sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

As tragédias e o voto

Ao longo de alguns anos em que pude me dedicar à atividade política, infelizmente atividade esta avaliada por grande parte da população como algo de pouco valor, percebi com tristeza a relação entre o sucesso nas urnas e as tragédias na vida das pessoas. 

Quando digo tragédias, estou me referindo não só aquelas que não poderiam ser evitadas mas, sobretudo as que poderiam ser evitadas. Inclusive, com a grande oferta de recursos tecnológicos, muitas dessas tragédias podem ser evitadas. 

Hoje, apenas para exemplificar o que pretendo colocar aqui para sua reflexão, ao ver o noticiário trazendo ao público os efeitos das fortes chuvas por boa parte do país, percebo que a minha teoria de que as tragédias tem íntima relação com o sucesso nas urnas, é bem real. 

Talvez você ainda não tenha conseguido compreender aonde eu quero chegar, baseando-se no titulo deste texto.  Recentemente fui alertado por um leitor que preciso ser mais detalhista para facilitar a compreensão do que quero dizer, portanto, me esforçarei para que desta vez, eu seja claro o suficiente, sem ser prolixo o que diminuiria a chance de ter a sua atenção. 

Ocorre que, via de regra, o eleitor tem dificuldade de entender o papel de um agente político, por isto, simplifica o raciocínio preferindo vê-lo como alguém que deve ajudá-lo de imediato. Tipo, eu estou com fome e quem me der um prato de comida, merece o meu voto. 

Sim, por que eu não votaria em alguém que me deu um prato de comida? Não é este o papel do político?

Eu digo: Não. O papel do político deveria ser o de não permitir que a dignidade das pessoas seja aviltada, a ponto de necessitar de um prato de comida. Bom, mas este é outro assunto, embora tenha de certa forma, relação com o que quero dizer aqui. 

As tragédias têm exatamente este efeito na vida da maioria das pessoas. Um efeito nocivo do ponto de vista da liberdade de escolha. Quando o pior acontece, aparece gente até do buraco da tomada para "ajudar" e uma grande parcela dessas pessoas, quando se aproxima a data das eleições, surgem para, no mínimo, constranger aquela família que no pior momento de sua vida, precisou de uma ajuda. 

Não quero que pensem que estou condenando o gesto de ajudar quem precisa, mas condeno sim este gesto como o único ou principal critério para as escolhas políticas pois essa conduta, estimula que a política, ao contrário de ser o mecanismo de solução, se eternize como perpetuador dos problemas e assim, alimentar esse sistema ineficaz e caro para o conjunto da sociedade. 

Cabe a quem tem a responsabilidade de cuidar das pessoas tomar atitudes preventivas, mesmo que isto, a princípio, seja impopular. Impedir construções em encostas, conscientizar ambientalmente e punir quem descumprir as regras pode até gerar insatisfação, mas quando acontecer as previsíveis enxurradas, o que parecia mau aos olhos daquela população, será bom na medida em que não terão seus bens perdidos e nos casos mais graves, vidas.

Procure associar suas escolhas políticas aqueles que não se utiliza do seu infortúnio para angariar sua simpatia e o seu voto. Prefira quem acredita que com planejamento e boas equipes é possível fazer com que sua vida melhore e assim evitar que a sua necessidade pessoal, não seja objeto de quem quer ocupar um cargo público, sem nenhuma condição de fazê-lo com um mínimo de qualidade. 

Carlos Quartezani

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Política com P maiusculo



O Programa Pé de Meia, do Governo Federal, que consiste em estimular, com dinheiro, os jovens brasileiros a concluírem o Ensino Médio, é uma proposta de campanha do MDB liderada pela então candidata Simone Tebet.

Vencer uma eleição é o objetivo de quem é candidato, mas ver uma proposta sua ser implementada, mesmo sem vencer a eleição, é o que realmente importa. 

É assim que penso a política, um instrumento civilizatório e que ao ser praticada na sua essência, proporciona o bem para todos, exatamente como deve ser.

Carlos Quartezani

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Criatividade que gera turismo

O inusitado sempre será algo que gera oportunidade para que as cidades com vocação turística, se sobressaia economicamente. Aliás, a cidade pode até não ter a vocação, mas se torna turística a partir da descoberta de algo inusitado. 

Para quem tem um pouquinho mais de idade, certamente irá se lembrar do famoso "ET de Varginha", um boato que ganhou o Brasil e o mundo por conta de um certo ser alienígena que apareceu na pacata cidade mineira, que dá origem ao nome de batismo do extraterrestre. 

Nem preciso dizer que o boato foi de grande valor para o povo daquela região, que passou a receber turistas de toda parte do país, só para ter a experiência de ver o fenômeno com seus próprios olhos. 

Pois bem, este exemplo que eu dei não é necessariamente a que me refiro, no que se refere à importância da criatividade, para que uma cidade turística resgate seus melhores tempos, como é o caso da minha amada Conceição da Barra. 

Meu foco aqui é outro e tem  a ver com a valorização de coisas peculiares, que, por exemplo, só se encontraria na Barra. O que deu certo no passado pode não dar certo hoje, mas quando a criatividade entra em campo, tudo pode dar certo. 

Vou dar outro exemplo e desta vez não se trata de uma fantasia popular que acabou dando certo lá nas terras mineiras, mas de algo real e que é fruto da criatividade de alguém que decidiu surpreender as pessoas. 

Estou me referindo à casa invertida construída no balneário de Guriri na nossa vizinha São Mateus-ES. Quem nunca, não quis dar uma olhadinha numa casa cujo telhado é na base e a base é no teto? Uma ideia realmente muito boa e que atrai pessoas para o lugar que, nessa oportunidade, acabam consumindo no comércio local, gerando renda e empregos para aquela comunidade e sem depender necessariamente da temporada de verão. 

Nossa Conceição da Barra é um lugar especial, abençoado, com muitas outros virtudes mas que precisa inovar, promover o incentivo às pessoas que tenham ideias inovadoras e que coloquem o seu talento a serviço da cidade, como deve ser todo cidadão que ama o seu lugar. Permitindo oportunidades para que no lugar de sonhar viver em outra cidade ou país, sonhe em permanecer, fazendo parte de tudo que é de bom na cidade.

Muito do que disse aqui requer incentivo do poder público, mas é preciso que a sociedade se manifeste, dê seu apoio, afinal, políticos agem conforme o povo determina. 

Que o espírito criativo do povo de Conceição da Barra seja despertado, transformando a cidade de dentro prá fora e assim será outra vez lembrada, não apenas como a cidade que nasceu de um beijo mas que cresceu e se desenvolveu com a criatividade de seu povo, que não parou no tempo mas fez do limão azedo, uma deliciosa limonada ou para quem preferir outra bebida, uma caipirinha refrescante saboreada à beira mar. 

Carlos Quartezani

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Conceição da Barra, dias melhores verão

Conceição da Barra, dias melhores verão 

A julgar pelos comentários de que Conceição da Barra não recebeu o público esperado no Carnaval 2024, me sinto à vontade para, em parte, discordar. Respeitando as opiniões diferentes. 

A nossa querida Barra, embora ainda não tenha conquistado o mesmo sucesso de outrora, em se tratando de público no feriado de Carnaval, realizou um grande verão com atrações que encantaram quem a escolheu para passar as férias de Janeiro. 

Eu fui um dos muitos que presenciou um mar de gente no show do lendário Bel Marques. Um show verdadeiramente inesquecível!

No entanto, não se pode esperar que a cidade recupere sua fama de ser uma das melhores para passar o Carnaval, com a enorme concorrência que surgiu ao longo de no mínimo 20 anos, permitindo ao folião fazer opções que antes não havia.

Um exemplo disso são os balneários de Regência e Povoação, em Linhares, cuja população por si só, já os lotaria e é sempre bom lembrar que o linharense era presença garantida na Barra principalmente no Carnaval, hoje, porém, não mais.

O desafio maior, na minha humilde opinião, é o povo de Conceição da Barra compreender que é preciso ter paciência para esperar colher os frutos do que se planta hoje. Acredito que muito mais importante do que ter uma multidão no Carnaval, muitas vezes descontrolada e causando mais transtornos do que efetivamente aquecimento econômico local, é ter uma cidade com fama de bem cuidada, limpa, segura e com boa oferta de hospedagem, para que os dias de bonança financeira sejam o ano inteiro e não apenas por 4 dias. O Turismo é uma atividade que requer planejamento e esperar os resultados, que não são imediatos, fazem parte do processo. 

Particularmente gostei muito de estar na Barra no Carnaval 2024. Me diverti prá caramba, encontrei velhos amigos, conheci novos e tudo num clima de total harmonia entre a diversão e a sensação de que a qualidade, em qualquer circunstância, sempre vai superar a quantidade e quando o foco for "quantidade" sabermos também que podemos realizar grandes eventos, como o que eu já citei aqui. 

Acho que a administração municipal acertou, manteve a cidade organizada, segura, limpa e aqueles que porventura gostam daqueles carros superequipados com sonorização, está livre para escolher outra praia para curtir o Carnaval. Na Barra, essa prática é proibida e acho difícil de que as vantagens econômicas dessa prática, sejam maiores do que o desconforto que ela proporciona. 

Parabéns conterrâneos, em especial o prefeito Walison Vasconcelos e o Secretário de Turismo, Roberto Malacarne. Os resultados virão, basta ter paciência e entender as críticas como algo que só recebe quem faz alguma coisa. 

Forte abraço!

Carlos Quartezani

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Entre o ruim e o péssimo

Muitas são as mazelas produzidas no ambiente político numa população que não se interessava pela política, mas que entrou num frenezzi no pós 2013, estimulada principalmente pela popularização das redes sociais. 

O desinteresse pela política, fator gerador da corrupção ou que no mínimo contribuiu para sua sistematização, estimulou uma fábrica de "heróis" que garantem exterminar a corrupção do país, custe o que custar. O que me faz lembrar um certo presidente que eleito como o "caçador de marajás", no exercício de um mandato não concluído, confiscou a poupança dos brasileiros, fazendo exatamente o que disse que jamais faria. 

No entanto, essa população, na realidade, não sabe e nem quer saber nada sobre os partidos e o seu funcionamento, resultando num enorme número de Comissões Provisórias que de Provisória não tem nada, já que os diretórios municipais são alterados conforme sopra o vento, para esta ou aquela direção. Os partidos, na vida como ela é, não significam nada, daí a explicação para o aparecimento dos heróis. 

Evidente que para manipular com mais facilidade, a ignorância política é o melhor caminho e não se trata de um expediente apenas de um dos lados do espectro. Todos agem da mesma forma e o que outrora era conhecido como "coronéis", evoluiu para presidente do partido cujo único compromisso é filiar pessoas com chances de vencer uma eleição, conforme a opinião dos sábios que compõem a tal Provisória, ignorando solenemente se tem ou não algum conhecimento sobre a atividade política e muito menos, o que determina os estatutos da sigla.

Os grandes partidos deveriam aproveitar o mau momento que vivem, em especial o MDB e o PSDB, para tentarem resgatar a política desse cárcere denominado polarização e apresentar à sociedade candidaturas fora desse plano polarizado, preocupando-se apenas com as mudanças de comportamento da sociedade em relação à política, minimizando o resultado. Hoje, mesmo vencendo, a sensação real é de derrota. Não tem vencedor.

O chamado status quo, expressão em latim que significa manter tudo como está, é incompatível com o mundo que vivemos. A dinâmica do mundo é experimentar novas soluções sem esquecer que em se tratando de valores, não há negociação. Ontem, hoje e amanhã, agir com grandeza de espírito, seja na vida familiar, em sociedade e especialmente na política, é a única conduta que de fato deveria permanecer, mas parece ser a primeira que foi estirpada. 

Enfim, os partidos citados acima, bem como o PDT, deveriam estimular candidaturas de pessoas que querem caminhar ao largo dessa polarização e oferecer à sociedade a chance de votar em algo que não remeta à burrice que se instalou, já que se avalia apenas os indivíduos e nunca os partidos e o que seus respectivos programas estabelecem. 

Tal qual a moda, que sempre volta, um retorno à política que defenda ideias, não seria tão estranho já que, por exemplo, o velho long play - para quem não sabe, era um disco com um furo no meio no qual escutávamos nossas músicas prediletas - voltou a ser comercializado e com um certo sucesso. 

Não seria uma má ideia o resgate da verdadeira política, num contraponto a este para ou ímpar entre o ruim e o péssimo. 

Carlos Quartezani