Quando queremos ajudar alguém que
tem uma boa ideia e não tem como colocá-la em prática, o primeiro pensamento que
nos vem em mente é como levantar os recursos necessários, ou seja, o dinheiro.
Contudo, tenho observado nos últimos anos que esta não é a realidade, embora,
todos repitam tal mantra.
Disponibilizar o dinheiro
caracterizou-se como uma forma fácil de nos livrar de um desafio que nos foi
proposto, dando-nos simplesmente margem para cobrar e, caso os envolvidos
fracassem, teremos um ótimo argumento para negar uma nova solicitação. E,
convenhamos, esta não seria o que poderíamos chamar de “parceria sustentável”.
A empresa Fíbria, antiga Aracruz
Celulose, sediada no norte do Estado do Espírito Santo, numa parceria com o
Instituto Votorantim, despertou para a necessidade de preparar e capacitar as
pessoas das comunidades onde a empresa atua, para que recebam os investimentos de
caráter social, mas que estes investimentos não signifiquem apenas “colocar”
dinheiro e mostrar para os sócios que fizera seu papel nessas comunidades. Embora no imaginário popular seja “obrigação”
da empresa investir no lugar onde está instalada ou desenvolve algum tipo de
atividade (plantio de eucalipto, como é o nosso caso), é fundamental que se
saiba exatamente como investir para que os impactos sociais futuros, sejam
contornados com os frutos do que se plantou no passado e não a retórica de que “fez
tudo o que a comunidade pediu que se fizesse”.
O projeto “Votorantim, parceria
pela Educação”, da Fibria, consiste exatamente em diagnosticar no seio da
comunidade o que ela necessita, porém, essencialmente, que este diagnóstico
parta da própria comunidade. O “colocar dinheiro”, passou a ser secundário na
medida em que a “ideia” torna-se mais importante do que os recursos, uma vez que
uma ideia que não seja boa e, sobretudo, não seja compartilhada com todos, tem
maior probabilidade de se tornar desperdício de dinheiro e tempo em algo que
apenas serviu de um mero formalismo da empresa, para justificar suas “boas ações”
nas comunidades onde efetua suas atividades fim.
Em Conceição da Barra, com
relação ao projeto, realizamos a etapa de mobilização, determinamos qual o
nosso foco de ação para o “piloto” e definimos uma entidade da sociedade civil
com um histórico de sucesso na comunidade - Associação Esportiva Palmeirinhas –
para iniciar essa jornada de experiência entre o que é preciso fazer, e o que
somos capazes, com nossa disciplina, determinação e força de vontade, em
manter. Os recursos, ou melhor, o dinheiro, surgirá por gravidade, na medida em
que os financiadores acreditarem que estão investindo em algo duradouro e não
“para inglês ver”.
Para se ter uma ideia, na
prática, do sucesso de um projeto exitoso e que tem promovido verdadeiramente a
cidadania na região onde esta sediada, visitamos hoje, 31 de Maio, o Projeto
Araçá, no município de São Mateus. Nos encantamos com o que pode vir a fazer o
ser humano que tem compromisso com o que é melhor para a coletividade. Oficinas
de teatro, música, áudio-visual, jornalismo, etc... é um pouco do que
verificamos das atividades da ONG que hoje estabelece parcerias com várias
empresas de renome, dentre elas, a própria Fibria, provando ser possível o
fortalecimento da sociedade através da iniciativa do poderoso 3º Setor. Não é
fácil, como nada na vida é, quando se quer transformar a realidade, mas sempre
é possível vencer, na medida em que acreditamos e somos conscientes, todos, do
que realmente significa uma “parceria sustentável”.
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