com ele.

Aonde está escrito que a democracia pressupõe apenas o seu direito de pensar como queira e o outro não? Se eu não concordo com algo e sou um defensor da democracia, eu não deveria considerar que existe um pensamento diferente do meu e para tanto preciso lidar com isto?

A frase não é minha, mas é do filósofo iluminista francês Voltaire (1694-1778): "Não concordo com uma só palavra que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las".

Isto deveria por si só encerrar o assunto, mas com o passar do tempo e em especial nos dias de hoje, a máxima defendida há tanto tempo atrás, ainda se faz necessária continuar sendo lembrada em face da dificuldade das pessoas em não achar bonito o que não é espelho.

No caso específico da política, ambiente no qual o ódio é alimentado pelo simples fato de uns não concordarem com os outros e vice-versa, estaremos assistindo ao verdadeiro teatro dos horrores e o que se pode esperar para um futuro breve, quando o processo eleitoral ganhar as ruas, deverão ser cenas deprimentes de pessoas civilizadas se comportando como se não fossem - por conta de paixões que com toda certeza, está longe de ser o que resolverá o problema de ter ou não ter um país bem governado - e a verdadeira solução passando ao largo, sem que a cegueira imposta pela ignorância, nos permita ver.

Escrevo essas palavras no dia de hoje, e hoje é 03/02/2022, na esperança de que eu possa, mais a frente dizer: Eu estava errado e tudo o que eu previ, não aconteceu. 

Carlos Quartezani