quinta-feira, 2 de março de 2017

No que depender do Carnaval...

O Carnaval acabou e com ele a oportunidade ímpar de muitos defenderem o seu chamado "ganha pão" na cidade de Conceição da Barra. Quem faturou, faturou; quem não faturou, tem que aguardar o próximo.

De fato parece estranho que uma cidade possa depender de um feriado específico para ter sua economia estimulada, mas é exatamente assim que fomos acostumados. Alugamos casas para temporada, vendemos produtos na praia, na praça, emprega-se pessoas nos bares, restaurantes, pousadas e hotéis e então vivemos felizes pelo menos até o próximo Carnaval. Será???

Parece muito pouco, você não acha? E é pouco! Não se pode viver em função de uma festa específica. Quem lida com a agricultura sabe que quem tem uma lavoura, tem sempre que ter uma outra, para o caso da primeira não dar certo. Não parece óbvio?!!

Se os tempos são outros em que os recursos públicos não podem e nem devem ser gastos com a promoção de eventos, é preciso ter iniciativa e colocar em prática ideias que possam ser sustentáveis, que possam desenvolver-se sem necessariamente contar com uma festa que por questões culturais, é "bancada" exclusivamente pelo meu, pelo seu, pelo nosso dinheiro público. Com o caixa escasso das Prefeituras e os Tribunais de Contas alertando os gestores quanto à aplicações de recursos públicos em eventos de natureza comercial, essa história está mudando.

Enquanto ficamos pelas esquinas reclamando que não conseguimos alugar nossa casa no Carnaval, por conta deste ou daquele motivo, deveríamos estar pensando em como ganhar dinheiro criando algo que atraia pessoas para o nosso belo lugar e assim, na medida em que elas vem para Conceição da Barra, com elas vem o dinheiro que vai gerar os empregos e o consumo para os nossos produtos ou serviços.

Não precisamos citar muitos exemplos mas os poucos que citarei, serão suficientes para que entendamos que não podemos viver em função do Carnaval, embora seja um festa importante e é a marca mais relevante de nossa cidade.

Há quanto tempo o nosso amigo Bené, empresário proprietário do Wamp Lanches chegou a Conceição da Barra e jamais a deixou? Já expandiu seus negócios para a cidade vizinha, mas nunca fechou sua lanchonete. E quanto aos dois Casarões do Cais, restaurantes que atendem uma clientela relativamente grande durante todo o ano e não param de funcionar há anos? Querem mais um exemplo? Quem não conhece o amigo Noel Vilanova que com suas bicicletas faz a alegria de quem vem passear na Barra e fica encantada com o calçadão da orla? Pois é, parece que a Barra é uma benção para muita gente...

O que nós precisamos agora é usufruir do que Deus nos proporcionou, transformando nossa Barra num lugar onde as pessoas desejem vir todo fim de semana, no mínimo. Se é difícil morar na Barra, por conta dos empregos que não tem para todos, na medida em que atraírmos as pessoas para passar fins de semana aqui, teremos aí a economia sendo aquecida durante todo ano, isto sem falar nos eventos religiosos, temáticos, entre outros que fazem a alegria de quem há muito já deixou de acreditar que alugar casas para temporada, é o grande negócio de uma cidade como a nossa.

Inclusive, devo alertar a Prefeitura Municipal que seria de muito bom tom que tivéssemos um espaço para eventos, tal como o antigo Dunas Praia Clube, e assim muitos eventos poderiam ser planejados e o poder público teria retorno com impostos e taxas para a manutenção do local. Como dizem por aí, fica a dica! (rsrs...)

Se para o barrense a presença de pessoas de outros lugares é a senha para sair de casa, ao oferecermos bons produtos e serviços, logo, logo teremos uma mudança de hábito considerável e a Praça da Matriz, por exemplo, onde trabalhamos todos os verões na Feira Sabor e Arte, deixará de ser um evento tradicionalmente de verão e passará a acontecer todos os fins de semana, gerando mais entretenimento para uma cidade que chega fazer dó de tão triste quando o carnaval termina e as pessoas voltam para suas cidades de origem.

No que depender do Carnaval, a gente continua existindo, porém, é preciso pensar e agir com visão de futuro e parar definitivamente de viver de migalhas que caem das mesas alheias.






3 comentários:

  1. Conversamos sobre isso quando estava comendo aquela batata especial lembra ? kkkk, temos varias coisas para chamar os turistas no inverno pra barra. Temos pontos no esporte, religião, cultura, so depende de nosso proprio esforço, e parar de reclamar com aquela frase manjada, na Barra nao tem emprego.

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  2. Passei quase 20 anos fora e estou a menos de três de volta a conceição. É fato de que a cidade é carente de algo que lhe possa gerir riquezas, sabemos que esse é o desafio, mas me assustou e me assusta ainda com o negativismo das pessoas que vivem aqui. Conversando com alguns a respeito desse tema constumo dizer que o pior da Barra é o próprio barrense, e olha que minhas raízes são dessa terra, mas pra mim é uma triste realidade. Falta otimismo e vontade de querer melhorar.
    A cerca de dois anos fiz um investimento relativamente alto na cidade. Talvez um dos maiores que um empresário tenha feito nesse período, e foram raras pessoas que apoiaram e eleogiaram. Na verdade, muito pelo contrário, oq mais se ouvia eram pessoas desacreditando.
    Talvez por conta desse pensamento negativo, a população no geral fique tão dependente de um certo período do ano esperando que as coisas aconteçam.

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  3. Somos de fora estamos na Barra a pouco mais de três anos e o que percebo além de um certo pessimismo, é muita falta de preparo e interesse também. As pessoas daqui parece que não procuram crescer, elas se acomodam, reclamam e culpam os outros de uma "falta de sorte". A cidade precisa sem dúvida alguma de outra fonte de renda que não seja o carnaval, mas para que isso ocorra, precisa atrair um tipo de turista que o carnaval muitas vezes não traz, as famílias. Elas sim deixam dinheiro na cidade, pois frequentam bares, restaurantes, se hospedam em pousadas, gastam na praia... Mas para atrair este tipo de turismo, a cidade tem que oferecer mais opções de lazer e serviços de primeira e não apenas a praia, que apesar de boa, muitos outros lugares têm também mas com opções de lazer mais variadas que as nossas. A população local, precisa investir em treinamento, precisar ter vontade de trabalhar e ter interesse em conhecer coisas novas para que aos poucos possamos aumentar o nosso turismo e com.ele a renda da população.

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