(*) Paulo Hartung (Economista e ex-governador do
Espírito Santo)
No início do mês, estive em Porto Alegre para falar no
Fórum da Liberdade sobre infraestrutura socioeconômica e seus desafios.
Compartilho aqui minha principal convicção lá apresentada: o maior desafio
nacional no campo da infraestrutura social e econômica não são os portos,
ferrovias, rodovias, aeroportos, apesar do estrangulamento e da gravidade da
situação desses modais logísticos, como bem sabemos nas terras capixabas e o
Brasil enxergam com clareza nestes dias de filas intermináveis para escoar a
produção de grãos. Nosso maior desafio é a educação, principalmente dos jovens.
Nas últimas quatro décadas, o mundo se transfigurou. A
reboque da globalização econômica e da emergência das tecnologias de informação
e comunicação (TICs), o planeta assumiu outra face. Nesta sociedade, que
comumente se chama do “conhecimento” ou da “informação”, é impensável que uma
Nação que se pretenda autônoma e igualitária não dê prioridade à melhoria da
qualidade educacional.
Se, como tenho dito, para quem já está na vanguarda
mundial no campo da educação a contemporaneidade impõe os desafios da
atualização, o que dizer então, sobre quem registra atrasos históricos nessa
área, como é o caso do Brasil? Vivemos assim, um desafio em dose dupla, pois é
necessário ajustar as contas do passado e investir para fazer um futuro
diferente.
Nessa direção, é preciso qualificar a formação e
valorizar a carreira do professor; melhorar o ensino de leitura, escrita e
matemática; enfrentar efetivamente as causas da evasão e repetência; integrar
família e escola; investir em livros e tecnologia; dar atenção especial à
gestão escolar; e avaliar o desempenho das escolas.
Isso sem falar nos desafios da educação técnica e
superior, que demandam investimentos em ampliação da rede de ensino, formação
docente, pesquisa e inovação, avaliação de desempenho, isso tudo num necessário
ambiente de diálogo entre sistema educacional e modelo de desenvolvimento socioeconômico.
As referências da vida atual e o desafio nacional de se
fazer reformas que garantam um processo de desenvolvimento sustentável para as
atuais e futuras gerações colocam a instrução de qualidade como o principal
projeto de nossa Nação.
Por isso, um mutirão nacional pela educação democratizada
e qualificada deve ser visto como uma tarefa, um “dever de casa” obrigatório
para todos, poderes públicos, organizações da sociedade civil, famílias,
cidadãos.
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