sexta-feira, 6 de junho de 2025

Revisão de conceitos

Estamos vivendo um tempo em que a nossa experiência de vida (digo nós que chegamos na idade do "enta"), se utilizada com sabedoria poderemos contribuir muito para essa, digamos, "desafiadora" geração e suas certezas sobre todas as coisas. 

Não tem lugar de fala para quem não quer dizer o que "todos querem ouvir". O que se diz e não é o que se quer ouvir, é motivo de cancelamento além dos impropérios comuns típicos de quem não tem argumento e se tem, não quer argumentar.

Precisamos mais do que nunca ser autênticos, abdicar de modismos e sermos quem somos. Do contrário, seremos engolidos por uma estupidez que não combatemos, por receio de sermos considerados "ultrapassados". 

Não, o bom gosto, a coerência e o amor nunca saem de moda e se abrirmos mão, principalmente por medo de não sermos aceitos, o caos já está estabelecido. 

Se estar na moda for, por exemplo, prender um humorista por suas piadas sem nenhuma graça, com o argumento de que o tal foi preconceituoso em sua manifestação artística (para quem não sabe, refiro-me ao humorista Léo Lins condenado a prisão por racismo e outros ismos), que país é este? Democrático não é, afinal o Estado que prende alguém por se manifestar artisticamente, não é o Democrático de Direito, mas a ditadura. 

Enfim, tá chato isso e muitas outras coisas que vem acontecendo e nós, ou aderimos por que não queremos ficar "fora de moda", ou fazemos cara de paisagem, como se este abismo não fosse nos sugar também. 

Pensem nisso e descubram como podemos, cada um de nós a seu modo, contribuir para não permitir que a ignorância saia vencedora, como quase sempre foi.

Deixe que a vaia puna o artista de mau gosto e se tem alguém que goste do "mau gosto", que seja livre pra se expressar. 

Carlos Quartezani

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Profissional reborn

Eu prometi a mim mesmo não focar no assunto do momento, aliás, são muitos assuntos pois estão se reproduzindo feito coelhos, mas refiro-me especificamente aos "bebês reborn", ou seja, bonecos tratados como humanos. 

Ao avaliar o absurdo do ponto de vista comportamental, que inclusive remete a algum tipo de transtorno mental, verifiquei que pode estar se espraiando para as profissões, cuja natureza é buscar soluções e não confundir ainda mais nosso pobre povo brasileiro. 

Ocorre que por meio de uma notícia de jornal, fiquei sabendo que foi levado ao Tribunal de Justiça do Trabalho uma demanda na qual uma funcionária de uma determinada empresa exigiu (e não conseguiu), uma licença maternidade para se dedicar ao seu "bebê reborn". Como eu disse antes, um boneco com características humanas, que ela tem como um filho. 

Veja, eu nem vou entrar muito nos detalhes porque não tenho dúvida tratar-se de um caso para a psiquiatria. Espero que alguém convença a moça a procurar ajuda, pois está precisando. Mas o que quero destacar é ela ter encontrado um profissional da Advocacia, para patrocinar esse descalabro. 

O referido caso, além de ser um claro sinal de que algo está muito fora da ordem na nossa sociedade, também chama atenção acerca dos limites que devem ter os representantes das mais diversas profissões, dentre as quais, destaco a Advocacia. 

É inconcebível que um profissional operadordo direito, ainda que tivesse muito dinheiro envolvido, possa levar um caso como este para o Estado brasileiro arbitrar, como sendo um "direito trabalhista" a ser pleiteado. Que mundo é este minha gente?!!

Chegou a hora de alguém estabelecer limites para o exercício de diversas profissões que têm, sobretudo, o papel de preservar uma certa ordem no convívio social. O papel de manter a ordem e o progresso é do Estado, mas inclui também o cidadão e as profissões que estes exercem.

Uma reflexão sobre os limites de um Advogado no exercício de sua função, em casos como este e em muitos outros casos, requer urgência e não tem nenhuma relação com liberdade do exercício da profissão, mas etica!

Se houver alguma vontade de que esta valorosa profissão volte a ter o respeito que tinha na sociedade (acho que as críticas são muito claras), começa pelo gesto de repudiar tais ações. O absurdo dos absurdos não pode prosperar.

O Estado brasileiro não pode estar se ocupando com demandas que não tem cabimento mínimo, como é o caso dos "bonecos" cujos proprietários querem direitos como se fossem humanos. Além do problema envolvendo a sanidade mental temos um claro problema de ética profissional, que ao meu ver, é pouquíssimo explorado nas faculdades de direito Brasil afora. 

Carlos Quartezani

domingo, 25 de maio de 2025

A ignorância mata

O nosso país não avança por causa da cultura do "quanto pior, melhor". A oposição, seja quem for que esteja no poder, torce para tudo dar errado com a mesma força que torce para o time do coração. Uma estupidez que não tem tamanho.

No nosso Estado, por exemplo, como não reconhecer a capacidade de políticos como Paulo Hartung e Renato Casagrande? Alguém chega tão longe na política, do nada? No entanto, para muitos onde cabe um, o outro não cabe; o que um apoia, o outro rejeita; nunca se escuta "o que foi dito", mas "quem disse" e por aí vai nossa trajetória rumo ao abismo...

Reconhecer o valor do outro, é algo bem desafiante na nossa cultura. Seja na política, na arte ou em qualquer outra área. Antes era explicado por meio do "complexo de vira-latas", hoje ganhou o ingrediente da mediocridade política. 

O sucesso do ator Wagner Moura, o baiano que vem brilhando no cinema internacional já há algum tempo e que inclusive ganhou o Cannes desse ano como melhor ator, é insultado de todas as formas nas redes sociais por conta de seu ativismo político. É muita ignorância mesmo...

Não é atoa que nunca conseguimos um Nobel de Literatura, orgulho que tem os colombianos, chilenos, argentinos e algum outro país sul-americano que não me recordo agora... como já disse alguém, o brasileiro tem pós graduação em assassinar seus heróis. 

Carlos Quartezani

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Ouro de tolos

O suposto envolvimento do atleta do Flamengo, Bruno Henrique, indiciado pela Polícia Federal por que teria forjado situação para receber um cartão amarelo, em partida realizada pelo Campeonato Brasileiro em 2023 e assim, manipular jogos de apostas on line, escancara um câncer moral que não pára de crescer, que em metástase, atinge todo o tecido social dos tempos modernos. 

Qual a necessidade tem um jovem rico, que joga no futebol profissional num dos maiores Clubes da América Latina, em participar de algo que pode, caso seja comprovado o ilícito, levá-lo a uma punição severa e certa, já que a didática do ato de punir é justamente para que não se cometa o erro de novo, por ele ou por outros?

A investigação aponta que o jogador teria sinalizado a uns familiares que receberia o cartão amarelo e respectiva expulsão, na partida contra o Santos, clube paulista, atitude que desencadearia premiações aos apostadores que assim se posicionassem no jogo de apostas. 

Os valores, segundo as informações obtidas na imprensa esportiva, eram irrelevantes se comparado ao salário que o atleta recebe no Flamengo. Uma forte razão para que os debates acerca da ética, neste e em muitos outros casos que nos assombram especialmente nos dias de hoje, sejam seriamente travados e com urgência inegável. 

Existe um limite para o hábito de querer levar vantagem financeira em tudo, mesmo em situações inegavelmente desnecessárias?

É preciso destacar, claro, que ser indiciado pela Polícia, seja Federal ou não, não é sinônimo de ser culpado. O direito de se defender, um princípio constitucional, vale para qualquer cidadão brasileiro. No entanto, o que pretendo abordar aqui e o caso se revela emblemático, é a importância da sociedade como um todo atentar para esses casos que tornaram-se recorrentes, num tempo em que o "ter" virou regra absoluta e o "ser" apenas uma ladainha de quem parece viver no reino de Nárnia ou na Terra do Nunca, dos clássicos filmes infantis.

Algo precisa ser feito para que a geração atual e futuras, compreendam que ser ético é um fundamento elementar para uma vida social plena. Do contrário, o fundo do poço é logo ali.

Carlos Quartezani

terça-feira, 15 de abril de 2025

Tá difícil demais

Não sei quanto a vocês mas eu estou desanimado com a forma que os representantes dos Poderes do momento, estão confundindo GOVERNAR com tentativa de convencer que estão governando. É patético!

A sensação que tenho é que estamos vivendo uma era em que não importa se tem governo ou não, mas se os posts nas redes sociais estão tendo "curtidas" e "compartilhamentos" ou não. Não é por aí não, Vossas Excelências! É preciso descer do palanque. 

Não imaginava que o futuro que nos aguardava, na política, seria algo pior do que tínhamos há 20, 30 anos. Não importa para onde eu olhe, não vejo mudanças consistentes mas apenas "influencer's" com mandatos, tentando mostrar o caminho que não leva a lugar algum... complicado, muito complicado. 

A política é para quem tem coragem e não para pessoas que por conta do que captaram com o auxílio do algoritmo, diz ou faz aquilo que vai agradar a pseudo-maioria. Não se fie na Inteligência Artificial. Ela é Artificial!!!

Querem um conselho? Não??? Mas eu vou dar assim mesmo: Façam como a Rede Globo de Televisão com suas novelas "remake" e vasculhe o passado para ter o que oferecer de bom. Na natureza, e na vida, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, mas sem uma alma, como um ser humano pode transformar alguma coisa? 

Como dizia Cazuza e neste sentido ele errou - pelo menos na política - eu não vejo o futuro repetir o passado mas um presente que só se recorrer ao passado, para se ter consistência e resultado. 

Não pensei que pudesse tudo ser tão pior do que já foi um dia. Francamente, que realidade cruel e desanimadora. Deus, tenha misericórdia de nós!

Carlos Quartezani

domingo, 30 de março de 2025

A arte a serviço da vida

A relação do ser humano com a arte é sem dúvida nenhuma algo que o Estado, sobretudo o Democrático de Direito, deve considerar como algo fundamental. Ninguém aprende tanto e portanto tornando o mundo melhor, se não por meio da arte ou com o valioso apoio dela.

Recentemente fui impactado por uma produção cinematográfica, inclusive adoro a arte do cinema, em formato streaming, contando uma história de um adolescente de 13 anos que assassinou uma colega de escola a facadas. A minissérie é intitulada "Adolescentes".

A chocante história se passa na Inglaterra, o que aumenta minha perplexidade já que o país é de primeiro mundo e ocorrências como a que foi retratada no filme, está em geral associada a ambientes onde as pessoas são marginalizadas, passam por privações inclusive financeira e tudo isto acaba refletindo no caráter e na percepção de mundo das crianças e adolescentes, principalmente. 

Mas não meus caros amigos, o filme cuja tragédia realmente choca a ponto de todos os envolvidos se sentirem, em parte, culpados pelo crime cometido pelo garoto inglês (aliás, quem atua nesta personagem é um excelente ator mirim) sacudiu a mente de muita gente mundo a fora, por tratar-se de um problema muito grave e que poucos sabem que sequer existiam. 

Sim, diferente da geração Z, não nascemos com um celular nas mãos e tem coisas que demoram mais para que a percebamos ou que a encaremos como natural. O mal será sempre o mal, mas é muito pior quando não o identificamos ou demoramos a identificá-lo.

Por trás de um inocente jogo virtual ou diálogos codificados nas redes sociais, um e-mogi, essas carinhas e outros recursos disponíveis no mundo virtual, pode significar mais que um mero símbolo de conversas inocentes no celular. O mal pode estar se valendo de algo que ignoramos ou não damos a devida importância, por acharmos que educar e cuidar é apenas no sentido de matricular na escola ou levar ao médico quando está doente. É muito mais que isto, pode ter certeza!

Tem outros aspectos a serem observados no filme e certamente não pretendo abordá-los todos aqui, mas acredito que se fizer um esforço para compreender a finalidade de quem criou a história, poderá sim evitar muitas coisas desagradáveis ou até mesmo, como no filme, trágicas.

Carlos Quartezani

domingo, 16 de março de 2025

40 anos de democracia

No dia de ontem, 15 de março, o Brasil lembrou a data em que a redemocratização foi instalada no país. Após 21 anos, voltamos a ser um país livre. No entanto, quero aqui tecer alguns comentários a este respeito. 

Por mais que eu seja otimista, não posso deixar de considerar que o caminho que tomou os democratas, não foi o melhor. O que se viu, ao meu ver, foi um incentivo velado ao analfabetismo político, como forma de se manterem no poder. Os princípios que nortearam a vida de políticos como o Dr Ulysses Guimarães, não viralizou e o que tivemos foi algo bem ao contrário dele.

E o pior resultado chegou com a ascensão da extrema direita que percebeu que para garantir seu intento, teria que usar esse analfabetismo político, fomentado pelos democratas. Muitos não fazem a menor ideia do que era o país antes da redemocratização e defendem gestos que nunca deveriam ser apoiados.

Para exemplificar o que digo acerca do analfabetismo político, particularmente perdi a conta das vezes em que me senti totalmente sozinho, ao tentar falar de política com alguém, sem o viés da vantagem para quem me ouvia. É duro, por exemplo, entrar na casa de uma família para pedir o voto tendo como argumento apenas as palavras. Você sai da casa, outro entra e ao garantir uma benesse, nem se lembram mais quem é a pessoa que esteve lá antes. 

É isso mesmo, os 40 anos da democracia não tem muito o que comemorar, mas ainda continuo acreditando que com a formação política no contexto, teremos melhores resultados no futuro. Assim, espero!

Carlos Quartezani