quarta-feira, 13 de julho de 2022

A exceção não pode ser a regra

Sobre o médico anestesista flagrado praticando estupro de vulnerável, aproveitando-se do estado de torpor de pacientes grávidas submetidas à anestesia, não tem perdão. Embora tenha direito à defesa, como estabelece o estado democrático de direito, as imagens falam por si.

O fato, ou os fatos, já que consta que o facínora praticou o crime reiteradas vezes, ocorreram em São João de Meriti, no Estado do Rio de Janeiro e é assunto na mídia nacional. Não é para menos, o infeliz é praticante de uma covardia inominável.

No entanto, e aqui justifico a minha abordagem no presente texto, esse babaca não representa a classe médica e nem muito menos a classe masculina. Homem que se preza, trata a mulher com respeito, carinho e dignidade e o ritual da conquista passa por virtudes que um canalha como esse nunca terá. 

Advogo aqui em favor do enorme número de homens, como este que vos escreve, que é preciso ser mais cautelosos quando se pratica o ativismo, seja qual for o foco.

Nós, os verdadeiros homens, não merecemos ser comparados ou, ainda que sutilmente, inseridos no hall de canalhas como este, para potencializar o movimento feminista que ao meu ver, tem toda legitimidade, porém, muitas falhas e não está relacionado integralmente à luta por correção de condutas indevidas do gênero oposto, mas ao oportunismo eleitoral. Posso ser condenado por esse ponto de vista, mas não serei por ser morno, como é próprio de muitos.

Que a HISTÓRIA, a disciplina História na grade curricular escolar, seja considerada essencial e tenha seu devido valor reconhecido, para que as pessoas passem a entender o que é o processo civilizatório e entenda, de uma vez por todas, que cada época guarda suas virtudes e não virtudes e que estas, felizmente ou infelizmente, fazem parte da nossa evolução, seja como ser humano ou membro da sociedade que fazemos parte.

Se puxar uma cadeira, abrir uma porta ou oferecer flores para uma mulher se tornou antiquado, não nos culpem por haver canalhas que não são antiquados, mas são lobos que se vestem de cordeiros para vitimar indefesos.


São Mateus-ES, 13/07/2022

Carlos Quartezani

Jornalista e Microempreendedor

terça-feira, 5 de julho de 2022

Digam NÃO ao Bipartidarismo

O que vem acontecendo no Brasil, em termos de escolha presidencial, sobretudo após a avalanche das redes sociais - que se popularizou de maneira vertiginosa - é que o país voltou no tempo. Ao meu ver, regrediu no aspecto das escolhas políticas. 

Involuntariamente, ou não, o país adotou o famigerado "Bipartidarismo", um sistema que foi adotado durante o Regime Militar (1964-1985) que consistia em ter apenas dois partidos. O do governo, a ARENA e um da oposição "tolerada", o MDB. Uma forma cínica de dizer que havia democracia no país.

Para quem não sabe e este que vos escreve tem o prazer de informar, o despautério era tão grande que por conta desse cinismo, o grande e inesquecível Ulysses Guimarães, líder do MDB, lançou em 1974 a "anti-candidatura" à Presidência da República, uma forma de protesto contra esse descalabro que era a falsa democracia no país neste período nefasto de nossa história política.

Contudo, hoje, estamos de volta ao Bipartidarismo e sem a necessidade de nenhum Ato Institucional que o legitime, como no passado.

Simplesmente, numa mistura de desleixo do cidadão em relação à Política, inflada pelo interesse dos que não vêem vantagem numa população politizada de fato, criou-se esse ambiente no qual, as escolhas políticas, passou a ter os mesmos ingredientes de um Flamengo x Vasco ou Corinthians x Palmeiras, se preferirem. 

Minha bronca, e quem me acompanha a mais tempo já sabe, é que essa receita para se perpetuar no poder, ou seja, a estratégia para continuar no poder mantendo as pessoas na escuridão - chegando ao ponto de incentivarem a absurda "escola sem partido" (como se a escola fosse um centro de treinamento de imbecis e não um ambiente do livre pensar) - é que o tal Bipartidarismo se estabeleceu por força e obra do próprio povo, que não consegue enxergar as alternativas que não estejam no lado A e a outra no lado B, lembrando uma outra relíquia do passado que era o Long Play, o famoso "élipê".

Para quem acha que o Bipartidarismo proposto no Brasil na prática e não no papel, seria uma reprodução do que acontece nos Estados Unidos da América está redondamente enganado. Para fazer tal comparação, por exemplo, seria necessário mudar nosso sistema político que equivocadamente privilegia a pessoa e não o partido. Os estadunidenses votam no partido e no Brasil vota-se na pessoa. A diferença na prática disso eu explico num outro texto.

O fato é que mesmo existindo essa nefasta polaridade nas intenções de voto no Brasil, conforme apontam as pesquisas, existe alguns partidos, dentre os quais o que sou filiado há 20 anos, o MDB, que está tentando romper o Bipartidarismo com a proposta de uma candidatura construída por partidos do chamado centro democrático. O trabalho é árduo, há muita resistência, inclusive, intra-partidária, mas até o momento, está em andamento. 

Se você que acredita que é possível ser diferente do que foi no passado, com dois partidos existentes fingindo que as nossas escolhas se resumem a um mero "par ou ímpar", pense bem e decida embarcar comigo nesse projeto. Se não formos para o segundo turno, pelo menos mostraremos que nem todos estão robotizados e que ainda há espaço para quem quer um país comprometido com o futuro e não com as necessidades particulares dos supostos mitos da esquerda e da direita.

São Mateus-ES, 05/07/2022

Carlos Quartezani

Jornalista e Microempreendedor

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Era só o que faltava

Para usar uma expressão bem batida mas que a situação exige, usei este título para o texto em que passo a desenvolver aqui e os meus 19 leitores possam tomar conhecimento.

Ocorreu que os Vereadores de Vitória, a nossa Capital, aprovaram uma Lei na qual fica proibido homenagear com nome de rua, qualquer indivíduo que tenha seu nome envolvido em crimes, tais como corrupção, pedofilia, entre outros. O PL, de autoria de um parlamentar de nome Armando Fontoura, evidentemente foi aprovado por unanimidade.

Agora fica a indagação: Quem em sã consciência poderia ser contra um projeto de lei desse? Será que alguém poderia debater defendendo que pessoas condenadas, em última instância, ainda teriam direito a receber tal honraria? Só um débil mental o faria, com certeza.

Pois bem, mas o que leva esses representantes do povo a propor, através de projetos de lei, coisas como esta? Será que de fato é esse tipo de ideia que pode fazer avançar o Legislativo brasileiro (e neste caso capixaba) e ganhar credibilidade junto à sociedade? Acho que não, muito embora tem sempre alguém que por ter escolhido gostar da pessoa e não do que efetivamente ela poderá contribuir com a cidade no Parlamento, aprove uma ideia esdrúxula dessa.

Reiteradamente tenho dito que as pessoas precisam entender a importância da política para que possam, pelo menos, parar de culpá-la pelas más escolhas que fazemos. É como se desse um banho no bebê e no lugar de jogar a água suja fora, jogasse o bebê. Absurdo não é mesmo? Pois é, mas é exatamente assim que tratamos a política.

O Poder Legislativo, em especial aqueles sediados nas cidades e em muitos casos, nos Estados, são compostos por bons cidadãos, mas que não se preparam como deveriam para a atividade. O foco é sempre a superexposição, de preferência com bandeiras que agradam, mas sem efetivamente mostrar em que sentido trabalhará para que se torne realidade. 

É o engodo outra vez, aquela isca que se joga na água para atrair o cardume mas cujo objetivo é tão somente fisgar o peixe. Não passa disso.

O exemplo que citei vale para muitas cidades brasileiras. Por acaso foi na nossa Capital que essa "grande ideia" veio a se tornar Lei, bastando ao Poder Executivo sancionar, ou não.

De qualquer modo o que pretendo mais uma vez com essas minhas mal traçadas linhas é advertir o cidadão para que tente fazer do seu voto, algo mais construtivo, que resulte em representações mais preparadas para essa importante função e não se deixem levar por "vendedores de terreno no céu". 

Desconfie. Quando o discurso em campanha for muito absurdo, arrume uma desculpa e não dê quórum para os tais. A menos que esteja com tempo e decidiu dar umas risadas com esses que acham que todo mundo tem inteligência limitada, como a dele próprio.

Francamente, era só o que faltava!

São Mateus-ES, 04/07/2022

Carlos Quartezani

Jornalista e Microempreendedor

sexta-feira, 1 de julho de 2022

A verdade liberta

Estou acompanhando o trabalho de um historiador, através de algumas aulas oferecidas gratuitamente no Youtube, com foco no Jesus histórico. 

Não se trata de um trabalho sob o ponto de vista teológico. Este, inclusive, já é bastante explorado, mas na perspectiva histórica, baseada em documentos e que destrincham o Jesus judeu, sem adentrar no aspecto teológico.

A partir desse conhecimento é possível, inclusive - para quem é cristão - tornar sua fé ainda mais racional, reduzindo a enorme carga de argumentos que mais parecem uma forma de domínio sobre as pessoas, do que efetivamente amor a elas. 

Não quero com essas palavras invalidar o legítimo trabalho de quem escolheu ajudar as pessoas através do estímulo a fé, seja no cristianismo ou em qualquer outra religião. O coração tem razões que a própria razão desconhece, portanto, cada qual será julgado conforme as suas obras.

Após este preâmbulo que parece remeter à história e à religião, e que em ambos tenho algum respaldo para discorrer, eis que os surpreendo: Quero falar do conhecimento na seara política!

Ontem, dia 30 de junho de 2022, o Senado da nossa República aprovou em dois turnos, de forma incrivelmente célere, uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que em resumo, prevê gastos de 41 bilhões de reais para subsidiar benefícios sociais diversos, sem que isto incorra em "improbidade administrativa" já que no bojo da Proposta consta a decretação do Estado de Emergência no país. O argumento são os efeitos da guerra na Ucrânia na economia do país.

Eu não vou entrar no detalhe, até porque não sou um profundo conhecedor de Economia e, caso fosse, precisaria desenvolver um texto bem mais longo que este. 

Pois bem, tanto a religião quanto a política - temas que reiteradas vezes escuta-se que "não se discute" tal qual o futebol - fazem parte de nossas vidas e estão visceralmente ligadas a nossa convivência em sociedade e quanto menos conhecemos sobre ambos, mais propensos estamos a sermos enganados ou, no mínimo, limitados a saber tão somente o básico.

A mágica que os Senadores fizeram ao aprovar a proposta do governo central terá consequências, não imediatas, mas no médio prazo. Se estou insatisfeito com a bondade do governo? Claro que não, vai ajudar as pessoas agora, mas não vivemos apenas do almoço, precisamos de outras refeições no dia e este engodo praticado, poderá ter consequências drásticas.

Não tenho como impedir esse descalabro. Sou apenas um cidadão que escreve. Mas conheço bem o processo de dominação. Por medo de não ganhar a eleição, até a oposição votou a favor. É a destruição do país a conta-gotas, pavimentado pela falta do conhecimento e o total desinteresse dos que deveriam potencializar as pessoas, através de políticas públicas voltadas ao conhecimento.

Quanto à fé, estou firme nela principalmente por saber que é racional, me permitindo ajudar a quem acha que eu posso ajudar, sem engodos.

Enfim, assim caminha a humanidade.


São Mateus-ES, 01/07/2022

Carlos Quartezani

Jornalista e Microempreendedor