domingo, 25 de maio de 2014

Um ginásio inteiro de prepotência

Famosa por ter criado uma página no facebook para denunciar o descaso do poder público em relação à escola que estudava, a catarinense Isadora Faber, publicou um livro no qual narra sua experiência e o quanto sua vida mudou depois de sua iniciativa que gerou conquistas, mas, muitas agruras no relacionamento com professores, alunos e demais integrantes da escola. O livro tem por título “Diário de Classe – A Verdade”, tem 272 páginas e é uma publicação da Editora Gutenberg.

Jovem e determinada, Isadora é um exemplo de que não é o silêncio que permite mudar a nossa realidade. Em seu depoimento, muitos pontos são interessantes mas o que me levou a escrever esse artigo é sua declaração a respeito do que dizia a direção da escola quando ela questionava as razões das maçanetas quebradas, portas dos banheiros que não fechavam, pintura deteriorada, enfim, uma escola “detonada”, concluía Isadora. A diretora simplesmente explicava que era “culpa da licitação”.

Alguma semelhança com o que vemos em Conceição da Barra, inclusive em relação à falta de medicamentos? A “licitação”, essa desculpa esfarrapada que me faz lembrar o argumento dos bancários quando não se consegue fazer um simples pagamento de um boleto e logo dizem “o sistema está fora do ar”, para mim não faz o menor sentido, uma vez que se o processo licitatório é fundamental, é preciso antecipar os procedimentos para que não seja necessário utilizá-la como desculpa pela incompetência na gestão pública.

No caso específico da garota destemida de Santa Catarina que utilizou a internet para conseguir chamar a atenção de um problema que não é uma exclusividade daquela cidade, ela informa que apesar de não mais estudar lá, tem registros de que uma semana após suas denuncias terem ganhado a grande mídia, a escola foi reformada. A desculpa da licitação foi resolvida em tempo recorde. Mas será que é preciso alguém dizer o óbvio para que problemas como este não custem tanto para a comunidade e em certos casos, até mesmo a população inteira de uma cidade?

Particularmente, venho cobrando do governo de Conceição da Barra providências em relação às obras intermináveis do Ginásio de Esportes que desde 2009, não funciona. Entre outros problemas de gestão existentes, venho utilizando inclusive do envio de notas em jornais de grande circulação no Estado, tal qual o jornal A Gazeta, para denunciar este descaso. Contudo, o setor de Comunicação da Prefeitura, ao responder ao jornal acerca de uma das queixas que registrei, utilizou palavras e acusações contra mim que de longe lembram a verdadeira função de um setor como este. Lamentável e inexplicável pois ainda estamos sob o regime democrático e é legítimo que o que é público esteja sujeito a críticas.

Por fim, espero que essas palavras estejam chegando àqueles que me lêem como ventos que sopram pela cidadania e saibamos que temos direitos e que se não os provocarmos, como fez a Isadora de Santa Catarina, estaremos mergulhados cada vez mais fundo no submundo da ditadura que é a marca do governo que infelizmente reelegemos em Conceição da Barra.


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