O que vem acontecendo no Brasil, em termos de escolha presidencial, sobretudo após a avalanche das redes sociais - que se popularizou de maneira vertiginosa - é que o país voltou no tempo. Ao meu ver, regrediu no aspecto das escolhas políticas.
Involuntariamente, ou não, o país adotou o famigerado "Bipartidarismo", um sistema que foi adotado durante o Regime Militar (1964-1985) que consistia em ter apenas dois partidos. O do governo, a ARENA e um da oposição "tolerada", o MDB. Uma forma cínica de dizer que havia democracia no país.
Para quem não sabe e este que vos escreve tem o prazer de informar, o despautério era tão grande que por conta desse cinismo, o grande e inesquecível Ulysses Guimarães, líder do MDB, lançou em 1974 a "anti-candidatura" à Presidência da República, uma forma de protesto contra esse descalabro que era a falsa democracia no país neste período nefasto de nossa história política.
Contudo, hoje, estamos de volta ao Bipartidarismo e sem a necessidade de nenhum Ato Institucional que o legitime, como no passado.
Simplesmente, numa mistura de desleixo do cidadão em relação à Política, inflada pelo interesse dos que não vêem vantagem numa população politizada de fato, criou-se esse ambiente no qual, as escolhas políticas, passou a ter os mesmos ingredientes de um Flamengo x Vasco ou Corinthians x Palmeiras, se preferirem.
Minha bronca, e quem me acompanha a mais tempo já sabe, é que essa receita para se perpetuar no poder, ou seja, a estratégia para continuar no poder mantendo as pessoas na escuridão - chegando ao ponto de incentivarem a absurda "escola sem partido" (como se a escola fosse um centro de treinamento de imbecis e não um ambiente do livre pensar) - é que o tal Bipartidarismo se estabeleceu por força e obra do próprio povo, que não consegue enxergar as alternativas que não estejam no lado A e a outra no lado B, lembrando uma outra relíquia do passado que era o Long Play, o famoso "élipê".
Para quem acha que o Bipartidarismo proposto no Brasil na prática e não no papel, seria uma reprodução do que acontece nos Estados Unidos da América está redondamente enganado. Para fazer tal comparação, por exemplo, seria necessário mudar nosso sistema político que equivocadamente privilegia a pessoa e não o partido. Os estadunidenses votam no partido e no Brasil vota-se na pessoa. A diferença na prática disso eu explico num outro texto.
O fato é que mesmo existindo essa nefasta polaridade nas intenções de voto no Brasil, conforme apontam as pesquisas, existe alguns partidos, dentre os quais o que sou filiado há 20 anos, o MDB, que está tentando romper o Bipartidarismo com a proposta de uma candidatura construída por partidos do chamado centro democrático. O trabalho é árduo, há muita resistência, inclusive, intra-partidária, mas até o momento, está em andamento.
Se você que acredita que é possível ser diferente do que foi no passado, com dois partidos existentes fingindo que as nossas escolhas se resumem a um mero "par ou ímpar", pense bem e decida embarcar comigo nesse projeto. Se não formos para o segundo turno, pelo menos mostraremos que nem todos estão robotizados e que ainda há espaço para quem quer um país comprometido com o futuro e não com as necessidades particulares dos supostos mitos da esquerda e da direita.
São Mateus-ES, 05/07/2022
Carlos Quartezani
Jornalista e Microempreendedor
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