sexta-feira, 26 de abril de 2013

Nosso maior desafio


(*) Paulo Hartung (Economista e ex-governador do Espírito Santo)

No início do mês, estive em Porto Alegre para falar no Fórum da Liberdade sobre infraestrutura socioeconômica e seus desafios. Compartilho aqui minha principal convicção lá apresentada: o maior desafio nacional no campo da infraestrutura social e econômica não são os portos, ferrovias, rodovias, aeroportos, apesar do estrangulamento e da gravidade da situação desses modais logísticos, como bem sabemos nas terras capixabas e o Brasil enxergam com clareza nestes dias de filas intermináveis para escoar a produção de grãos. Nosso maior desafio é a educação, principalmente dos jovens.

Nas últimas quatro décadas, o mundo se transfigurou. A reboque da globalização econômica e da emergência das tecnologias de informação e comunicação (TICs), o planeta assumiu outra face. Nesta sociedade, que comumente se chama do “conhecimento” ou da “informação”, é impensável que uma Nação que se pretenda autônoma e igualitária não dê prioridade à melhoria da qualidade educacional.

Se, como tenho dito, para quem já está na vanguarda mundial no campo da educação a contemporaneidade impõe os desafios da atualização, o que dizer então, sobre quem registra atrasos históricos nessa área, como é o caso do Brasil? Vivemos assim, um desafio em dose dupla, pois é necessário ajustar as contas do passado e investir para fazer um futuro diferente.
Nessa direção, é preciso qualificar a formação e valorizar a carreira do professor; melhorar o ensino de leitura, escrita e matemática; enfrentar efetivamente as causas da evasão e repetência; integrar família e escola; investir em livros e tecnologia; dar atenção especial à gestão escolar; e avaliar o desempenho das escolas.

Isso sem falar nos desafios da educação técnica e superior, que demandam investimentos em ampliação da rede de ensino, formação docente, pesquisa e inovação, avaliação de desempenho, isso tudo num necessário ambiente de diálogo entre sistema educacional e modelo de desenvolvimento socioeconômico.

As referências da vida atual e o desafio nacional de se fazer reformas que garantam um processo de desenvolvimento sustentável para as atuais e futuras gerações colocam a instrução de qualidade como o principal projeto de nossa Nação.

Por isso, um mutirão nacional pela educação democratizada e qualificada deve ser visto como uma tarefa, um “dever de casa” obrigatório para todos, poderes públicos, organizações da sociedade civil, famílias, cidadãos.



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