domingo, 26 de novembro de 2023

O racismo e as palavras

Uma mentira repetida muitas vezes ganha contorno de verdade e nos distancia muito da possibilidade de conhecer a verdade. É como na alegoria da caverna, de Platão, na qual os indivíduos limitados a sua realidade, ignoravam haver outra e assim permaneciam, sem o privilégio de sentir o valor e o calor do sol.

Este preâmbulo é para tratar de um tema que ainda é recorrente no nosso cotidiano, embora, é preciso reconhecer, alguns avanços já houveram. Falta muito, mas estamos caminhando.

Me refiro ao racismo que de tão arraigado na nossa cultura, afinal foram mais de 400 anos tratando seres humanos como bichos, ficou extremamente difícil de estirpá-lo definitivamente de nossas consciências e de nossas atitudes. Uma doença que infelizmente, herdamos.

Nem é preciso testemunhar alguém "de cor" (como eram classificados os negros) sendo especialmente revistado na entrada de um estabelecimento - enquanto os "sem cor" passam sem muito rigor neste aspecto - para perceber que a "caverna de Platão" está em nosso tempo, mais presente do que nunca.

A luta dos povos afrodescendentes em solo americano ainda é muito grande, apesar de todos os avanços e essa discriminação, latente, se percebe em gestos que sequer nos damos conta. Palavras, que para muitos soam como "mi-mi-mi" de quem está procurando pêlo em ovo, evidenciam esse problema crônico em nossa sociedade.

Não nos damos conta, só para exemplificar, o quão ultrajante é definir como "a coisa tá preta" ao nos referir a uma situação difícil que passamos ou quando queremos explicar que alguém nos difamou, é comum usarmos a expressão "denegrindo a minha imagem" e por aí vai. 

São muitos os exemplos de que o racismo não sai da gente, mesmo que nos esforcemos ao máximo para isto.

Como eu disse, já foi pior. No entanto, o esforço para continuar avançando é necessário, do contrário, continuaremos involuntariamente contribuindo para que o nosso país não alcance a condição de desenvolvimento que desejamos e merecemos, pois no que se refere a se desenvolver, o aspecto humano é tão importante quanto a economia ou qualquer outro indicativo.

Não se trata de minimizar as palavras que usamos como se não fosse algo importante. É das palavras que se revela quem nós somos e as atitudes são concretizadas por meio delas e quando elas, as palavras, são lançadas, não voltam mais.

Carlos Quartezani

26/11/2023

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Agir aqui

O Greenpeace, entidade não-governamental que tem por objetivo ações em defesa do meio ambiente em nível global, tem um lema muito interessante e que precisa ser objeto de reflexão para todos nós. 

O lema é "Pense global e aja local"!

Pode ser que as palavras não sejam exatamente essas, já que não domino outro idioma a não ser o nosso (embora cometa erros invariavelmente). Contudo, significam algo que percebo temos a estranha mania de fazer o contrário: Pensamos local e na hora da ação, nosso foco é o global, se é que pode-se chamar de ação ficar xingando este ou aquele líder de outro país, nas redes sociais, por não concordar com seu governo...

Por mais que eu me compadeça com os problemas da Venezuela, o Haiti, as guerras aqui e acolá, terremotos, maremotos, vulcões, tsunamis e etc... Qual o sentido tem em me dedicar a tais causas, tão distantes de onde vivo, se ao meu lado tem gente sendo assassinada cruelmente, por motivos torpes ou irrelevantes, e não me disponho a contribuir com a minha sugestão e principalmente, participação na busca por algo que possa reduzir esses dilemas?

Discutimos com voracidade os problemas alheios e não temos tempo em nossas agendas para uma reunião de bairro, cujo objetivo é unir forças com as autoridades para reduzir a criminalidade, por exemplo.

Ninguém é tão forte quanto todos nós juntos, mas se continuarmos focados em algo que o máximo que podemos fazer é especular sobre quem tem ou não tem razão em determinados conflitos no mundo, continuaremos com os nossos conflitos locais graves porque a nossa atenção está voltada para aquilo que não temos nenhum poder de resolução.

Agir local e pensar global!

Carlos Quartezani

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Eu quero paz

O Brasil é um país pacífico e a sua participação na 2a Guerra Mundial se deu por pressão política dos EUA que ao entrar no conflito, precisava confirmar sua quase hegemonia nas Américas.

Quando o Presidente do Brasil declara que Israel está sendo terrorista, tal qual o grupo terrorista Hamas, atingindo gente inocente na Faixa de Gaza na Palestina, não faz mais que sua obrigação enquanto líder de um país de natureza pacífica.

Não se trata de apequenar a política e dizer que tudo o que o governante faz não é correto, mas de analisar cada gesto e tirar uma conclusão racional, sem o ranço provocado por essa polarização nociva que vive o nosso país.

Que a paz invada os corações, seja aqui, no Oriente Médio e no Mundo!

Carlos Quartezani

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Paixão avassaladora

Muito comum na idade adolescente e jovem, as paixões remetem ao descontrole, desequilíbrio emocional e em alguns casos até um final trágico. Muitas dessas paixões, inclusive, ao longo dos séculos, inspiraram escritores a produzirem obras para o teatro, livros, novelas que não saem da memória de muita gente.

No entanto, quando esse sentimento migra para a política e acerta em cheio o coração de adultos, o descontrole ganha contornos ainda mais sérios, pois não atinge apenas o casal envolvido (como no caso dos adolescentes e jovens) mas toda a sociedade. A paixão dá subsídio ao ódio e dificilmente alguém ganha com isto.

Na esteira desse ódio, vem a insanidade que se revela em divulgação de fatos inexistentes, ou sem a devida contextualização, provocando, além de mais ódio, o pior dos males que é a informação distorcida, muito pior que a desinformação.

É preciso tentar um melhor controle sobre as paixões. No final, as melhores e mais importantes decisões são tomadas pela razão e contra este fato, é muito difícil encontrar argumentos.

Carlos Quartezani

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

São tantas emoções

Se a política fosse utilizada realmente para o fim ao qual foi criada, nosso país estaria bem mais evoluído. No entanto, temos que considerar que somos muito jovens, em termos de existência enquanto Estado, e muito se avançou nesses 523 anos, partindo do pressuposto de que o "descobrimento" é o nosso referencial.

A parte negativa desse, digamos, atraso, é que as pessoas são manipuladas e são convencidas que governar é um ofício fácil e que basta ser honesto e tudo dará certo. Sim, honestidade é imprescindível, mas se não vier acompanhada de outras virtudes, será mais um "honesto" que entrou e saiu como "desonesto", muitas vezes sem sequer ter um teto para morar.

Penso que pode chegar um tempo em que poucos se interessarão pela vida pública pois, na medida em que perceberem que não é um oásis, corremos o risco de voltar ao totalitarismo e assim, pensar será proibido e agir então, será motivo para sofrer penas que incluem até a morte.

Eu sigo acreditando na democracia mas as pessoas precisam compreende-la melhor e tratarem os temas sob um olhar mais racional e um tanto menos emocional.

Carlos Quartezani