sábado, 16 de abril de 2011

A obra que precisamos

O senso comum, comprovado pelas pesquisas encomendadas por quem exerce o poder central estão sempre apontando que a maior exigência da população é a execução de obras. Uma cidade, aos olhos da massa populacional, só consegue visualizar algum avanço administrativo, na medida em que anda pela cidade e percebe a terra remexida pronta para receber paralelepípedos, manilhas, meios-fios, etc...

Parece óbvio que as obras sejam o carro-chefe de qualquer governo, seja ele de uma cidade, estado ou até mesmo, um país, como é o caso neste momento, do Brasil que tem um compromisso de se preparar para receber milhares de turistas por conta dos eventos Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016. Entretanto, quando olhamos para outros aspectos, percebemos o quanto é fundamental se fazer uma análise profunda sobre a real necessidade de um povo, sobretudo naquele momento histórico, e ter a humildade de perceber o que realmente é necessário para que seja estabelecida a felicidade das pessoas, através de ações governamentais.

É preciso ter sensibilidade e conhecer realmente as prioridades de uma cidade para que se faça as intervenções necessárias. Não podemos nos basear num modelo pré-concebido, cuja origem é uma cidade que não vive os problemas que vivemos, para determinar como investiremos os recursos públicos. Investir recursos públicos numa cidade a partir de uma pesquisa de opinião, necessariamente não é o que podemos chamar de competência administrativa. Isto é, no mínimo, incapacidade de perceber o que a cidade realmente precisa, conformando-se em dar o que ela quer e, nem sempre, o que as pessoas querem, é o que elas realmente necessitam. Se fosse assim, não precisaríamos da política; bastava contratar marqueteiros e fazer campanhas de convencimento sobre "quem deveria nos governar".

Em Conceição da Barra vivemos um momento atípico. A violência tem sido nosso principal problema há anos, no entanto, muito pouco tem sido feito para conter esse problema. As soluções enlatadas não estão dando o resultado esperado e as pessoas estão morrendo, seja por uso do crack ou por causa desse uso. Não podemos nos contentar em saber que existe uma ação governamental, lenta, que consiste em criar canteiros de obras, como é o caso da reforma do prédio da Prefeitura Municipal que se arrasta há quase 1 ano, e achar que administrar uma cidade se resume a isso. Temos muitos problemas sociais e sem investimento público, não há como dirimi-los e esse investimento não necessariamente são através de obras feitas com cimento, areia e tijolos.

Se realmente queremos mudar a realidade, devemos enfrentá-la e não administrar a cidade de acordo com resultados de pesquisas de opinião, cujo resultado reflete apenas a fragilidade das pessoas em opinar acertadamente, motivadas por anos e anos de engodo e da política do pão e circo. Para de fato mudar Conceição da Barra é preciso que saibamos que paradigmas devem ser quebrados. Não paradigmas comportamentais da sociedade, este, de fato, não é fácil de se mudar, mas para quem exerce o poder e tem, no mínimo, quatro anos de prazo, é preciso fazer o que é necessário e não o que o levará à reeleição.

A propósito, a reeleição é legítima e deve ser considerada, porém, que simbolize a vontade das pessoas associada ao desenvolvimento da cidade como um todo, do contrário, será apenas a troca do seis pelo meia-dúzia. Não é justo aproveitar-se da fragilidade das pessoas para cumprir o velho jargão "na terra de cego que tem um olho é rei". Eu já até escrevi sobre isto antes, mas é sempre bom lembrar que não quero ser habitante de uma "terra de cegos" nem muito menos acreditar que ter apenas um olho é fundamento básico para se tornar o líder máximo.

Precisamos nos conscientizar de que política se faz em conjunto e ainda assim, corremos sérios riscos de errar. Contudo, o erro em conjunto, nos dá a possibilidade de encarar nossas falhas e reconstruir nossos conceitos. O modelo de governo que vivenciamos em Conceição da Barra, está anos luz de um modelo verdadeiramente democrático, afinal, se as vozes que deveriam ecoar são caladas por vários meios de opressão, dentre os quais, o econômico, não há como admitir que a democracia é efetivamente exercida aqui.

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