Algumas notícias que chegam a respeito da política no Brasil
e também no nosso Estado e o Município, têm promovido um interesse nunca antes
observado, sobretudo por pessoas que não imaginaríamos que se interessassem por
tais temas. As reações, em sua maioria, são de críticas ácidas, severas e não
sem razão, acompanhadas sempre de frases impróprias de serem publicadas,
contudo, não se pode negar também que o interesse é evidente e que isto por si
só já é um bom sinal, tendo em vista que o princípio mor da democracia é a
participação do cidadão nas questões que envolvem a política, ou melhor
dizendo, sendo um verdadeiro cidadão.
Um dos fatores que tem me chamado a atenção neste contexto, são algumas
providências que os políticos estão tomando na tentativa de (quem sabe?)
voltar a ter crédito com a população, afinal, qualquer notícia que envolve a
política e os políticos, via de regra, é sempre negativa, o que contribui
sobremaneira para essa rejeição a políticos e partidos políticos.
Refiro-me, neste sentido, especificamente às decisões do
Poder Legislativo em todo o Brasil, de tomar medidas de redução dos custos,
tendo como forte argumento a recessão vivida no País, e, principalmente, em dar
uma resposta positiva aos eleitores, afinal, sempre que se fala em reduzir
custos, logo se imagina que o dinheiro economizado vai reverter em favor da
população. Ademais, estamos vivendo uma aguda crise onde os gastos estão sendo
obrigatoriamente revistos, tanto pelo setor público quanto o privado, o que
considero sensato, claro.
Pois bem, isto pode ser
verdade sim, na medida em que o recursos economizados pelo Poder
Legislativo sejam devolvidos ao Poder Executivo e este tem poder discricionário
para utilizar onde entender ser melhor para a população, ou, na melhor das
hipóteses, combinar com o eleitor aonde melhor seria aplicada a verba
economizada. Isto seria muito bom, afinal a verba economizada tornou-se um
benefício real para toda a população e no imaginário popular, sobretudo
considerando as matérias jornalisticas sobre a conduta dos políticos, esse
dinheiro se não fosse devolvido ao Poder Executivo, estaria sendo “jogado fora” se ficasse ao critério exclusivamente do
Legislativo.
Porém, a questão que quero colocar neste artigo é que embora
a economia de recursos seja sempre bem vinda, é também bom lembrar que quando
se “gasta” bem, ou seja, quando se investe corretamente, a economia vem com os
resultados desse investimento e não simplesmente evitando gastar com isto ou
aquilo. Vejamos:
Se o Poder Legislativo, por exemplo, utilizasse o dinheiro
que economizou, fazendo da Casa de Leis um ponto de referência da cidadania,
financiando sobretudo capacitação da população para o exercício pleno da
cidadania, ou até mesmo, outros serviços que ela necessita e não tem
disponível, a não ser pagando, estaríamos gastando o dinheiro público de forma positiva, além
de valorizando um dos Poderes da República que hoje, por ser tão descredibilizado,
precisa recorrer a ações que simbolizam “economia” mas que não tem a
objetividade necessária e nem muito menos, dá um significado justo ao Poder que
de fato representa as pessoas, a saber, o Legislativo.
É claro que não sou contra a redução de gastos,
especialmente se esta foi feita cortando algo que de fato é supérfluo, mas
quero destacar que quando fazemos economia sem entender os resultados que esta
economia trará, talvez estejamos “economizando mal”, que no meu modo de ver, é
pior do que gastar.
Nós estamos dando passos importantes em relação à
participação na política, mas nós podemos muito mais se passarmos a nos
interessar por ela, considerando todas as possibilidades, lendo a respeito dos
temas e nos aprofundando para que não sejamos enganados pelos marqueteiros que
com muita competência, tentam passar uma ideia de que bastando sugerir aos
ordenadores de despesas que economizem, terão de volta a credibilidade há muito
perdida. Não mesmo. Nós queremos muitos mais que isto!