Tenho acompanhado os noticiários no que diz respeito ao
desafio do poder público em atenuar os problemas sociais, cuja motivação é o
consumo de drogas ilícitas. Já não é novidade para ninguém que a maioria das ocorrências
policiais envolvendo homicídios, espancamentos, estupros entre outros crimes,
são motivados pelo uso de algum tipo de entorpecente.
De fato, não é um problema fácil de ser resolvido. O
crack, por exemplo, segundo estimativas, mata o usuário rapidamente, mas não
tão rápido a ponto de evitar que este usuário destrua a vida de muitas pessoas,
sobretudo aquelas que o amam, seja pela profunda tristeza de ver um ente
querido se encaminhando para um abismo sem volta, ou vitimado por este que ao
perder integralmente sua capacidade de responder por seus atos, agridem e em alguns
casos, matam essas pessoas.
No nosso Estado, o Espírito Santo, o governo estadual
quer estabelecer parcerias com as chamadas “Casas de Recuperação”. Trata-se de
espaços terapêuticos, na maioria ligadas a alguma religião, que oferecem às
famílias com problemas dessa natureza a oportunidade de internar parentes
envolvidos com o consumo de drogas ou álcool, em troca de alguma ajuda
financeira mensal para que estes possam suprir as necessidades básicas na
manutenção desses espaços. Essa parceria exige alguns pré-requisitos tais como
a contratação de profissionais capacitados para o exercício de determinadas
profissões, como psicólogo, por exemplo, além de outras formalidades
concernentes ao funcionamento da “Casa”.
A parceria é válida e será um importante incremento na
valorização dessa iniciativa, que vem colaborando para o enfrentamento dos
problemas tão graves e considerados um “câncer” na sociedade. Contudo, vale
ressaltar que um dos pontos que não é considerado uma obrigatoriedade e passa
ao largo quando se explora esse tema, é a necessidade de ofertar educação
nesses espaços.
As pessoas que estão num espaço como este, uma Casa de
Recuperação para dependentes químicos, estão fragilizadas em todos os sentidos.
Ao oferecer a essas pessoas a oportunidade de visualizar na prática a
importância do CONHECIMENTO, ela entenderá que não é uma “pedra no sapato” de
ninguém e que apesar de estar ali, há pessoas que acreditam na sua recuperação
e no seu retorno ao convívio social mais preparado para ser um cidadão, após
adquirir conhecimentos que não teve enquanto estava fora da “Casa”.
É preciso ter um conjunto de valores para resgatar
essas pessoas de fato dessa condição desumana que é a dependência química. Tudo
é importante: a espiritualidade, a alimentação, a atividade física, o
entretenimento, a cultura, mas, sobretudo, é preciso oferecer a essas pessoas o
conhecimento para que ao sair dali, perceba que a luz que se acendeu enquanto
esteve internado numa Casa de Recuperação, poderá brilhar com muito mais
intensidade, se decidir se aprofundar na busca por mais conhecimento quando
estiver no pleno convívio social.
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