segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Nunca é tarde demais

O assunto que vou discorrer agora poderia até estar relacionado exclusivamente à beleza do espetáculo que assisti na minha Conceição da Barra, no último sábado, 13, quando alunas da professora de balet Cláudia Lago, nos proporcionaram momentos de encantamento com a exposição de movimentos merecidamente aplaudidos por uma plateia que, de fato, desacostumou-se a eventos dessa natureza. Definitivamente, a arte e a cultura não têm sido o que podemos chamar de prioridade. Mas quem sabe não estejamos assistindo a uma mudança de ventos neste sentido na Barra? Tudo é possível ao que crê.

Contudo, não me aterei ao viés político, embora acredite que se há uma mudança em curso na Barra, no que diz respeito à arte e a cultura, se deu sobretudo em função de críticas e observações que se fazem sempre que possível, colaborando assim para o despertar de quem governa. Como eu sempre digo: Governar é também ouvir pessoas e não fazer tudo ao seu bel prazer. Este sim, um outro paradigma que precisa ser quebrado aqui e em outros lugares desse imenso Brasil.

Paradigmas... quantos foram quebrados durante o evento na quadra do Jemar! Com uma sensibilidade própria de quem trabalha e é apaixonada pela arte, a professora Cláudia surpreendeu ao incluir em um dos grupos de dança, uma menininha numa cadeira de rodas, passando uma mensagem importante de que as limitações físicas ou de outra ordem, não podem anular sonhos. Para alguns pode até ter sido um fato normal, corriqueiro, mas creio que para a grande maioria, uma pessoa com limitação física se apresentar num espetáculo de dança, é chocante dada à realidade de que ainda vivemos num Mundo aonde um “defeito físico”, constitui incapacidade... mais um equívoco desfeito.

Inspirado em fábulas natalinas, o espetáculo contou especialmente com a participação de pessoas de religiões diversas. Mais uma demonstração de que convicções de qualquer ordem, não podem servir de abismo, de distância entre seres humanos. A interpretação da índia Pocahontas, pela “Ministra de Dança” da Igreja Batista Vida e Paz, Daniele Venâncio, arrancou aplausos de uma plateia que não se dispersou, como acontece comumente, na medida em que suas pequenas princesas vão dando seu recado e descendo do palco.

Por fim, a sequência de paradigmas quebrados numa noite muito especial para quem decidiu assistir a um espetáculo tão incomum na cidade, foi a participação de Kátia Quartezani, minha esposa, dançando com a leveza de uma verdadeira bailarina, apesar de contabilizar e não esconder seus 44 anos de idade. “Nossa, não acreditei que era você Kátia!”, foi a frase que ela mais ouviu, pós evento, provocando a resposta imediata própria de sua personalidade: “Você também pode, é só querer”.

Que a nossa cidade possa a cada dia se permitir olhar as pessoas com “outros olhos”. Com os olhos da admiração, do bem querer, da torcida a favor e não regozijar-se com os fracassos alheios pois até mesmo os eventuais fracassos, servem de impulso para o crescimento daqueles que têm certeza que Deus está em tudo o que se faz com amor. Um grande e fraterno abraço à Cláudia Lago e a todos os responsáveis por tão belo espetáculo, a quem dedico este texto, além de minha amada esposa. Sejam felizes, sempre!



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