quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Acordo?

Se me permitem, acho que as autoridades envolvidas deveriam se debruçar sobre o tema da nova pactuação do acordo de indenização às vítimas do rompimento da barragem da Samarco, em Mariana-MG. 

Tem muita coisa que parece não estar considerada no tal acordo. Até mesmo o termo "acordo" não faz jus ao que ocorreu na última sexta-feira, dia 25 de outubro de 2024, data em que foi assinada a documentação. 

Ora, se é um acordo, por que a entidade que representa os atingidos, não participou da mesa? Pode ser que haja uma razão, mas que só contempla o ponto de vista de quem decidiu isto. 

Não acho justo que tenha sido direcionada uma quantia ínfima para os indivíduos atingidos - 35 mil reais - com a agravante de que quem já recebeu, por via do primeiro pacto, teve enorme vantagem sobre quem está com o processo pendente na Renova. 

Muitos dos quais, pendentes por morosidade de quem analisa o processo e não por parte do requerente, ou seja, aceitaram o acordo, o primeiro, mas foram preteridos. 

Vão receber? Não tenho dúvidas que sim, mas não como os outros que já puderam refazer suas vidas ou, pelo menos, melhorá-la.

Falar sobre isto nos jornais ou qualquer outro meio de comunicação, pode ser de suma importância, para uma eventual revisão desse acordo que potencializou o poder político de quem está no poder e deixou a ver navios o cidadão comum, quem de fato sofreu as consequências do acidente ambiental em Mariana-MG.

Carlos Quartezani

domingo, 13 de outubro de 2024

Continuidade

Em política, especialmente nos momentos eleitorais, o foco é sempre nas pessoas. É como se este ou aquele indivíduo (homem ou mulher), de acordo com a nossa preferência, fosse suficiente para tornar a máquina pública mais eficiente e assim, proporcionar dias melhores. 

Mas eu digo que não é simples assim e uma dessas razões vou explicar aqui, procurando, como sempre, não ser muito prolixo nas palavras, embora às vezes seja difícil dizer tudo o que é preciso, em poucas palavras.

Bom, vamos lá. Diferente de uma empresa, na gestão pública não apenas as decisões voltadas para o resultado prático devem ser consideradas. Este resultado deve contemplar prioritariamente o social, sem, contudo, abrir mão do bom funcionamento da estrutura pública. Como no futebol, o gestor precisa encontrar o jogador certo para a posição certa, inclusive. 

Não tem milagre. Se não houver pessoas certas nos lugares certos e um tempo suficiente para que um bom plano seja executado, este já nasce morto, ou, no máximo, insuficiente.

Na minha cidade, que nasci e vivi nos últimos 50 anos, tivemos recentemente a oportunidade de ver como uma gestão pública contínua, ou seja, que vai além dos quatro anos, pode trazer inúmeros benefícios para a sociedade na totalidade. Não fui apoiador do grupo que implantou o sistema à época, admito, mas com o passar dos anos ficou impossível não perceber o quanto uma boa gestão é plenamente possível e traz retorno positivo para a população. 

Trazendo agora o tema para os demais municípios do meu Estado, mais precisamente no município vizinho, eis que surge um outro exemplo de que quando o povo escolhe um bom projeto, os resultados aparecem e de quebra, reelege os responsáveis.

Estou me referindo a Pedro Canário, cidade que na década de 80 conquistou sua emancipação política e nos últimos oito anos, mudou o rumo de sua história. De lugar marcado por administrações sempre aquém do que merecia, tornou-se referência de gestão pública.

Com o Prefeito Bruno Araújo, eleito e reeleito e nesta última eleição, elegendo o seu sucessor, o município tem tudo para se tornar um gigantesco exemplo de que quando há um plano, pessoas dispostas a cumprir as etapas e união popular, é possível sim fazer um bom trabalho de gestão, sem necessariamente precisar de um milagre. 

Eu espero que a minha cidade, Conceição da Barra, com a gestão que se iniciará no próximo ano, repita a experiência que viveu há alguns anos e permita que haja um trabalho organizado, metódico, focado em áreas que contemplem a economia local (cada distrito com sua vocação) e que no futuro, possamos comemorar o nosso êxito, como o faz hoje os cidadãos de Pedro Canário, cidade-filha da Barra.

Possível eu sei que é, mas a sociedade precisa colaborar, fazendo o seu papel, especialmente os que receberam a missão nas urnas no último domingo. 

Carlos Quartezani

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Juntos, porém separados

Algo que eu de alguma forma já previa, aconteceu na campanha das eleições 2024 na minha Conceição da Barra: A regionalização do processo político. Estamos divididos entre a Sede do município e o maior Distrito, Braço do Rio. 

Não precisa ser muito atento para perceber que os candidatos parecem imaginar que há duas cidades. Para fazer uma comparação "cultural", e assim um melhor entendimento do que digo, estamos entre o axé e o sertanejo. 

De um lado, entre os oito pleiteantes, estão cinco identificados com a Sede e os outros três, com o Braço do Rio. Daqueles considerados em condições de disputar, segundo as pesquisas, dois são mais conhecidos no Braço do Rio e um (com o registro indeferido mas na disputa), tem seu eleitorado mais próximo da Sede.

Gostaria de destacar para a população, mais precisamente as pessoas que acompanham o meu trabalho aqui nas redes sociais, é que essa postura dos candidatos, apesar de ser em parte justificada (votos), não é bom para o município. Não se trata de uma eleição distrital, mas municipal e aquele ou aquela que vencer, não deverá ter preferência por esta ou aquela localidade.

O município é um só e não há a menor possibilidade de criação de um novo município, contemplando a região, digamos, mais rural e industrial, do ponto de vista econômico. É pura ilusão acreditar que isto um dia será possível.

No nosso caso, um sustenta o outro, já que a pesca e o turismo, além da Usina Alcon, estão na área comum à Sede e o agronegócio, no distrito de Braço do Rio, além de estar às margens da BR 101, um aspecto importante para a atividade comercial. As duas regiões são importantes!

Eu, na qualidade de "nascido e criado" na cidade que nasceu de um beijo, ou seja, pertencente à Sede de Conceição da Barra, mas consciente da importância que tem o Distrito de Braço do Rio, espero que o eleito, ou eleita, não confunda as coisas e trabalhe visando o todo. 

O município é um só, embora distantes geograficamente, Sede e Distrito. Ninguém ganha com preferências entre este e aquele. 

Pensar no todo, diga-se de passagem, não é criar factoides para que "sugira" que o gestor enxerga a outra região do município. Não faz sentido nenhum, por exemplo, Carnaval no Braço do Rio ou um Rodeio na Sede mas, explorar adequadamente os valores e a cultura de cada uma das regiões e fazer uma integração inteligente e produtiva, para o município como um todo. 

Espero que a luta pelo comando da cidade, não se resuma a uma partida de futebol que quando acaba, só quem realmente ganha são os assalariados do setor, ou seja jogadores e os dirigentes. 

Carlos Quartezani