Na madrugada de sexta feira para sábado, do dia 16 de outubro de 2021, no distrito de Braço do Rio em Conceição da Barra-ES, um crime bárbaro chocou a cidade e também a todo o Estado do Espírito Santo, que viram a trágica notícia pela TV e os outros meios de comunicação.
Duas crianças, de 8 e 10 anos, foram assassinadas na sala de sua casa, enquanto dormiam e os acusados da barbaridade, que foram localizados e presos no mesmo dia, segundo as informações prestadas pelas autoridades policiais, têm entre 15 e 18 anos idade.
O acusado maior de idade, ainda não havia sido preso enquanto escrevo essas linhas, mas acredito que isto deve acontecer nas próximas horas. A polícia, do ponto de vista da investigação e identificação dos autores, trabalhou exemplarmente.
Mas, vamos ao meu objetivo principal da presente proposta de reflexão.
A crueldade que está presente numa ação como esta sequer pode ser objeto de avaliação. Independente da idade dos autores, absolutamente nada justifica tamanha maldade ao praticar um crime como este.
As crianças, efetivamente, além de serem inocentes, em todos os sentidos que a palavra remete, não são capazes de se defender, muito menos diante de uma arma de fogo. A pena máxima, é o mínimo que se pode exigir.
No entanto, tentando pensar sob um ponto de vista mais, digamos, sociólogo, o que pode motivar seres humanos ainda tão jovens a terem um comportamento que revela tanto desprezo pela vida, deles próprios e do semelhante?
O que nós enquanto sociedade estamos fazendo ou deixando de fazer para que atos como este ainda façam parte da nossa já difícil realidade?
Não tenho dúvidas de que a punição exemplar para casos como este é a maneira objetivamente justa de reagir, mas se não atentarmos para os sintomas que evidenciam esse tipo de doença na sociedade, estaremos tão somente remediando e a "doença" continuará matando e sem escolher classe social, gênero, credo, etnia, etc...
Não fechemos os olhos para a necessidade da construção de políticas públicas voltadas para a garantia da dignidade das pessoas, que as oportunizem, principalmente os mais pobres a enxergarem um futuro, do contrário, continuaremos apenas elegendo e reelegendo pessoas apenas para ocuparem o espaço público e não objetivamente, buscarem soluções para os problemas gravíssimos de caráter coletivo.
A Política, que muitos não entendem a sua importância e muitas vezes a desprezam, serve para que os que são escolhidos para nos representar, utilizem o poder a eles investido e exijam que os recursos públicos sejam direcionados para o aprimoramento dos indivíduos que são o que realmente importa na vida em sociedade.
Carlos Quartezani
Jornalista