Quando passeio por minha cidade, observando suas características que vão muito além das águas mornas das praias e o rio cricaré - sempre marcante e que num passado não muito distante foi o responsável pelo sustento de muitas famílias - mais me convenço de que os problemas de Conceição da Barra, sejam eles econômicos, sociais ou de qualquer outra ordem, não se resolverão simplesmente com a atração de empresas de médio ou grande porte. É claro que não estou afirmando que a atração de empresas para o nosso município, sobretudo as industriais, não seja positivo, afinal, dos quase 1.200km quadrados de extensão territorial, uma boa parte está localizada numa região cuja vocação é a indústria, haja visto as duas empresas do ramo sucro-alcooleiro localizadas às margens do BR 101, bem mais próximas do distrito de Braço do Rio, do que da sede do município.
Não há como negar que será sempre uma ótima alternativa para a geração de empregos em nosso município, a presença de mais empresas industriais, seja de médio ou de grande porte, entretanto, quando faço afirmações a respeito da insuficiência dessa aparente solução para os nossos problemas, refiro-me especificamente a importância turística da Sede e de Itaúnas que nunca conseguiram, verdadeiramente, elaborar um plano de desenvolvimento que vislumbrasse uma exploração inteligente do turismo e que tivessem como resultado, altas taxas de geração de emprego e renda, e que fossem principalmente, perenes.
Temos tudo o que precisamos para que a nossa empresa turística chamada Conceição da Barra S/A, alavanque num crescimento estrondoso no nosso estado. As obras de contenção da orla são a prova incontestável de que a tão propalada “vontade política” aconteceu de fato, no que se refere ao velho problema da erosão na orla. É muito estimulante aproximar-se das praias em nossa cidade, e observar caminhões e mais caminhões chegando, carregados de pedras, e as máquinas pesadas empilhando-as umas sobre as outras, como se fosse a execução de uma obra de arte! A alegria que sentimos, contrasta com um passado bem recente em que os meios de comunicação elaboravam matérias jornalísticas e os pessimistas sempre de plantão em coro diziam “A Barra acabou”.
Mas não podemos nos conformar e apreciar as obras da orla, sem nos debruçar sobre como devemos transformar esse mega-investimento público em progresso e desenvolvimento contínuo. Não precisamos de factóides que nos levem a imaginar que amanhã tudo estará melhor. O que precisamos é preparar a nossa empresa, a Conceição da Barra S/A, com recursos humanos, gente preparada para o crescimento e o desenvolvimento que já bate às nossas portas. Os nossos jovens, que por falta de estímulo deixam a cidade e vão atrás do seu espaço em outro lugar, poderiam e deveriam ser incentivados, por exemplo, a buscar no conhecimento, bases para constituir o quadro de funcionários de nossa empresa.
O turismo, como negócio, não se resume em festas que duram no máximo uma semana e deixam um rastro de tragédia tanto financeira quanto social. Alguém já perguntou a um cidadão que reside no distrito de Braço do Rio se ele concorda que uma expressiva parcela de nosso orçamento seja aplicada numa festa chamada carnaval? Creio que não. E não acredito que nenhum gestor público o faça com prazer, a menos que a própria população o pressione, e isso também é verdade.
Portanto, já passa da hora de construirmos uma nova filosofia sobre como aplicar os recursos públicos, especialmente no Turismo. Poderíamos, por exemplo, oferecer aos nossos jovens, cursos de língua estrangeira estimulando-os com a possibilidade de uma bolsa de estudos no exterior, para que ao retornar, agregue a sua experiência num curso de Turismo e assim teríamos um excelente profissional no local.
Para não me estender mais e tornar o que escrevo em algo que não será lido, encerro dizendo que numa outra ponta, poderíamos, no mínimo, motivar nossa juventude a valorizar as oportunidades de trabalho que lhe são disponibilizadas pelas empresas locais, inclusive vestindo a camisa da empresa com ética e determinação e em contrapartida, os empregadores poderiam oferecer-lhes capacitação através de palestras motivacionais e cursos, despertando nesses profissionais a importância do trabalho que eles desenvolvem. E isto, efetivamente, desde a uma simples camareira de hotel, até ao gerente.
Sim! É possível viabilizar a empresa Conceição da Barra S/A. Só quem pode impedir esta realização é o pessimismo e a mesquinhez que vem nos empurrando para baixo ao longo de alguns anos. Espero, sinceramente, que este ciclo esteja no final.
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