A "cartinha" encaminhada pela Secretaria Municipal de Educação de Conceição da Barra aos pais dos alunos do Ensino Público Municipal, distribuídas diligentemente na porta das escolas, me chamou a atenção não pelo conteúdo em si, que teve por finalidade informar sobre a reposição das aulas, em virtude dos dias sem aulas no período em que os professores e demais profissionais da educação, decidiram decretar o "estado de greve" por melhorias salariais. O que me causou estranheza foi o "tom" no comunicado que ao meu ver, ao mencionar o "envolvimento pessoal" do prefeito na construção dessa grade de reposição de aulas, remete ao esforço empreendido pelo chefe do Poder Executivo Municipal numa tarefa que é exclusiva dos profissionais que deverão fazer a devida reposição.
Se o magistério entendeu que deveria fazer o movimento por melhores salários e a proposta do Executivo, embora não aceita unanimemente, melhorou parcialmente em relação à primeira - antes da decisão pelo "estado de greve" - deixou claro que de fato havia necessidade de chamar a atenção da administração municipal quanto ao absurdo que é um professor pós-graduado receber míseros R$960,00 por mês. O movimento foi legítimo e somente a meia-dúzia que compõem os quadros comissionados do prefeito, afirmavam "não precisar fazer tal movimento" para que os professores conseguissem a correção salarial considerada por eles, possível.
De volta à cartinha: O tom, como já citei anteriormente, destacando que "nosso objetivo é garantir que não haja qualquer prejuízo para a formação intelectual dos alunos e os conteúdos que os alunos deixaram de receber nesse período, sejam integralmente recuperados", após a dispensável informação de que o "o prefeito Jorginho Donati está conduzindo pessoalmente" o processo, passa uma ideia equivocada de que a responsabilidade por este "inconveniente", provocando inclusive uma ocupação a mais para o prefeito, é dos professores que decidiram parar parcialmente, "sem necessidade", como apregoaram os comandados do chefe do Pode Executivo Municipal.
Escrevo esse texto na expectativa de que as pessoas que me acompanham pelas redes sociais possam fazer também uma reflexão e chegarem as suas próprias conclusões. Não podemos permitir que os movimentos cuja finalidade é oferecer aos servidores públicos melhores condições salariais, sejam frustrados por posturas ditatoriais, que tentam de forma clara minar a disposição dos diversos setores da sociedade a protestarem contra aquilo que julgam ser impróprio para quem vive num País democrático. Os professores não são "culpados" por termos que mandar nossos filhos para a escola, em horários extraordinários, por conta dos dias sem aulas. Ao contrário, a luta, que foi também nossa, embora não tenhamos obtido os resultados esperados (o piso nacional) serviu para mostrar que quando estamos com a razão, o bom senso é o principal articulador das mobilizações.
Espero que os pais dos alunos que farão as reposições das aulas e que estejam, porventura, lendo esse texto, compreenda que em muitos casos, para ganhar, é preciso perder e neste caso, o "perder" foi ganho, pois apesar do "inconveniente" de mandar os filhos para a escola em horários extras, teremos profissionais mais motivados, face aos direitos conquistados. Não há vitória sem luta, e de minha parte espero que os professores que receberam de nós todo o apoio para sua legítima luta, nos premie com sua dedicação de sempre, na oferta do ensino aos nossos filhos.
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