Eu não saberia dizer em que momento nos perdemos, mas é certo que nos perdemos e o pior é que não temos noção do quanto nos perdemos e muito menos aonde está a saída.
Estou me referindo à tal competitividade que tem nos tragado diurtunamente para o abismo e digo sempre "abismo" porque nenhuma outra palavra melhor me ocorre, para esse mundo que vivemos hoje.
Tudo é disputa. Quando vence, é um herói; quando perde, é um inútil. E assim caminha a humanidade, ou pelo menos a humanidade brasileira.
O fenômeno está em todas as áreas da vida e citá-las necessitaria algumas páginas e como a minha proposta aqui é ser sucinto, vou me ater ao esporte, mas destacando que vale para "todas as áreas da vida".
Aqui vai alguns exemplos: Quando o time do coração vence uma partida de futebol, a euforia é de como se fosse a final do campeonato; quando perde, o time cai no limbo. Se o mesa-tenista Hugo Calderano vence uma partida histórica, é ovacionado; quando perde a final para o melhor do mundo, não vale quase nada. Se João Fonseca sobe várias posições no ranking mundial de Tênis, não tem valor algum pois foi desclassificado na terceira rodada de Rolland Garros, na França.
Enfim, para os brasileiros de hoje só resta a glória ou o limbo e o pior é que não é só nos esportes, é em quase tudo!
Não digo que estou pregando aqui um culto à derrota. Não, não se trata disso. Mas é sobre como tentar valorizar as pessoas e o seu talento, tendo chegado tão longe sobretudo num mundo onde a competitividade ganhou contornos tão desumanos.
É vencer ou vencer. O que passar disso, é o fim da pessoa e toda a sua dedicação para chegar tão perto do objetivo. Definitivamente, não está certo.
Escolhi os esportes para abordar o assunto, porque é onde percebo a maior incidência desse fenômeno. Nada que não for a vitória, interessa. E com o auxílio das redes sociais, ficou muito mais fácil destilar ódio àqueles que não venceram e portanto não merecem nenhum respeito ou um amor incondicional e absurdo, àqueles que venceram mesmo que por meios pouco ou nada nobres.
Não tenho formação específica em sociologia, psicologia ou outra ciência que estude o indivíduo ou a sociedade, mas me atrevo a escrever com base no que observo. E o que observo está muito mais para um mundo próximo de uma virada, dessas narradas pela Bíblia como o grande Dilúvio anunciado por Noé.
Carlos Quartezani
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