sábado, 22 de junho de 2013

A legitimidade do protesto

Não aceitar posições contrárias às manifestações, revelam um País longe dos conceitos reais de democracia. Contudo, isso está acontecendo no Brasil e formou-se uma ditadura às avessas, ou seja, o povo que foi para as ruas não aceitam quem tem outras maneiras de protestar, como expor a bandeira do seu partido e suas convicções.

É evidente que eu também quero mais do que se ofereceu até agora, mas não posso esquecer que o Brasil é um País jovem e a corrupção é parte de sua paisagem desde os tempos de sua descoberta. Portanto, o que me cabe é diariamente tentar mudar essa realidade, participando dos debates e expondo minhas ideias nos fóruns específicos. E isto só vemos com os poucos que com suas bandeiras partidárias, estão sempre na luta, quase sempre isolados pois a população “está muito ocupada” para se envolver com isso.

A corrupção não está circunscrita aos arredores do Planalto, no Senado Federal, na Câmara dos Deputados e nas Assembleias Legislativas e Câmara de Vereadores Brasil afora. Está em toda parte e não vou descrever esses lugares aqui pois não haveria espaço, mesmo se tratando de um editor de texto com capacidade infinita de receber palavras. Neste ponto, me permito um exagero, para que o leitor saiba que quando se fala de corrupção, não se pode responsabilizar exclusivamente este ou aquele setor.

Ir para a rua protestar é democrático e muito importante, mas é preciso ter um objetivo claro. O movimento que destituiu Fernando Collor de Mello da Presidência era objetivo: "Fora Collor!" Hoje, à exceção do Movimento do Passe Livre, que estabeleceu uma pauta clara e teve seu objetivo conquistado - a redução dos preços das passagens de ônibus - vejo uma multidão segurando cartazes com frases pedindo o que eu peço todos os dias, mas estou ciente de que uma guerra se vence com batalhas, não com decretos como supõem muitos dos manifestantes.

Com todo respeito, sobretudo aos meus amigos que me acompanham e que estão se dando ao trabalho de ler este texto, quero deixar claro que o meu incômodo não é com as manifestações. Sou um democrata e é legítimo que o povo se manifeste, contudo, defendo um modelo de participação muito mais eficaz e duradouro do que este que assisti durante a semana. Não fosse o fato de que os olhos do Mundo estão sobre nós, em função dos eventos esportivos e o dinamismo que as redes sociais proporcionam, tenho minhas dúvidas se os que se opõem ao Governo Federal, estariam nas ruas. 

A maioria está protestando contra um governo que se não é perfeito, e nenhum governo é, alcançou metas nunca antes imaginada. Estão usando de uma estratégia perigosa pois os protestos não são contra Dilma e os governistas, mas contra os políticos e a política de forma generalizada, a ponto de os partidos terem sido expulsos das passeatas, como se fossem os militantes partidários que elegessem deputados, senadores, etc... A última vez que os partidos foram cerceados, a ditadura foi estabelecida e por 20 anos.

Há tempos as eleições são vencidas por dinheiro. Cabos eleitorais vão para as ruas nos períodos eleitorais, garantidos por um contrato de trabalho. Não há um indício sequer de que a militância partidária consiga eleger alguém, e, se o faz, são esquecidos depois que o sujeito consegue o seu objetivo. Penso que a legitimidade das manifestações estaria garantida se as pessoas que ali estivessem, soubessem separar o joio do trigo e essa prática, seria ainda mais útil, se utilizada no dia a dia das cidades e, principalmente, na hora de digitar os números na urna.

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