segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Um exemplo a ser seguido

Outro dia, num desses encontros políticos que 85% da população desconhece, ou, o que é pior, se nega a conhecer, tive o privilégio de assistir a uma palestra proferida pelo ex-prefeito de uma minúscula cidade localizada no interior do estado do Rio Grande do Sul. O palestrante, um mestre na arte de se comunicar, nos deixou tão a vontade que mesmo tendo o seu discurso se prolongado por quase duas horas, tive a impressão que passara não mais que vinte minutos. Nem a alta temperatura do ambiente, ocasionada pelo grande número de participantes, desmotivou a platéia a continuar ouvindo atentamente o experiente e sábio político.

O assunto em pauta era o associativismo e o cooperativismo, elementos que na visão do palestrante são fundamentais para a solução da grande maioria dos problemas econômicos, sobretudo dos pequenos municípios. Ele afirmava que quando foi vice-prefeito de sua cidade, seu grupo político iniciou um projeto de reconstrução da cidade. O maior problema ainda não havia sido identificado; sabia-se apenas que as pessoas estavam deixando gradativamente o município e procurando ganhar a vida em outras cidades. As estatísticas apontavam que se o êxodo continuasse naquele ritmo, em alguns anos não mais haveria moradores por lá.

Pois bem, a administração municipal concluiu que o primeiro passo seria descobrir o porquê as pessoas estavam deixando a cidade. O desemprego, é claro, é a resposta, entretanto, as causas do desemprego é que deveria ser o objeto da avaliação. Com muita paciência e determinação, os homens e mulheres escolhidos pelo povo para administrar a cidade, passaram a se debruçar nas causas e não nos efeitos. O levantamento realizado pelos profissionais envolvidos, identificou que a cidade não agregava valor a nada que produzia. Simplesmente tudo o que se produzia era transportado para outras regiões e assim a geração de empregos não acontecia.

Agregar valor. O que seria agregar valor numa cidade que não se produz quase nada? E o que produz é em escala industrial não gerando a quantidade de empregos suficientes para atender a demanda da população? Na cidade em que o palestrante foi vice-prefeito, prefeito por oito anos e em seguida colaborou na eleição do seu sucessor, este problema foi resolvido. Não foi fácil. Mas as pessoas entenderam que o governo pode fazer muito pouco quando o problema está nas pessoas; na descrença em si mesmo; na dificuldade em entender que o sucesso do seu concorrente, por exemplo, não significa uma derrota para você. Isto, na verdade, demonstra que você precisa melhorar em alguma coisa, e se não fosse o sucesso dele, você nunca perceberia isso.

Através da educação, os produtores rurais passaram a freqüentar aulas de manejo de solo, entre outras atividades do campo; administrar pequenos negócios; apurar lucros e prejuízos, enfim, o banco escolar despertou nas pessoas a necessidade de aprender para empreender. E o que é mais importante: Descobriram que não se pode ir a parte alguma se não houver uma postura de união em prol do bem estar da coletividade. O associativismo e o cooperativismo é isso! Nós precisamos observar que a política deve existir em nosso benefício. Se ignorarmos este fato, estaremos sempre apontando culpados sem nos preocupar em resolver os problemas.

Em Conceição da Barra não é diferente. Estamos sempre conflitando com quem não é nosso inimigo. O nosso inimigo é a falta do conhecimento; a dificuldade de olhar para a frente e enxergar um futuro que nós mesmo devemos construir. A incapacidade de perceber que estamos cavando o nosso próprio precipício, quando nos comportamos de forma egoísta, pensando apenas no que vamos comer amanhã, como se a vida ser resumisse em necessidades temporais.

Gostaria muito que todos os meus conterrâneos tivessem a oportunidade de ouvir a palestra a qual me referi. Mas me contento em desabafar nessas linhas, como forma de alertar alguns que como eu têm o habito da leitura, para um despertar necessário quanto ao nosso verdadeiro papel na sociedade. Que a nossa cidade seja conscientizada de que o salvador da Pátria não existe. O que existe, realmente, sou eu e você. E se Deus for por nós, ninguém poderá ser contra nós.

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