Ao longo de alguns anos em que pude me dedicar à atividade política, infelizmente atividade esta avaliada por grande parte da população como algo de pouco valor, percebi com tristeza a relação entre o sucesso nas urnas e as tragédias na vida das pessoas.
Quando digo tragédias, estou me referindo não só aquelas que não poderiam ser evitadas mas, sobretudo as que poderiam ser evitadas. Inclusive, com a grande oferta de recursos tecnológicos, muitas dessas tragédias podem ser evitadas.
Hoje, apenas para exemplificar o que pretendo colocar aqui para sua reflexão, ao ver o noticiário trazendo ao público os efeitos das fortes chuvas por boa parte do país, percebo que a minha teoria de que as tragédias tem íntima relação com o sucesso nas urnas, é bem real.
Talvez você ainda não tenha conseguido compreender aonde eu quero chegar, baseando-se no titulo deste texto. Recentemente fui alertado por um leitor que preciso ser mais detalhista para facilitar a compreensão do que quero dizer, portanto, me esforçarei para que desta vez, eu seja claro o suficiente, sem ser prolixo o que diminuiria a chance de ter a sua atenção.
Ocorre que, via de regra, o eleitor tem dificuldade de entender o papel de um agente político, por isto, simplifica o raciocínio preferindo vê-lo como alguém que deve ajudá-lo de imediato. Tipo, eu estou com fome e quem me der um prato de comida, merece o meu voto.
Sim, por que eu não votaria em alguém que me deu um prato de comida? Não é este o papel do político?
Eu digo: Não. O papel do político deveria ser o de não permitir que a dignidade das pessoas seja aviltada, a ponto de necessitar de um prato de comida. Bom, mas este é outro assunto, embora tenha de certa forma, relação com o que quero dizer aqui.
As tragédias têm exatamente este efeito na vida da maioria das pessoas. Um efeito nocivo do ponto de vista da liberdade de escolha. Quando o pior acontece, aparece gente até do buraco da tomada para "ajudar" e uma grande parcela dessas pessoas, quando se aproxima a data das eleições, surgem para, no mínimo, constranger aquela família que no pior momento de sua vida, precisou de uma ajuda.
Não quero que pensem que estou condenando o gesto de ajudar quem precisa, mas condeno sim este gesto como o único ou principal critério para as escolhas políticas pois essa conduta, estimula que a política, ao contrário de ser o mecanismo de solução, se eternize como perpetuador dos problemas e assim, alimentar esse sistema ineficaz e caro para o conjunto da sociedade.
Cabe a quem tem a responsabilidade de cuidar das pessoas tomar atitudes preventivas, mesmo que isto, a princípio, seja impopular. Impedir construções em encostas, conscientizar ambientalmente e punir quem descumprir as regras pode até gerar insatisfação, mas quando acontecer as previsíveis enxurradas, o que parecia mau aos olhos daquela população, será bom na medida em que não terão seus bens perdidos e nos casos mais graves, vidas.
Procure associar suas escolhas políticas aqueles que não se utiliza do seu infortúnio para angariar sua simpatia e o seu voto. Prefira quem acredita que com planejamento e boas equipes é possível fazer com que sua vida melhore e assim evitar que a sua necessidade pessoal, não seja objeto de quem quer ocupar um cargo público, sem nenhuma condição de fazê-lo com um mínimo de qualidade.
Carlos Quartezani
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