Participei
ontem, 12 de abril, de uma solenidade da Prefeitura Municipal em que o objetivo
era o anúncio da drenagem e calçamento das ruas do bairro Antônio Lopes, em
Conceição da Barra.
Poderia
discorrer aqui sobre o quanto é importante tal obra para o bairro, na medida em
que qualquer pesquisa que se faça, em primeiríssimo lugar verifica-se que o “calçamento”
é a exigência número 1 da população. Mas não vou me ater a este tema, especificamente.
Vou propor uma reflexão sobre “o quanto poderíamos ter avançado se tivéssemos
um governo com vocação para parcerias”.
O
prefeito, em seu pronunciamento, fala com orgulho que em seus 5 anos a frente
da Prefeitura investiu (com recursos próprios) cerca de R$50milhões (sic) e que
nenhum outro administrador foi tão rigoroso em não permitir que condutas
irresponsáveis, no trato com os recursos públicos, passassem incólumes, possibilitando
assim economia aos cofres e obras no município.
Fez
críticas ao sistema de licitação, que obriga o gestor público a contratar pelo
menor preço e, em muitos casos, fica refém dessas empresas vencedoras que não
raro, não dão conta do objeto do contrato, atrasando as obras. Dentre os
motivos de orgulho, citou o fato de ter “apenas 10 secretários municipais”,
ignorando as 3 Superintendências que criou fazendo do cargo de “secretário”
apenas um apêndice, sem nenhuma autonomia e no meu modo de ver, humilhante para
quem o ocupa.
O
prefeito aproveitou para alfinetar o vereador Hermes (PSB) que fez duras
críticas ao afirmar: “tomara que esta obra seja concluída, ao contrário de
tantas outras inacabadas em nosso município!” Em resposta ao vereador, o
prefeito disse que “não há nada mais motivador do que ouvir que uma determinada
obra não será concluída”, se referindo ao empenho maior por parte do gestor
para a conclusão da obra, sobretudo quando tal crítica parte de um
representante do povo.
O
orgulho de investir recursos próprios em obras que poderiam ser fruto de
parcerias, é o que mais me incomoda e entristece na administração municipal
reeleita em Conceição da Barra. O sofrimento da sociedade com professores
desmotivados por questões salariais; a saúde sempre em falta em diversos
aspectos e o desemprego que provoca boa parte do caos social a que estamos
submetidos, são os efeitos colaterais desse “governo de um homem só”.
Se
por um lado é bom que tenhamos um gestor que “economiza”, por outro fica a
pergunta: É justo pagar um preço tão alto, para justificar um discurso de que é
um gestor exemplar, merecendo inclusive elogios do seu mentor político, o
ex-prefeito de Vitória e ex-deputado federal Luiz Paulo Velozo Lucas?
É
muito importante ter ruas drenadas e calçadas, e fico particularmente feliz com
o atendimento a essas comunidades, mas um governo deve priorizar pessoas e ter
a coragem de investir naquilo que lhes proporcionará dignidade. Se o cobertor é
curto, e sabemos que é, precisa-se de humildade para buscar parcerias para a
realização de obras estruturantes e que os “recursos próprios” sejam utilizados
com o povo, no seu bem-estar, observando os vários aspectos de nosso município
cuja população apenas sobrevive, tão-somente sobrevive em Conceição da Barra.
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