O tema que vou abordar nessas próximas linhas não está relacionado ao meu costumeiro hábito de escrever sobre o meu lugar, o meu torrão Conceição da Barra, mas ao país inteiro que, ao meu ver, em algumas regiões mais que outras, se perdeu quanto a importância de construir sua própria história, no lugar que escolheram viver e estão permitindo que outros interesses os conduzam.
Desde que o mundo é mundo, mesmo nos tempos mais remotos, a necessidade de sobrevivência obrigou o homem a viver em comunidade, estabelecendo regras e procurando sempre aprimorá-las, na medida em que as circunstâncias exijam.
O homem primitivo também percebeu que, se foi presenteado por Deus com a "racionalidade", característica inerente apenas ao homo sapiens, usá-la em benefício da coletividade é uma ação imprescindível. Do contrário, a razão não seria, assim, um benefício tão essencial.
Pois bem, dito isto, provoco aqui o meu leitor que pacientemente chegou até aqui, depois desse preâmbulo com cara de aula de ciências, a refletir sobre o "porquê" estamos tão afastados de nossa real função na sociedade, que é participar ativamente e com qualidade da vida política, apontando, na nossa opinião, os problemas e as soluções que acredita ser as mais acertadas.
Se você acredita que só usar a rede social e postar "fora este, fora aquele", se referindo ao governante do momento, lamento informar que não é suficiente. Se não estamos satisfeitos, é legítimo reclamar mas se lançarmos mão de uma poderosa arma (que não é de fogo), chamada conhecimento e buscar dentro do sistema organizacional do país a melhor forma de ser mais eficaz na "reclamação", teremos dado um passo importante e deixado de ser um mero comentarista do mundo virtual.
Conheço pessoas, por exemplo, que se dizem verdadeiros patriotas mas nunca tiveram tempo para participar de uma reunião, cujo objetivo era discutir sobre um determinado problema do bairro que vive, ou, pior, as reuniões da escola onde o filho estuda, nunca pode contar com a sua importante presença. Esse "patriota" está preocupado com o seu país? Acho que não.
Cidadania é participar de tudo que está à sua volta e que está relacionado ao lugar que você vive. Não podemos aceitar, como normal, por exemplo, a prática de todo tipo de violência como se o fato de ser uma "realidade nacional" não requisesse o nosso enfrentamento e, ao contrário, fazemos cara de paisagem, até que um dia (oro para que não aconteça com você) sejamos nós, a próxima vítima.
Não espere que as "autoridades" ajam no automático, sem a necessidade de que você se manifeste. Não funciona assim. Se a comunidade, diretamente envolvida no problema não se manifesta - nos devidos espaços criados para este fim - esqueça qualquer providência. Ela não virá e se vier, será tão lenta que você já estará absorvido por outro problema pois aquele já foi para a vala do esquecimento.
Agradeço quem me acompanhou até com a leitura do presente texto e espero que tenha sido claro o suficiente para que assumamos, enquanto sociedade, o papel ao qual ninguém pode nos substituir.
Suas escolhas têm relação direta com a qualidade da vida no lugar que você escolheu e a responsabilidade é toda sua, se as coisas vão bem ou mal.
São Mateus-ES, 07/06/2022
Carlos Quartezani
Jornalista e Microempreendedor