domingo, 2 de fevereiro de 2014

A cultura gospel na Barra e as incongruências de interpretação



Há mais de 10 anos inaugurou-se em Conceição da Barra um formato de entretenimento para um público específico (os evangélicos) e que recebeu o sugestivo nome de Verão Jesus na Barra. À época, o segmento que notoriamente cresce vertiginosamente no País, existia mas não se fazia representar na Barra, realidade esta que veio mudando com a criação do Conselho Municipal de Pastores Evangélicos, o COMEC, uma outra conquista importante diga-se de passagem.

No entanto, vou me ater no presente texto, exclusivamente ao evento que vem sendo sempre motivo de questionamentos por parte da sociedade e em especial aos representantes do poder público municipal. 

O Verão Jesus na Barra, bem como as demais festas realizadas no município e que também vem sendo objeto de contestações, inclusive do ponto de vista legal, são manifestações culturais de uma cidade cujo principal produto é o turismo. Ao contrário do pensamento de alguns que alegam que o “poder público não pode financiar ou sequer participar financeiramente de eventos de cunho religioso”, tenho uma opinião contrária e que mereceria a defesa de quem decide sobre a realização de tais eventos, levando-se em conta o já citado “argumento turístico” para uma cidade que não tem outra vocação de maior peso, se não esta.

A “religião” que é o principal argumento para não se investir em eventos tais como o Verão Jesus na Barra, Festa de São Pedro, Festa de São João, Festa de São Sebastião ou outras manifestações que embora lembrem a religião mas são legitimamente “a expressão cultural de um povo”, não pode ser argumento para que o poder público não ofereça uma alternativa de turismo que não seja, por exemplo, os trios elétricos e o som ensurdecedor que atrai gente, mas também muitos problemas para a sociedade.

É preciso rever conceitos no que diz respeito sobretudo a um turismo que venha gerar emprego e renda em Conceição da Barra e que, de quebra, possibilite atrair turistas que tragam suas famílias para aproveitar o que a Barra tem melhor e admirar o quanto somos respeitosos para com as culturas existentes, sejam elas de que tendência for. Não vejo problema algum em uma cidade cuja potencialidade é o turismo investir em cultura, sabendo-se que a música gospel, por exemplo, já é considerada uma “expressão cultural” no Brasil.

Deixemos de lado os pré-conceitos e as posturas conservadoras que atravancam o nosso desenvolvimento e passemos a discutir os temas sob o ponto de vista do que será melhor para todos. Para mim o modelo de turismo que temos já venceu, pois se alguns acham que ganham dinheiro por 5 dias de folia, teríamos muito mais a ganhar atraindo gente durante todo o ano com eventos de cunho cultural e que neste caso está incluindo o Verão Jesus na Barra que historicamente atrai um bom público, quando realizado no ‘verão’ e não depois, e que não gera despesas com segurança e atendimento hospitalar, pois é reconhecidamente um evento pacífico e onde não há consumo de drogas e bebidas alcoólicas, muito menos incidentes que necessitem de atendimento médico-hospitalar.

Não faço uma defesa exclusiva ao Verão Jesus na Barra, mas a este e outros eventos de caráter cultural e que podem alavancar uma nova e moderna modalidade de turismo com foco nas famílias e na efetiva geração de renda para a cidade. Assim, ganhariam todos! 

É o que penso, salvo melhor juízo.


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