segunda-feira, 9 de junho de 2025

Competir não, vencer!

Eu não saberia dizer em que momento nos perdemos, mas é certo que nos perdemos e o pior é que não temos noção do quanto nos perdemos e muito menos aonde está a saída. 

Estou me referindo à tal competitividade que tem nos tragado diurtunamente para o abismo e digo sempre "abismo" porque nenhuma outra palavra melhor me ocorre, para esse mundo que vivemos hoje. 

Tudo é disputa. Quando vence, é um herói; quando perde, é um inútil. E assim caminha a humanidade, ou pelo menos a humanidade brasileira. 

O fenômeno está em todas as áreas da vida e citá-las necessitaria algumas páginas e como a minha proposta aqui é ser sucinto, vou me ater ao esporte, mas destacando que vale para "todas as áreas da vida".

Aqui vai alguns exemplos: Quando o time do coração vence uma partida de futebol, a euforia é de como se fosse a final do campeonato; quando perde, o time cai no limbo. Se o mesa-tenista Hugo Calderano vence uma partida histórica, é ovacionado; quando perde a final para o melhor do mundo, não vale quase nada. Se João Fonseca sobe várias posições no ranking mundial de Tênis, não tem valor algum pois foi desclassificado na terceira rodada de Rolland Garros, na França. 

Enfim, para os brasileiros de hoje só resta a glória ou o limbo e o pior é que não é só nos esportes, é em quase tudo!

Não digo que estou pregando aqui um culto à derrota. Não, não se trata disso. Mas é sobre como tentar valorizar as pessoas e o seu talento, tendo chegado tão longe sobretudo num mundo onde a competitividade ganhou contornos tão desumanos. 

É vencer ou vencer. O que passar disso, é o fim da pessoa e toda a sua dedicação para chegar tão perto do objetivo. Definitivamente, não está certo. 

Escolhi os esportes para abordar o assunto, porque é onde percebo a maior incidência desse fenômeno. Nada que não for a vitória, interessa. E com o auxílio das redes sociais, ficou muito mais fácil destilar ódio àqueles que não venceram e portanto não merecem nenhum respeito ou um amor incondicional e absurdo, àqueles que venceram mesmo que por meios pouco ou nada nobres. 

Não tenho formação específica em sociologia, psicologia ou outra ciência que estude o indivíduo ou a sociedade, mas me atrevo a escrever com base no que observo. E o que observo está muito mais para um mundo próximo de uma virada, dessas narradas pela Bíblia como o grande Dilúvio anunciado por Noé.

Carlos Quartezani

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Revisão de conceitos

Estamos vivendo um tempo em que a nossa experiência de vida (digo nós que chegamos na idade do "enta"), se utilizada com sabedoria poderemos contribuir muito para essa, digamos, "desafiadora" geração e suas certezas sobre todas as coisas. 

Não tem lugar de fala para quem não quer dizer o que "todos querem ouvir". O que se diz e não é o que se quer ouvir, é motivo de cancelamento além dos impropérios comuns típicos de quem não tem argumento e se tem, não quer argumentar.

Precisamos mais do que nunca ser autênticos, abdicar de modismos e sermos quem somos. Do contrário, seremos engolidos por uma estupidez que não combatemos, por receio de sermos considerados "ultrapassados". 

Não, o bom gosto, a coerência e o amor nunca saem de moda e se abrirmos mão, principalmente por medo de não sermos aceitos, o caos já está estabelecido. 

Se estar na moda for, por exemplo, prender um humorista por suas piadas sem nenhuma graça, com o argumento de que o tal foi preconceituoso em sua manifestação artística (para quem não sabe, refiro-me ao humorista Léo Lins condenado a prisão por racismo e outros ismos), que país é este? Democrático não é, afinal o Estado que prende alguém por se manifestar artisticamente, não é o Democrático de Direito, mas a ditadura. 

Enfim, tá chato isso e muitas outras coisas que vem acontecendo e nós, ou aderimos por que não queremos ficar "fora de moda", ou fazemos cara de paisagem, como se este abismo não fosse nos sugar também. 

Pensem nisso e descubram como podemos, cada um de nós a seu modo, contribuir para não permitir que a ignorância saia vencedora, como quase sempre foi.

Deixe que a vaia puna o artista de mau gosto e se tem alguém que goste do "mau gosto", que seja livre pra se expressar. 

Carlos Quartezani