quinta-feira, 20 de agosto de 2015

De neutrox a demissões na Disa

No que depender de apoio político local o prefeito de Conceição da Barra está "mais ou menos enrolado", só para usar uma expressão bem popular. A sessão itinerante realizada hoje, dia 20 de Agosto de 2015, no bairro Santo Amaro, na Escola Astrogildo Carneiro Setúbal, revelou o quão complicada é a situação do prefeito que tem 6 Vereadores (portanto a maioria dos 11) contrários à sua maneira de gerir o município.

A "pancadaria" foi iniciada com a Vereadora Istelina Fundão que discorreu sobre uma série de falhas no sistema de saúde, classificando-as de "desmandos na Saúde" e finalizou distribuindo uma "cartinha" escrita pelo prefeito em 2008, então sócio majoritário da empresa Disa, na qual anunciava a toda população o alvissareiro negócio que fizera vendendo-a para o grupo Infinyt Bionergy e que traria benefícios para toda a cidade e região. "O resultado, bem, o resultado pode se verificar hoje com a falência da Disa e a demissão de mais de mil funcionários", disse a Vereadora.

O Vereador Hermes, sempre pouco falante mas muito perspicaz em suas observações, também usou a tribuna da Casa e fez suas considerações em relação à gestão e o quanto o povo está sofrendo com o atual modelo. Autor do pedido para que a sessão itinerante fosse realizada no Bairro Santo Amaro, Hermes também protocolou indicações para a construção de um Posto de Saúde no Bairro (demanda legítima pois é um dos maiores bairros do município) e para que a empresa Viação Mar Aberto volte a circular no bairro.

Mas o que chamou a atenção de todos os presentes mesmo foi as revelações trazidas pelo Vereador Carlos Rosário, concernentes às licitações promovidas pela Prefeitura Municipal, especificamente a Secretaria de Ação Social. Segundo o Vereador, vários itens foram comprados pela municipalidade e cuja utilidade é de total desconhecimento por parte dele ou de qualquer outro cidadão que tome conhecimento do mesmo. A compra de facas, colheres, shampoo neutrox, carrinhos de bebê e outros, perfazendo valores estratosféricos (conforme disse o parlamentar) estão longe da realidade municipal. 

"Ser Vereador não é difícil não. Nosso papel é legislar e fiscalizar sem medo e é isto o que estamos fazemos quando trazemos esse tipo de informação para vocês", disse Carlos Rosário.

Carlos Rosário exibiu para quem quisesse ver as listas de compras disponibilizadas no site da Prefeitura e os valores envolvendo tais compras. "Até caixa de fósforos! Foram gastos mil e duzentos reais com fósforos", vociferou o parlamentar.

A Vereadora Nêga também não deixou por menos e fez uso da tribuna denunciando entre outras coisas, o que chamou de "absurdo" que é o funcionamento da máquina de raio X do hospital, apenas de segunda a quinta-feira. "Se você quebrar algum osso entre sexta e domingo, você estará em sérios apuros", alertou Nêga criticando entre outras coisas, a "luta" para o resgate do corpo da jovem que morreu afogada na praia, lembrando a todos que "se fosse filha de um rico, até helicóptero teria sido dispensado para o resgate".

A derrota política do prefeito foi sacramentada quando os parlamentares apreciaram um Projeto de Lei enviado pelo Executivo, no qual solicitava a criação de um cargo (Gerente de Projetos) cujos soldos somam R$5.900,00. Apesar do parecer favorável da Comissão Permanente presidida pelo Vereador Rogério Rufino (ausente na sessão) e apresentada pela Vereadora Mirtes, relatora da respectiva Comissão, os 6 parlamentares rejeitaram o projeto e ao se justificarem, explicaram que "a Prefeitura já tem profissionais para este fim e que se o funcionalismo já vem sendo massacrado por contenção de despesas, não justifica criar mais uma despesa", argumento que foi complementado com a colocação do Vereador Carlos Rosário que disse tratar-se provavelmente de "um cargo para empregar um aliado do prefeito demitido da Disa".

Por fim, os edis aprovaram dois requerimentos apresentados pelo ausente Vereador Rogério Rufino, tratando da votação das contas dos ex-prefeitos e do atual, cujos pareceres do TCES se encontram na Casa, bem como, a convocação do Gerente de Defesa Civil do município, Jalmas Greis, para que venha à Câmara explicar o motivo pelo qual as câmeras de video-monitoramento não funcionam em Conceição da Barra, entre outros fatos relacionados à segurança pública.

O Presidente da Câmara, Anderson Kleber da Silva, o Klebinho, pediu para que este que vos escreve informasse aos leitores que vai dar atendimento todas as segundas e sextas-feiras no seu distrito, o Braço do Rio, e aproveitou para explicar que a devolução do veículo da Câmara para a Prefeitura (comprado em 2007 e que só estava gerando gastos para o Poder Legislativo), é um procedimento normal, uma vez que todos os bens públicos são de posse da Prefeitura, portanto, não sendo possível negociá-lo é mais prudente devolvê-lo e se for o caso, alugar um veículo para uso da Câmara de Vereadores.

A recusa em manter uma relação republicana com o Poder Legislativo está trazendo muitas dificuldades para o prefeito municipal. O não atendimento das solicitações e até mesmo as ligações telefônicas dos Vereadores feitas a alguns Secretários, tem sido uma das principais queixas, motivando, em parte, a indignação dos parlamentares que precisam dar retorno ao seu eleitorado sobre obras e outros serviços públicos os quais têm direito.

O fato é que a comunidade do bairro Santo Amaro teve uma noite diferente e viu ou simplesmente ouviu, como funciona o Poder Legislativo, e o quanto o prefeito municipal carece de aproximação, bem como, orientar seu staff a dar as devidas explicações para os vários temas ali tratados e que deixaram todos, todos os presentes, boquiabertos.


domingo, 2 de agosto de 2015

Cacau Monjardim e o Sal-gema na Barra

Poucas coisas me incomodam tanto, quanto o fato de as pessoas brigarem por coisas que não fazem o menor sentido. Na política, que para mim significa muito mais que troca de favores, promessas e tapinha nas costas, está a solução para os verdadeiros problemas que temos em Conceição da Barra, no Brasil e no Mundo. No entanto, poucos parecem se importar com ela, preferindo, quase sempre, apequená-la e discutirem temas que não tem e nunca terão a menor relevância e resultados, sobretudo, para a coletividade.

Há vários anos venho acompanhando a defesa que faz o jornalista Cacau Monjardim, diretor da Fundação Jônice Tristão e criador do slogan "moqueca é capixaba, o resto é peixada", no que diz respeito a mega jazida de sal-gema existente em Conceição da Barra e que por questões políticas (pequenas), nunca saiu do papel. Cacau, embora não seja barrense, mas é um capixaba apaixonado, defende o tema desde sempre, destacando o fato de ser uma riqueza inexplorada e que significaria a geração de cerca de 15 mil empregos aqui e na região. 

O entrave é por conta do estado do Rio Grande do Norte, produtor do mineral no nordeste brasileiro, que alega que uma possível exploração do sal-gema no Espírito Santo, representaria perdas incalculáveis para o povo potiguar, uma vez que diminuiria seu volume de vendas com a nova oferta do mineral no sudeste brasileiro. O Rio Grande do Norte alega que o sudeste é rico e não precisa, porém, esquece-se que o ES não é o Rio de Janeiro ou São Paulo, os verdadeiros "ricos" do sudeste. Mesmo com a proposta de o sal-gema barrense suprir a demanda de países como o Chile, por exemplo, reduzindo assim as possíveis perdas do RN, não houve acordo e o Governo Federal, sob a batuta de Lula e de sua Ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff (à época), atenderam o clamor da então Governadora do RN, Wilma de Faria e suspendeu a licitação que a Petrobrás já havia iniciado, em Conceição da Barra, em meados de 2002.

O nobre jornalista Cacau Monjardim que ao longo de alguns anos, insistentemente, encaminhou ofícios para diversas autoridades, tais como o então Governador do Estado, Paulo Hartung; o Senador Renato Casagrande, o Governador em Exercício, Ricardo Ferraço, o Presidente da FINDES, Lucas Isoton, o Presidente da Câmara de Conceição da Barra, Angelo César Figueiredo e a então secretária municipal de Educação, Adélia Marchiori, entre outras autoridades, tratava do tema como quem acredita que a não exploração do sal-gema na Barra é sobretudo, um absurdo e que em linhas gerais é fruto de uma inabilidade política. As autoridades parecem não entender que o argumento utilizado pelo estado do RN é inconcebível, pois não se pode pagar mais caro por algo, que se pode ter muito mais barato com outro fornecedor.

Cerca de 70% de toda a sal-gema brasileira encontra-se dormindo em berço esplêndido no município de Conceição da Barra, norte do Espírito Santo. Algo em torno de 12,2 bilhões de toneladas, conforme apurou o jornal A Tribuna em matéria veiculada no dia 10/12/2011. Aproximadamente 50 anos de exploração. O mineral de grande utilidade nos setores têxtil, papel e celulose, plástico, na culinária e etc...  significaria uma grande conquista econômica para a Barra e o Espírito Santo, mas enquanto a nossa classe política insistir em discutir o sexo dos anjos e permitir que o argumento de que a exploração, prejudicaria o RN, corremos o risco de nos tornar piada ao optar por não explorar algo que geraria empregos, riqueza e baixo custo para a indústria brasileira.

Tenho todos os artigos escritos por Cacau e outras personalidades capixabas, dentre os quais o Mestre em Economia da UVV, Luis C. Frechiani, tratando do tema e defendendo a exploração do sal-gema na Barra. Quem tiver interesse, pode me procurar que os mostrarei e aí então poderemos retomar essa luta que é principalmente de Conceição da Barra e o seu povo que sofre pela falta de empregos e renda, há muito tempo.