É de hábito
e está relacionado à minha condição de cidadão político, observar a realidade
na qual estou inserido - na minha cidade sobretudo - e fazer avaliações sobre o
quanto estamos avançando ou não, no sentido do emprego dos recursos públicos
para usufruto da coletividade.
O poder
público, que tem a função nobre de não apenas oferecer serviços públicos mas de
nortear os rumos que a sociedade deve tomar, no tocante ao seu desenvolvimento,
faz as intervenções na cidade e espera que as tais promovam a felicidade das
pessoas, na medida em que passa a dispor de mais um equipamento e por consequência,
enxerga no mesmo, a aplicação dos recursos advindos dos seus impostos. Certo?
Sim, mas como explicar que essa mesma população, assim que recebe o
equipamento, pratica atos de vandalismo, destruindo o que custou dinheiro do
seu próprio bolso?
Em
Conceição da Barra, um exemplo emblemático desse problema que o poder público
parece não atentar-se ou se o faz não tem proposta para a solução, é o ginásio
de esportes da cidade, cuja reforma demorou 7 anos para ser concluída. Um
equipamento novo, alardeado como “o melhor centro esportivo do norte do Estado”,
quiçá do Estado, há apenas alguns dias de sua reforma (apesar de não concluído
integralmente) sofreu a ação de vândalos que quebraram torneiras dos banheiros
entre outras avarias.
O propósito
desse relato aqui não é criticar a demora na construção do ginásio, pois este é
um problema que ataquei diversas vezes, inclusive em cartas a jornais de grande
circulação no nosso Estado, mas principalmente
salientar que o poder público e a sua ineficácia no relacionamento com a
sociedade, tem trazido prejuízos incalculáveis pois na medida em que não há o
sentimento de propriedade do que se é obtido com recursos públicos, o cidadão
não se identifica com o que lhe é oferecido... É como se não lhe pertencesse,
portanto, não vê problema em destruir.
O Governo
municipal de Conceição da Barra, cujo modelo remonta 2009, é um exemplo de que nem
sempre as obras concebidas de cimento, ferro, brita, tinta, etc... traduzem o que de
fato a população precisa. Pode traduzir o que ela imagina ser o papel do poder
público, mas não o que essa mesma população necessita para uma vida plena na
cidade. É preciso muito mais para transmitir ao povo um sentimento de pertencimento,
de que aquilo que foi construído com o seu dinheiro, realmente lhe pertence.
Governar é
um ato coletivo e não uma virtude de quem passou alguns anos na Universidade se
preparando tecnicamente para o ofício. Governar requer ouvir as pessoas e
assim, quando o equipamento que é oferecido fora uma escolha sua, essa mesma
sociedade passa a ser sua guardiã, não permitindo que ninguém os destrua.
O que falta
em Conceição da Barra é uma administração que governe “com” as pessoas,
sentindo-se parte das decisões, ainda que erradas. Qualquer coisa que dê certo
ou errado, hoje, só se pode atribuir a uma só pessoa, a saber, o prefeito
municipal, pois nem seus secretários, que deveriam opinar sobre este ou aquele
tema, não o fazem, passando uma mensagem de que estamos reféns dos erros ou dos
acertos de um só indivíduo, quando os princípios da democracia, os quais
defendo e luto através da atividade partidária que pratico, dizem o contrário.
A
propriedade é um sentimento e em Conceição da Barra, hoje, nada parece nos
pertencer, a não ser o passado distante, quando lugares e pessoas construíram a
cidade que nasceu de um beijo.
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