terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O bom e velho MDB


Ontem, o primeiro dia do mês de fevereiro de 2021, assistimos ao Brasil, mais precisamente os Deputados Federais e os Senadores, desperdiçarem a oportunidade de ver as duas Casas do Povo, estarem sob o comando de pessoas que de fato, representam aquele Poder. 

Baleia Rossi, na Câmara dos Deputados e Simone Tebet, no Senado, seriam o contraponto perfeito, sem excessos ou radicalismos, para conter o Presidente em seus delírios. Quanto ao tão propagado impeachment, ambos sabem que este Instituto não necessita ser usado a todo momento. Além de custar caro ao país e especialmente ao MDB. 

Analisar cuidadosamente cada proposta de abertura de processo de impeachment, função que cabe ao Presidente da Câmara dos Deputados, seria um exercício fácil para Baleia Rossi. Foi forjado politicamente no diálogo, é consciente de que a política "não é função hepática, não se faz com o fígado", parafraseando o eterno e saudoso Deputado Ulysses Guimarães.

Motivados também pelas emendas extras liberadas por Bolsonaro, cujo destino serão obras em seus estados e municípios respectivos, os Deputados e Senadores não tiveram dúvidas sobre o que seria melhor e mais lucrativo. Entre escolher os candidatos preferidos do Capitão ou perder ou a oportunidade de "fazer uma graça" com seus eleitores nos respectivos redutos - num ano que antecede as eleições - ficou irresistível para a maioria dos nobres congressistas.

O importante é ganhar. A ideologia e outras condutas consideradas ingênuas (como a fidelidade partidária por exemplo), ficaram no segundo plano, junto com a possibilidade de um debate mais produtivo, focado em ações que nos tirem da crise e nos traga desenvolvimento, empregos e dignidade.  

A harmonia entre os Poderes não pressupõe subserviência entre um e outro, contudo, ao interferir diretamente na escolha das Presidências das duas Casas, o sinal que o Parlamento emite para o país é este: Subserviência.

Perdemos a oportunidade de uma "Câmara Livre", slogan da campanha do Presidente Nacional do MDB, Baleia Rossi, que conseguiu por mérito alcançar 145 votos, ante os 306 de Arthur Lira, o candidato de Bolsonaro. 

Já Simone Tebet, com o peso de ter sido preterida por colegas do próprio MDB, conduta que dificilmente considerarei como legítima, conquistou 21 votos, sendo derrotada por seu colega mineiro, Rodrigo Pacheco, o outro candidato de Bolsonaro. 

Os debates das reformas por exemplo, ficarão a mercê do Executivo, uma vez que tem o crédito de ter elegido o comando das duas Casas. A pauta sempre terá como prioridade as demandas que o Poder Executivo estabelecer e não o Parlamento. Espero ser surpreendido neste sentido, porém, duvido.

Definitivamente, o Parlamento perdeu a oportunidade do protagonismo, pois preferiram sucumbir a tentação de estar fazendo o mais do mesmo - prática que muitos condenaram antes de serem eleitos - no lugar de terem o reconhecimento no futuro, de terem feito o que é certo e não o que era mais lucrativo, do ponto de vista eleitoral.

Baleia e Simone não carregarão essa marca. Optaram pela dignidade, a disputa na moral, no debate, em todo o processo.

Me orgulho de fazer parte do novo MDB. O MDB de Baleia Rossi e Simone Tebet. E espero que de hoje em diante, parte do povo brasileiro que porventura associou o partido de Ulysses Guimarães a cargos, pesquisem sobre o que foi a campanha para as Presidências do Senado e da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2021. Constatará que o MDB está vivo, com a chama acesa e nas pessoas de Baleia Rossi e Simone Tebet, foi grandiosamente representado num processo de muita traição e conluios, mas também de demonstrações da grande força que tem a militância do Movimento Democrático Brasileiro.

Viva o MDB!!!


Carlos Quartezani

Presidente do MDB/Conceição da Barra-ES

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