O distanciamento das pessoas em
relação à política - e quando falo “política” não me refiro a discussões e
comentários malévolos sobre a vida particular das pessoas, mas aos debates
necessários para o enfrentamento dos problemas que nos atingem a todos -
provoca um sentimento de que “governar” é apenas aplicar o dinheiro que se
arrecada com impostos em construções, reformas e calçamentos de ruas,
levando-nos a uma sensação de que o nosso dinheiro está sendo devidamente
aplicado. Contudo, não é tão simples assim como parece e tentarei explicar
nessas poucas linhas que se seguem.
De fato, é bem melhor que se veja
o recurso público investido em edificações, reformas de prédios, calçamento de
ruas, etc... do que vê-lo esvaindo-se pelos ralos da corrupção. Mas é preciso
observar que quando se trata de dinheiro pertencente ao povo, não é tão simples
decidir sobre como e, em quê, aplicar esses recursos. Infelizmente, e esta não
é uma realidade apenas de Conceição da Barra, os detentores do poder não querem
investir naquilo que, aparentemente, não resultaria em votos. Melhorar a
política salarial dos servidores públicos, bem como, proporcionar-lhes a devida
capacitação para lidar com crianças e jovens cuja realidade familiar nem sempre
é de simples trato, por exemplo, não lhes parece ser um bom investimento para o
favorecimento do seu projeto de poder pessoal. Ao contrário, fortalecer
categorias organizadas, como é o caso dos servidores públicos, me parece ter
uma claríssima rejeição por parte de quem governa e o motivo, é que quanto mais
fortalecida a sociedade, maior sua capacidade de compreensão sobre o que
realmente é fundamental para a coletividade, em termos de ações do poder
público.
Sei que o que estou tentando
dizer, pode ter opiniões contrárias, sobretudo, do ponto de vista de uma cidade
que demorou tanto tempo para visualizar edificações. Porém, quero dizer que para
uma cidade próspera, embora seja importante as edificações, é necessário também
um ambiente em que o diálogo e a reflexão sejam determinantes na tomada de
decisões. Para ilustrar o que digo, aproveito do comercial de tubos e conexões
Tigre e Amanco, que estão sempre destacando a importância da qualidade dos seus
produtos, para que, no futuro, o dono da casa construída, não tenha que desfazer
tudo o que fez, por não ter refletido antes sobre qual material usar em sua
obra. Será que estamos tendo em Conceição da Barra a oportunidade de refletir
sobre os impactos futuros das decisões hoje tomadas quase sempre a
toque-de-caixa?
A praticidade de hoje, no que diz
respeito às decisões governamentais, além de se aproximar muito de uma postura
ditatorial, também me leva ao entendimento de que se esta for a regra, qual é a
necessidade de votar e escolher nossos governantes? Bastaria contratar numa
agência de empregos, alguém com reconhecida capacidade administrativa e estaria
resolvido o problema, tendo em vista que aqueles a quem escolhemos para
discutir as soluções, não o fazem, por também estarem encantados pela beleza
das obras, sem se preocupar se são ou não o melhor investimento para a cidade,
circunstancialmente. Quando se trata de governar, literalmente, não é assim que
a banda toca.
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