Quando insistimos com a tese de que é preciso fortalecer a cidadania, preparando as pessoas para participar dos debates e construir soluções que venham de encontro às necessidades que atendam, no mínimo, a maioria dos diversos segmentos da sociedade, refiro-me a problemas como este que motivaram o presente texto.
O programa do governo do Estado, iniciado há alguns anos, denominado “Espírito Santo Sem Lixão”, ainda não chegou por aqui. A Prefeitura Municipal de Conceição da Barra, já foi multada pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente, o IEMA, por não dar um destino correto aos resíduos sólidos, no entanto, seu único recurso foi contestar a multa e continuar despejando esses resíduos no mesmo lugar, haja visto, não ter outra alternativa.
Este problema não é apenas do Prefeito Municipal e dos Vereadores, é de todos nós. Contudo, reitero que enquanto não houver uma postura por parte deste governo municipal em estimular a participação da sociedade na busca por soluções, não apenas no que diz respeito ao problema em questão, mas, a todos os outros dilemas que vivemos, estaremos apenas assistindo à nossa própria involução.
Quando cito a importância da educação, não me refiro apenas a uma sala de aula, um professor e um quadro negro com giz à disposição, mas uma questão de ensinar a população a ter um novo estilo de vida. É preciso implementar na nossa sociedade a cultura da participação, de trazer o problema para si e não transferi-lo, sobretudo, ao escolhermos quem nos governará, como se estivéssemos sempre à espera de um “salvador da pátria”. Ao escolher nossos governantes, na verdade estamos apenas dando um passo, um importante passo, mas apenas um passo. Os demais passos, dependem inclusive da postura daqueles que escolhemos para nos governar. Sozinho, ninguém governa nem sua própria casa, muito menos uma cidade inteira.
Se fôssemos estimulados a participar das decisões governamentais, através do fortalecimento dos partidos, associações, sindicatos, conselhos municipais, etc... problemas como este já teriam alguma prioridade por parte das demais esferas governamentais e um exemplo claro para nós de Conceição da Barra, foi a obra da orla, cujo montante investido aproximou-se de R$60milhões numa cidade que tem apenas 28.500 habitantes, conforme o último censo IBGE, e foi o resultado de uma constante luta da sociedade como um todo e não apenas do governo que escolhemos pelo voto.
Quanto ao destino dos resíduos sólidos de Conceição da Barra, precisamos nos mover e reativar o Conselho Municipal de Meio Ambiente para que juntos possamos colaborar com o governo municipal na solução desse problema que, se hoje já parece grave, imaginem daqui há 10, 20 anos quando o nosso solo estiver repleto de pneus, entre outros materiais, que poderiam e deveriam ter sido reciclados em usinas de lixo. Porém, para o Conselho que me referi ser reativado, é preciso vontade política e não sei se o governo atual teria como meta esse tipo de ação, uma vez que suas ações estão sempre voltadas para decisões sempre monolaterais, e a participação da sociedade nessas decisões não parece ser bem-vinda. Espero que isto mude, embora, já esteja ficando tarde demais.