Não aceitar
posições contrárias às manifestações, revelam um País longe dos conceitos reais
de democracia. Contudo, isso está acontecendo no Brasil e formou-se uma
ditadura às avessas, ou seja, o povo que foi para as ruas não aceitam quem tem
outras maneiras de protestar, como expor a bandeira do seu partido e suas
convicções.
É evidente
que eu também quero mais do que se ofereceu até agora, mas não posso esquecer
que o Brasil é um País jovem e a corrupção é parte de sua paisagem desde os
tempos de sua descoberta. Portanto, o que me cabe é diariamente tentar mudar
essa realidade, participando dos debates e expondo minhas ideias nos fóruns
específicos. E isto só vemos com os poucos que com suas bandeiras partidárias,
estão sempre na luta, quase sempre isolados pois a população “está muito
ocupada” para se envolver com isso.
A corrupção
não está circunscrita aos arredores do Planalto, no Senado Federal, na Câmara
dos Deputados e nas Assembleias Legislativas e Câmara de Vereadores Brasil
afora. Está em toda parte e não vou descrever esses lugares aqui pois não
haveria espaço, mesmo se tratando de um editor de texto com capacidade infinita
de receber palavras. Neste ponto, me permito um exagero, para que o leitor
saiba que quando se fala de corrupção, não se pode responsabilizar exclusivamente
este ou aquele setor.
Ir para a
rua protestar é democrático e muito importante, mas é preciso ter um objetivo
claro. O movimento que destituiu Fernando Collor de Mello da Presidência era
objetivo: "Fora Collor!" Hoje, à exceção do Movimento do Passe Livre,
que estabeleceu uma pauta clara e teve seu objetivo conquistado - a redução dos
preços das passagens de ônibus - vejo uma multidão segurando cartazes com
frases pedindo o que eu peço todos os dias, mas estou ciente de que uma guerra
se vence com batalhas, não com decretos como supõem muitos dos manifestantes.
Com todo
respeito, sobretudo aos meus amigos que me acompanham e que estão se dando ao
trabalho de ler este texto, quero deixar claro que o meu incômodo não é com as
manifestações. Sou um democrata e é legítimo que o povo se manifeste, contudo,
defendo um modelo de participação muito mais eficaz e duradouro do que este que
assisti durante a semana. Não fosse o fato de que os olhos do Mundo estão sobre
nós, em função dos eventos esportivos e o dinamismo que as redes sociais
proporcionam, tenho minhas dúvidas se os que se opõem ao Governo Federal, estariam
nas ruas.
A maioria está protestando contra um governo que se não é perfeito, e
nenhum governo é, alcançou metas nunca antes imaginada. Estão usando de uma
estratégia perigosa pois os protestos não são contra Dilma e os governistas,
mas contra os políticos e a política de forma generalizada, a ponto de os
partidos terem sido expulsos das passeatas, como se fossem os militantes partidários
que elegessem deputados, senadores, etc... A última vez que os partidos foram
cerceados, a ditadura foi estabelecida e por 20 anos.
Há tempos
as eleições são vencidas por dinheiro. Cabos eleitorais vão para as ruas nos
períodos eleitorais, garantidos por um contrato de trabalho. Não há um indício
sequer de que a militância partidária consiga eleger alguém, e, se o faz, são
esquecidos depois que o sujeito consegue o seu objetivo. Penso que a
legitimidade das manifestações estaria garantida se as pessoas que ali
estivessem, soubessem separar o joio do trigo e essa prática, seria ainda mais
útil, se utilizada no dia a dia das cidades e, principalmente, na hora de digitar os números na urna.