Por Paulo
Hartung - Ex-governador do ES
“Líder
sul-africano não se apegou ao rancor,
consolidando-se
com suas atitudes de estadista
como
um líder global do século XX”
O ano de 2013 está chegando ao fim. É tempo de olhar em
retrospectiva, mas também de focar a visão na perspectiva de uma nova jornada a
ser iniciada. Nesse sentido, vou falar de uma personalidade cuja morte marcou
este ano que finda, mas que se manterá como um farol na caminhada civilizatória
que empreendemos sem descanso.
Trata-se de Nelson Mandela, líder que honrou os fundamentos da
verdadeira política. Ao falar desse tema, sempre recorro ao saudoso geógrafo
Milton Santos, para quem a política é “a arte de pensar as mudanças e torná-las
efetivas”.
Mandela foi e sempre será lembrado como um símbolo da ação
política em favor da mudança, rumo ao avanço da civilização. Mandela foi um
guerreiro das ideias, valores e palavras. Nas prisões do apartheid durante
inacreditáveis 27 anos, no comando da África do Sul como primeiro presidente
negro da nação, e na militância pós-presidência, constituiu trajetória de
posições firmes contra a segregação e a injustiça, mas sempre pautado pela
crença conciliatória.
No poder, foi o artífice da reconciliação num dos mais
ilustres exemplos da capacidade política de promover transformações históricas
emancipatórias. Eleito pela maioria, não se apegou ao rancor, consolidando-se
com suas atitudes de estadista como um líder global do século XX. Conforme
relatou a imprensa, em 1964, diante de um tribunal em Pretória, o líder
sul-africano disse: “Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a
dominação negra. Eu valorizo o ideal de uma sociedade livre e democrática na
qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com as mesmas oportunidades. É
um ideal pelo qual eu espero viver para ver realizado. Mas, se for necessário,
é um ideal pelo qual eu estou pronto para morrer”.
Uma sociedade livre, democrática e fraterna, com acesso
igualitário às oportunidades é o ideal que move a política democrática e republicana.
Mandela não viveu para testemunhar a plena transformação desse ideal em
realidade na sua África Sul, nem no mundo como um todo. Mas Mandela ajudou seu
país e o mundo a avançar nessa direção, deixando um exemplo de que os ideais fazem
movimentar a história e de que vale a pena lutar por eles.
Prestes a se iniciar um novo ano, vale lembrar que a batalha
pelo avanço civilizatório se mantém aqui e ao redor do planeta. A iluminar o
dia a dia de todos aqueles que acreditam e trabalham por um mundo cada vez
melhor está o exemplo de Mandela, que dedicou a vida à política naquilo que ela
tem de mais essencial, a potência de realizar mudanças.
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