O título dessa crônica é como se inicia a canção "Love in the afternoon" da banda Legião Urbana, cujo líder, Renato Russo, nos deixava aos 36 anos de idade, num dia como hoje, há 25 anos.
Jovem, exatamente como ele cantava, certamente não sabia se tratar de uma letra que homenageava a si mesmo. Mas, o destino assim estabeleceu e cedo demais, partiu deixando uma "legião" (com trocadilho, por favor) de fãs que se renovam, pois eu mesmo já tive o privilégio de cantar as mesmas canções junto com pessoas que tem menos da metade da minha idade.
Estamos vivendo "tempos estranhos" em que o brasileiro, mal orientado, perdeu a noção da importância da arte e seus referenciais. Tudo bem que houveram excessos e que por conta disso, perdeu-se a essência do que significa ter um ídolo, seja na música, no esporte, na dança, no teatro... Tudo isto muito útil, inclusive, para que as manifestações políticas tivessem um caráter mais ideológico e não uma "briga com foices" como que se observa hoje.
Quando Renato Russo compôs "Índios", por exemplo, não precisou explicar o que ele dizia em sua marcante composição, a mensagem chegava até nós e como uma "tribo" que fazia guerra sem o uso de armas (de nenhuma espécie), atravessamos a difícil década de 80, do ponto de vista econômico e social, mas triunfamos na década seguinte, conquistando um país melhor com uma Constituição singular e uma moeda forte que abriu caminhos para outras conquistas.
Cantamos "Que país é este?" indignados mas com a certeza de que o país que nos antecedeu, certamente era bem mais difícil de viver. Entoar uma canção como aquela, não era possível sem ser brutalmente repreendido pelo sistema autoritário e insano instalado no Brasil nas décadas anteriores.
Sim, é preciso homenagear Renato Russo, que nesta mesma data, como eu já disse, em 1996, nos deixava definitivamente mas a sua obra, sua inteligência, sensibilidade e amor à arte, nos inspirou a todos a jamais desistir de nosso país e de celebrar sempre, a cada passo dado, buscando sempre ser melhores do que éramos e se for preciso, voltar atrás e fazer de novo, de um jeito de diferente, afinal, temos que seguir "sempre em frente, não temos a perder".
Carlos Quartezani
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