O
que mais ouvimos durante as eleições municipais em Conceição da Barra, foi o
mote de campanha da chapa que sagrou-se vencedora e que por sinal, foi
reeleita: “mudar prá quê?”
Toda
mudança, de fato, traz transtornos. Mudar as coisas de lugar em casa, por
exemplo, é chato, incomoda e os objetos já não são mais encontrados onde
estávamos habituados a colocá-los. Contudo, como tudo na vida tem seus prós e
contras, a mudança também proporciona prazeres e vantagens que vão muito além
daquilo que imaginávamos. No caso da mudança de móveis e objetos em nossa casa,
ao chegar, temos a impressão que fizemos uma grande reforma, quando, na
verdade, foram apenas alterações de local onde ficavam os objetos, mas, que nos
dão a sensação de estar vivendo em outro ambiente, o que de fato, nos traz
satisfação.
Pois
bem, voltemos ao “mudar prá quê”. A mudança, em se tratando de governo, é
necessária e já explico o porquê. Sempre que estamos há muito tempo
desenvolvendo uma determinada tarefa e os desafios já não são mais parte de
nosso cotidiano, a tendência é que usemos este espaço conquistado, para,
apenas, continuar nele. Ou seja: Somos insuflados a fazer de tudo para que
continuemos ali, abrigados confortavelmente como se estivéssemos no pelo de um
imenso coelho, longe do frio que faz lá fora (no nosso caso, o frio é apenas
uma metáfora), nos distanciando cada vez mais do objetivo que nos fez chegar
até ali.
Sempre
fiz ressalvas quanto à Lei que permitiu no Brasil a reeleição. Se o trabalho
for bem executado e no caso do espaço púbico governar tem características
próprias, não podendo ser comparado a administrar uma empresa, o presidente, o
governador ou o prefeito devem ter entre suas principais virtudes, a capacidade
de preparar pessoas para sua sucessão, ou melhor, não apenas sucedê-lo, mas dar
continuidade à sua filosofia de governo, defendendo com ações o modelo pelo
qual se entende que deve ser um governo bom para todos.
No
entanto, ao aprovarem a Lei da reeleição, o que percebo é que resultou em apenas
uma vontade de continuar no poder, na base do custe o que custar, impedindo,
inclusive, que outras pessoas penetrem no mundo da política, por entenderem que
nunca conseguirão chegar lá, servindo apenas de escada para os que estão
impregnados com os encantos do poder.
Mudar
prá que? Para que haja possibilidade de outras pessoas, que são parte da
sociedade em que vivemos, tenham oportunidade para colocarem em prática teorias
que acreditam ser parte da solução para os muitos problemas que vivemos e que
não serão resolvidos apenas com posturas ditatoriais, mas com diálogo e
humildade, princípios imperativos para quem entra na vida pública. É o que
penso, salvo melhor juízo.
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