terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Redes Anti-sociais



Não se pode negar que o fenômeno “redes sociais” mudou completamente a relação dos seres humanos com o seu semelhante. Se antes não era possível sequer saber o que acontecia na casa do vizinho, hoje, através desse espetacular mecanismo de comunicação, sabemos até com que roupa a pessoa que mora no Japão, por exemplo, estará numa determinada festa. Contudo, essa “maravilha” não tem só pontos positivos. Ao avaliar mesmo que superficialmente os perfis que se apresentam, podemos enumerar uma diversidade enorme de personalidades que mesmo não dizendo sempre a verdade, naquele espaço público, se revela para todos aqueles a quem permitiu ter acesso ao seu perfil, provocando uma série de riscos, mas que não é o objeto dessas minhas mal traçadas linhas.

Quero me ater exclusivamente ao comportamento de pessoas que por estarem num meio de comunicação, onde não é possível verificar a reação do seu interlocutor pessoalmente, se acham no direito de ofender, magoar e até denegrir sua imagem. Por se tratar de palavras escritas e que nem sempre é possível expressá-las com fidelidade ao que está sentindo, uma colocação errada transforma-se num tormento na relação entre as pessoas, desconstruindo uma relação de, se não amizade, mas de respeito que durou anos, por exemplo.

Uma frase ou expressão numa rede social, mesmo escrita corretamente conforme nossas regras gramaticais, pode ter uma interpretação diferente daquela que quis dizer o escritor e provocar constrangimentos ou até mesmo fúria por parte do ofendido. Enquanto isto acontece no campo do acaso, ainda se tem uma chance de se consertar. Um dia, os envolvidos irão se encontrar e terão um diálogo “olho no olho” e poderão esclarecer o mal entendido. O problema é quando essas ofensas são feitas propositalmente e por se tratar de uma rede social, as pessoas entendem ser menos grave, numa equivocada avaliação de que escrever é menos grave do que dizer pessoalmente. Ledo engano. A facilidade da comunicação, permitida por esta novidade chamada rede social, gerou um ambiente estranho em que as pessoas não se cumprimentam na rua, mas são “amigas” no facebook. Que Mundo queremos construir, se aproveitamos da frieza de um mecanismo moderno de comunicação, para ofender, magoar, enfim fazer aquilo que não temos coragem de fazer pessoalmente?

Todos temos o direito, contudo, termina quando começa o direito alheio e isto vale também no mundo virtual. Inclusive já existem leis no Brasil para punir eventuais crimes cometidos pela internet. Dentre eles, calúnia e difamação. Não podemos aceitar que a modernidade nos transforme em seres abstratos que por serem membros de uma comunidade virtual, se acham no direito de dar vazão aos seus instintos mais primitivos, tentando provar para as pessoas aquilo que elas não querem, nem de longe, saber sobre o seu caráter.

Não transforme as “redes sociais” em redes “anti-sociais” para dar vazão ao que de pior tem em sua personalidade. Ao contrário, aproveite este mecanismo fantástico e mostre ao Mundo o quanto você é sensível e preocupado com os destinos da humanidade. Escreva sobre seu filme predileto, grupo musical, etc... mas também diga ao Mundo o quanto você respeita a diversidade: a religião, o time de futebol, o posicionamento político, a sexualidade das pessoas, enfim, assim teremos de fato redes sociais e não um monte de gente matraqueando sem parar, achando que por ser um mundo virtual, não há regras de nem comportamento padrão.

Que o ano de 2013 seja muito mais produtivo para você e que a maturidade no uso das redes sociais possa ser um ponto marcante nos objetivos que traçou para o Novo Ano!

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