Estou sempre utilizando os espaços que tenho para propor às pessoas reflexão acerca da nossa participação nos assuntos relacionados à política. Parafraseando um certo senador da República, sou adepto ao “samba de uma nota só”, e com isso acabo pagando um alto preço por esta insistência.
Mas não quero falar do preço que pago, porque sei que vale a pena. Quero tratar, especificamente, é da pouca ou nenhuma importância que dispensamos aos assuntos que nos levam a conclusões precipitadas ou até mesmo injustas em relação às decisões de governo, sejam os mesmos municipal, estadual ou federal.
Vou citar um exemplo desses equívocos que cometemos por não entender a dinâmica da participação política e que neste caso envolve os Direitos Humanos.
Recebo sistematicamente em minha caixa de e-mails, um texto no qual as pessoas, de modo geral, se queixam que o governo federal concede um auxílio-financeiro às famílias, cujos provedores (os pais das crianças) estejam presos. A revolta expressa nas palavras contidas no texto não deixa dúvidas de que se trata de algo “absurdo e inaceitável o governo sustentar bandido e sua família”, porém, a nossa Constituição Federal em seu 1º Artigo deixa claro quais são os fundamentos do estado democrático de direito e que contempla a “dignidade da pessoa humana”.
Aonde está esse “direito” quando um indivíduo cerceado do direito ao conhecimento, passa a infringir a Lei e agir de acordo com a suas próprias regras? Não seria o próprio estado o responsável pelo “marginal” que gerou na sociedade e portanto cabe a ele, o estado, prover sua família e evitar que os seus filhos sejam os futuros ocupantes da cela na qual o pai está encarcerado?
Precisamos rever nossos conceitos quando tiramos conclusões sobre questões como esta. É muito simples apontar culpados sem nos preocupar com a origem do problema. Estamos na eminência de nos tornar um dos países mais importantes do Mundo (se é que já não somos) e a preservação dos direitos humanos é uma das principais características de uma Nação que quer ter o título de desenvolvida.
Não parece justo o estado pagar o sustento das famílias dos presidiários, mas a nossa ignorância e o pensamento egoísta ao enxergar o problema por um só ângulo, legitima essa ação do estado, pois enquanto não tivermos o altruísmo como mola propulsora do nosso caráter, o estado terá sempre que fazer este papel sob pena de a tragédia social ser ainda maior do que já é hoje.
Quantas vezes agimos desleixadamente ao escolher os nossos representantes, ao votar em qualquer um ou votar em alguém usando critérios sem nenhum cabimento? Atitude como esta é que fazem brotar na sociedade o marginal que vai ser beneficiado com o dinheiro público. Não somos pessoas más, apenas temos um conceito de justiça que não leva em conta o quanto somos responsáveis pelas mazelas existentes na sociedade. A cada vez que ouço alguém dizer que detesta política e por isso não participa dela, vejo aumentar o número de pessoas que jamais se interessarão sobre os motivos que levam as pessoas a estarem encarceradas e o estado, ou melhor, o povo, sustentando suas respectivas famílias.
Quer que o governo não pague o sustento das famílias dos presos? Assuma o seu papel de cidadão e participe dos debates políticos, desta forma, você estará contribuindo para que as decisões de governo contemplem investimento em EDUCAÇÃO , ao invés de construção de PRESÍDIOS.
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