domingo, 10 de outubro de 2010

Como parei de fumar

A escrita foi inventada para possibilitar àquele que registra os fatos, a sensação de que está prestando um serviço ao seu semelhante. Bem, pelo menos este é o meu pensamento sobre este assunto. Quem entender de outra forma, também poderá não estar equivocado, assim como eu, provavelmente, também não estou.

O fato é que se vou investir alguns minutos do meu tempo em escrever algo que um número de pessoas muito menor do que eu desejaria, irá ler, entendo que devo ser o mais útil possível, embora não tenha capacidade de saber o que é útil para você em todas as áreas de sua vida. Pelo sim, pelo não, decidi escrever sobre como deixei de fumar, há 8 anos, e a satisfação que tenho em dizer que “parar de fumar é muito mais fácil do que podemos imaginar”.

Estabelecer prioridades na vida é a providência mais comum no meio em que vivemos. Você pode ter uma pilha de problemas, mas para resolvê-los você terá que eleger o principal deles, a prioridade zero. Se ele não for o principal problema na opinião de outra pessoa, não importa. O que importa é que você decidiu que, naquele momento, o seu principal problema foi aquele que você elegeu como sendo o principal.

O ano era de 2002, numa tarde não muito ensolarada no outono de Conceição da Barra, minha terra. Ao chegar em casa, encontro minha esposa na sala, já no sexto mês de gravidez do meu primeiro filho, Heitor (existia também o Gabriel, de 5 anos, fruto do primeiro relacionamento dela). Aliás, embora não seja meu filho biológico, Gabriel foi muito importante para mim, mas este é um assunto para uma outra crônica.

Pois bem, ao verificar o desânimo de minha amada, perguntei o que havia acontecido “dessa vez”. Ela me respondeu:

- Cortaram a luz da nossa casa!

Mesmo sem derramar lágrimas, pude perceber a frustração nos seus olhos e a sua impotência para me ajudar a resolver o problema, me parecendo que isto a deixava mais triste do que o próprio fato em si.

Para quem nunca sentiu chegar ao fundo do poço financeiro, saiba que quando não há dinheiro para o pagamento da conta de luz, o sentimento é de que até Deus já não está mais conosco. Mas, eu digo e afirmo: Nesses momentos, é preciso buscar urgentemente uma resposta de Deus, afinal, no meu caso, eu buscava trabalho em minha cidade, depois de uma tentativa frustrada de constituir um negócio próprio, e não conseguia por motivos vários, dentre os quais, minha incapacidade em desenvolver tarefas que demandavam força física. Eu nunca havia trabalhado em nada que demandasse força física. Poderia até tentar fazê-lo, porém, minha estrutura física – sou de estatura baixa e tenho mais de oitenta quilos – não me permitia encarar uma atividade pesada, seja ela qual fosse.

Mas o que quero lhe dizer neste espaço que generosamente a internet me oferece, não tem relação direta com a minha dificuldade financeira naquele momento e muito menos, meus problemas com as contas de energia elétrica. Eu preciso lhe dizer que, quando priorizamos algo em nossas vidas e somos fiéis a essa determinação, Deus conspira ao nosso favor.

Ao verificar através da tristeza de minha esposa, grávida, que nós estávamos incapazes de sequer pagar a conta de energia elétrica da nossa casa, repreendi todo o mal que tentava nos destruir, humilhando-nos e fazendo de nós seres insignificantes. Parti para a ação. Peguei o meio de locomoção disponível para mim (uma bicicleta já não muito nova) e fui ao encontro de pessoas que pudessem me emprestar o dinheiro necessário e assim, pagar as contas atrasadas para resolver o meu problema principal. Assim o fiz.

Ao retornar, um pouco mais tarde, já de noite, a casa estava iluminada e a minha esposa um pouco mais tranqüila por termos, no mínimo, conseguido naquele dia ter vencido mais um gigante: O gigante da falta de luz. Menos angustiado, mas com o desejo muito grande em agradecer a Deus, eis que olho para a mesa de centro da minha casa e visualizo um maço de cigarros (meu, evidentemente), do qual havia fumado apenas um. E, na geladeira, no compartimento que congela os produtos, lembrei-me que havia duas latas de cerveja e que por sinal, ainda não havia perdido a temperatura ideal para o consumo, embora nós tenhamos ficado algumas horas sem energia elétrica.

A sensação de que eu precisava retribuir a Deus algo tão grande que Ele me proporcionou (a falta de energia elétrica foi o problema que eu elegi como nº 1) foi tão forte que eu não pensei duas vezes: As duas latas de cerveja foram lançadas contra o muro do meu quintal e o maço de cigarros, se tornou uma pequena bola de papelão em minhas mãos, e que, ato contínuo, já era parte de minha lata de lixo da cozinha.

Essa atitude, acompanhada da frase dita em alta voz “Deus, em nome de Jesus, nunca mais vou fumar e beber bebidas alcóolicas em agradecimento ao que o Senhor fez por mim neste dia!”, cristalizou o meu compromisso com alguém maior do que eu – Deus – e por esta razão, há mais de 8 anos, não fumo, não bebo e tenho uma vida absolutamente normal, com lutas, algumas vitórias e outras a vencer, mas com a certeza de que quando sabemos estabelecer prioridades e cremos que Deus é soberano e pode nos atender, em qualquer pedido, a nossa vitória estará decretada.

Este relato é real, mas o que é mais real, é que Deus está sempre pronto a atender os nossos pedidos. Não importa o tamanho do pedido e o seu grau de dificuldade. O importante é que sabendo estabelecer qual é a sua prioridade, todos os seus problemas são resolvidos, e não é preciso sequer usar de força para isso. Basta crer e fazer o que lhe cabe. O que não lhe cabe, com toda certeza, caberá a alguém maior que nós: Deus!

A propósito: Desde esse dia, nunca mais a minha luz foi cortada, exceto, uma vez quando por displicência deixei de pagar a conta, mesmo tendo o dinheiro para pagar. E neste caso, até eu, se fosse Deus, também não faria qualquer intervenção.

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