domingo, 24 de fevereiro de 2013

Mudar prá quê?


O que mais ouvimos durante as eleições municipais em Conceição da Barra, foi o mote de campanha da chapa que sagrou-se vencedora e que por sinal, foi reeleita: “mudar prá quê?”

Toda mudança, de fato, traz transtornos. Mudar as coisas de lugar em casa, por exemplo, é chato, incomoda e os objetos já não são mais encontrados onde estávamos habituados a colocá-los. Contudo, como tudo na vida tem seus prós e contras, a mudança também proporciona prazeres e vantagens que vão muito além daquilo que imaginávamos. No caso da mudança de móveis e objetos em nossa casa, ao chegar, temos a impressão que fizemos uma grande reforma, quando, na verdade, foram apenas alterações de local onde ficavam os objetos, mas, que nos dão a sensação de estar vivendo em outro ambiente, o que de fato, nos traz satisfação.

Pois bem, voltemos ao “mudar prá quê”. A mudança, em se tratando de governo, é necessária e já explico o porquê. Sempre que estamos há muito tempo desenvolvendo uma determinada tarefa e os desafios já não são mais parte de nosso cotidiano, a tendência é que usemos este espaço conquistado, para, apenas, continuar nele. Ou seja: Somos insuflados a fazer de tudo para que continuemos ali, abrigados confortavelmente como se estivéssemos no pelo de um imenso coelho, longe do frio que faz lá fora (no nosso caso, o frio é apenas uma metáfora), nos distanciando cada vez mais do objetivo que nos fez chegar até ali.

Sempre fiz ressalvas quanto à Lei que permitiu no Brasil a reeleição. Se o trabalho for bem executado e no caso do espaço púbico governar tem características próprias, não podendo ser comparado a administrar uma empresa, o presidente, o governador ou o prefeito devem ter entre suas principais virtudes, a capacidade de preparar pessoas para sua sucessão, ou melhor, não apenas sucedê-lo, mas dar continuidade à sua filosofia de governo, defendendo com ações o modelo pelo qual se entende que deve ser um governo bom para todos.

No entanto, ao aprovarem a Lei da reeleição, o que percebo é que resultou em apenas uma vontade de continuar no poder, na base do custe o que custar, impedindo, inclusive, que outras pessoas penetrem no mundo da política, por entenderem que nunca conseguirão chegar lá, servindo apenas de escada para os que estão impregnados com os encantos do poder.

Mudar prá que? Para que haja possibilidade de outras pessoas, que são parte da sociedade em que vivemos, tenham oportunidade para colocarem em prática teorias que acreditam ser parte da solução para os muitos problemas que vivemos e que não serão resolvidos apenas com posturas ditatoriais, mas com diálogo e humildade, princípios imperativos para quem entra na vida pública. É o que penso, salvo melhor juízo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário