Sempre
fomos um povo de conduta pacífica no que diz respeito às relações com o poder
público. Talvez por termos sido “doutrinados” por figuras políticas marcantes
no período da ditadura militar, e posso citar aqui Gentil Lopes da Cunha e
Humberto de Oliveira Serra, por isto nos acostumamos a aceitar as coisas como
elas são para ver como é que ficam.
Neste
período, muita coisa deu certo, é claro, mas não na opinião unânime. A
sociedade que estava sendo governada em boa parte da América Latina por
políticos com essa característica, em sua maioria acreditava que aquele era o
melhor regime de governo. Até acredito que essa opinião era da maioria, caso
contrário, os militares não teriam governado o País por 20 anos. No entanto, não
por muito tempo. A voz da rua ecoou através de políticos corajosos e
convencidos de que com o restabelecimento da democracia, o País melhoraria de
fato e não apenas aparentemente.
Voltando à
nossa Conceição da Barra e a índole pacífica que marca o nosso povo,
continuamos assim, pacífico, mesmo após as mudanças ocorridas após a
reinstalação do governo democrático, pós-ditadura. Salvo uma ou duas manifestações
fruto de equívocos administrativos praticados no governo de Mateus Vasconcelos
e Nélio Ribeiro Nogueira, o barrense continuou firme em sua conduta, cuja
exceção (legítima e inquestionável) se deu quando o povo numa atitude inédita e
até hoje inesquecível, se organizou e seguiu para a BR 101, queimando pneus e
exigindo que o Estado tomasse providências com relação ao avanço do mar na
cidade. Atitude que deu resultado e hoje, a orla é modelo em todo o Estado.
Contudo, esse
tipo de conduta é singular em Conceição da Barra. Preferimos sempre resolver as
coisas pacificamente, pelo diálogo e tentar fazer com que os nossos interesses
estejam em convergência com o interesse público. Mas é preciso que esta conduta
tenha reciprocidade por parte do governo. Se de um lado temos um povo pacífico
e que infelizmente só “grita” quando o mal já se alastrou, precisamos contar
com os responsáveis pelo governo da cidade, que ouçam o clamor dessas pessoas e
tente colocar os interesses do governo e das pessoas num nível equilibrado e
não pensando exclusivamente em sua metodologia de governo, chova ou faça sol.
Isto é
democracia! É tentar aproximar ao máximo as decisões de governo aos anseios do
povo. Se os professores de Conceição da Barra resolveram em assembleia estabelecer
um “estado de greve”, respeitando inclusive princípios constitucionais, é sinal
que a situação é alarmante. Imagino o esforço que fizeram esses profissionais ao
deixarem “suas crianças” meio período sem aulas, para através do expediente da “pressão”,
nada usual por eles, tentarem melhorar a qualidade do ensino e da sua vida nesta
cidade, bem como, de sua família.
Se temos
índole pacífica, devemos ser respeitados sobretudo por este motivo. Somos
civilizados e quando um povo com essa característica se levanta, é preciso que
o governo refaça seus conceitos e não baseie sua conduta apenas levando em
consideração o resultado da última eleição pois, como uma nuvem, ela muda de
lugar sem que percebamos.
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