Já escrevi aqui neste mesmo espaço a respeito da morosidade
da administração municipal de Conceição da Barra em relação a algumas obras,
com destaque para o ginásio de esportes. Minhas queixas já foram parar,
inclusive, em jornais de grande circulação como A Gazeta. No entanto, as
respostas são sempre as mesmas e o tempo passa e o ginásio continua com as
obras paralisadas.
Pois bem, desta vez, não vou me ater especificamente às
obras em si e seus atrasos que já remontam anos. No mínimo, cinco anos. Quero
ressaltar nessas minhas mal traçadas linhas o quanto a cidadania é atingida na
medida em que uma cidade, ao não oferecer espaços adequados para a prática
esportiva, sobretudo para o público estudantil, dificulta aspectos importantes
na garantia de direitos fundamentais previstos na Constituição.
O esporte não é apenas um lazer, como muitos pensam.
Se oferecido a um público cuja formação ainda está em curso, se torna uma
ferramenta primordial para uma geração saudável tanto físico, quanto
intelectualmente. As regras e a fundamental disciplina imposta pelos esportes
de modo geral, colaboram consideravelmente para que crianças e adolescentes
entendam o valor do respeito ao seu líder (técnico), ao espaço alheio, à
organização, a conduta leal para com o adversário, enfim, uma série de valores
que se aprendidos desde cedo, serão levados para a vida adulta, o que
possibilitará uma sociedade menos violenta, participativa e consciente de seu
papel. Obviamente, essa geração entenderá o valor da liberdade e
tenderá a não violar regras.
Hoje, em Conceição da Barra, vivemos uma realidade horrorosa
no que diz respeito ao relacionamento dos jovens com os demais segmentos da
sociedade. Não é necessário ir muito longe para ouvir relatos de um adolescente
que desrespeitou um professor ou outras pessoas no exercício de sua função,
seja no serviço público ou privado. Para não citar coisas piores. A disciplina e o respeito ao semelhante tão
difundidos prazerosamente através das práticas esportivas, não tem sido
possível em Conceição da Barra pelo descaso que se registra quando vemos o emblemático ginásio de esportes inacabado a tantos anos e a maioria parece
ter se acostumado aquela paisagem.
Como eu disse no início, não vou nem mencionar o desperdício
de recursos públicos numa obra interminável, porque já disse isto outras vezes
e decidi que o foco teria que ser outro. Quero chamar a atenção da sociedade
barrense para que despertem para uma cobrança mais qualitativa das ações de
governo, porque embora seja bom que vejamos ruas calçadas, um bom governo não se
encerra neste quesito, mas em ouvir a sociedade e oferecer além da rua calçada
(numa clara demonstração de ação eficaz para o voto), a cidadania que
muito tem a ver com a existência de praças esportivas qualificadas especialmente para
o público estudantil.
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