quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Trabalhando por amor

Logo após o anúncio feito pela assessoria da Presidente da República, Dilma Rousseff, com relação ao novo Ministro da Educação - aquele que comandará a pasta mais importante para o País em seu novo mandato - choveu nas redes sociais críticas sobre o escolhido. O ex-Governador do Ceará, Cid Gomes, irmão do polêmico e competente ex-Ministro e ex-Presidenciável, Ciro Gomes, foi bombardeado pela oposição. O motivo principal foi por uma declaração que deu durante as negociações com o Magistério de seu Estado. Cid Gomes teria dito que “professor deve trabalhar por amor e quem não o fizer, deveria escolher outra profissão”.

É claro que chega a ser patético achar que alguém se disporá a trabalhar por amor, como sugeriu Cid Gomes, em qualquer área mas, convenhamos, o profissional da educação é tão importante que não há remuneração capaz de suprir o seu mérito. Alguém capaz de transformar uma sociedade, para o bem, não pode ter como motivação exclusiva o salário que recebe. Entretanto, é preciso pagar contas, manter a dignidade, até para que se possa de fato ser uma referência na sociedade, em todos os sentidos.

Para mim, o professor deve ser alguém tão admirado e ter seu valor tão consolidado na sociedade, que sequer deveria pagar pelas roupas que veste. Assim como os parlamentares têm direito ao chamado “auxílio-paletó” (entre outros direitos), os professores deveriam ter também por parte do Estado, a garantia de que até o seu vestir, é de responsabilidade do Estado, ou seja, nossa responsabilidade.

Mas é também importante ter consciência de que alguém cuja responsabilidade é tão grande, não pode se comportar como um mendicante do Estado. O professor não pode simplesmente considerar-se menor, aceitando sua condição imposta por uma sociedade que ainda não percebeu a importância do seu trabalho, e principalmente, transmitir esse sentimento (ou pensamento) para aqueles que dependem dele para não estarem, um dia, nessa mesma condição, ou seja, seus alunos. Não na condição de professor, que seria uma honra para cada um deles, mas na condição de coitadinho, injustiçado, por ter escolhido a profissão errada. Ser professor é sobretudo uma honra e merece ser exaltada em primeiro lugar pelo próprio professor.

É preciso se apaixonar pela educação e fazer isso em conjunto, estabelecendo metas na escola em parceria com os demais atores, a saber, a própria sociedade, pais de alunos e os profissionais. Se o então Governador do Ceará e agora Ministro da Educação, Cid Gomes, está correto ou não, ao afirmar que a educação não é para quem quer ficar rico, é difícil dizer, mas enquanto a educação for apenas uma questão de salários, tenho certeza de que nunca chegaremos a nenhum lugar, pois no sistema capitalista sempre queremos mais. Só nos esquecemos de que no capitalismo, é preciso dar retorno e assim, automaticamente, o mercado nos valoriza.

É preciso que os profissionais e os futuros profissionais da educação, iniciem a construção de uma sociedade que o valorize naturalmente, sem que seja preciso que Sindicatos pressionem Governos para reconhecerem o seu valor. Os Sindicatos são uma grande conquista, mas em relação à educação, uma sociedade consciente e avançada faria o seu papel, com louvor. Sem o professor, não iremos a parte alguma.

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