quinta-feira, 29 de março de 2012
Semeadores de livros
quinta-feira, 22 de março de 2012
Discriminação racial
sábado, 10 de março de 2012
A agonia da Escola “Joaquim Fonseca” e o autismo da gestão municipal
Quando não temos o altruísmo como fundamento para a vida em sociedade, o mais comum é ficar alheio aos problemas e afirmar que a busca por soluções não é da nossa alçada, e, para ser mais claro ainda, dizemos que “este problema não é meu.”
É assim que vejo a postura do município em relação à Escola de Ensino Médio Professor Joaquim Fonseca, localizada na sede de Conceição da Barra. O único estabelecimento de ensino voltado aos alunos que concluem o Ensino Fundamental, a escola JF sofre pelos dois flancos: O governo estadual, que por não contemplar a escola no orçamento (pelo menos até o momento) vai adiando intervenções estruturais importantes no prédio, e, por outro lado, o município, que se utiliza da justificativa de que a escola é de responsabilidade do governo estadual, e faz vistas grossas aos problemas que atingem a todos nós, tendo em vista que os jovens que ali estudam, ou melhor, tentam estudar, serão a geração que também vai buscar em outras cidades o espaço para evoluir intelectualmente e conquistar o mercado de trabalho. E, aos que não conseguem ter a mesma sorte, perambulam pela cidade, sujeitos a todos os tipos de influência, em muitos casos enveredando para o consumo de álcool e drogas.
É preciso haver uma compreensão correta do que é dever do “Estado” e efetivamente o que é “Estado”. Para conveniência de alguns, tratam Estado como se fosse simplesmente o governo estadual, ignorando que tal nomenclatura representa Município, Estado e a Nação. Se os problemas envolvendo uma importante Instituição de Ensino, que por sinal este ano completa 60 anos de existência – e aqui aproveito para parabenizar a mais antiga escola de Conceição da Barra – não se resolve por quem formalmente tem o dever de fazê-lo, nada mais óbvio e natural que a parte prejudicada, a sociedade representada pela gestão pública municipal, assuma o problema para si e canalize recursos municipais para resolver aquilo que amenizará a agonia de tantos pais que se vêem obrigados a mandar seus filhos para outras cidades assim que concluem o Ensino Fundamental. Se é legal fazer isto? Não sei. Mas sei que quando se quer resolver, descobre-se os caminhos.
Não vou citar os problemas que a JF tem. Visitem-na e vejam com seus próprios olhos. Contudo, o que posso afirmar é que existe lá um corpo funcional que podem ser classificado como heróis, pois que apesar de todas as dificuldades, ainda conseguem fazer com que alguns dos nossos jovens consigam a proeza de se classificar em concursos para o ingresso em Instituições Federais da região.
Não resta dúvida de que quando queremos e temos boa vontade, conseguimos - se não resolver - amenizar em muito as nossas mazelas. Porém, quando o foco está voltado para aquilo que é pessoal, reduz-se consideravelmente a probabilidade da assertividade. Se ainda não temos a maturidade política para tratar o contraditório com o devido respeito, preferindo atraí-lo para o seu campo de visão, numa receita conhecida, criada pelo filósofo italiano Nicolau Maquiavel, que se observe então o quanto é prejudicial para toda a sociedade barrense ficarmos reféns de um aparelho educacional muito aquém daquele que merecemos, mesmo considerando o esforço hercúleo que fazem a direção, professores e demais profissionais daquele educandário.
O papel do gestor público vai muito além de gerir os recursos públicos. O prefeito, e também os vereadores, devem se colocar como guardiães do bem-estar do povo e ir em busca da solução, sem medir esforços. Quando se escuta o clamor das pessoas, o que parece improvável, acontece. Apoiar a Escola Joaquim Fonseca, mesmo sendo de responsabilidade do governo estadual, não poderá ser objeto de rejeição de contas por parte do Tribunal de Contas, e, se for, terá valido a pena, porque a própria sociedade confirmará isto.
Espero que este texto sirva de reflexão para um município, cuja gestão, tem foco na beleza de grandes obras e ignora o quão fundamental é a educação e como conseqüência a dignidade da pessoa humana, conforme preconiza a nossa Constituição.