terça-feira, 12 de novembro de 2024

O óbvio que precisa deixar de ser óbvio

Uma sociedade que é centrada no ter, que tem convicção de que a felicidade consiste no que o dinheiro pode comprar, nunca entenderá a razão de muitos infratores da Lei lhe tirarem a paz, com seus furtos, roubos, sequestros e outras violências.

Não pretendo, com essas palavras, diminuir a importância do dinheiro. Sei que o vil metal promove, em grande medida, os momentos felizes e em muitos casos, o alívio diante de uma dificuldade sanável.

Contudo, se este se tornar o seu deus, poderá ser invadido pelo sentimento que aniquila os mais nobres sentimentos e que nos torna motivo pelo qual, há que se duvidar se de fato, como está no livro dos cristãos, fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. 

Um escravo se caracteriza por seu alto grau de dependência em relação a outrem, sem qualquer direito humano que o alcance. Se considerarmos que para muitos a falta total ou o pouco dinheiro é a razão de sua infelicidade, teremos então instituida a escravidão dos tempos atuais, que não se resolve com nenhum tipo de abolição, a não ser a abolição da forma de se relacionar com o dinheiro ou a falta dele.

Certamente, se conseguirmos enxergar os nossos reais valores, que quase nunca tem a ver com a quantidade de dinheiro que possuímos, teremos alcançado realmente o verdadeiro significado da vida, de ser humano, que veio do pó e a esta condição retornará.

Vivemos tempos sombrios em que os males se multiplicam e até mesmo a simples atitude de fazer o bem, uma obrigação daquele que se considera "filho de Deus", virou um negócio lucrativo e que por meio dos recursos tecnológicos, tornam-se também mecanismos de ganhar mais dinheiro. 

Não sei você, que me concede a honra de ler o que escrevo, mas eu ando muito pensativo sobre o que fazer nesse caótico mundo em que vivemos. 

Carlos Quartezani