sexta-feira, 30 de agosto de 2024

O político

É muito comum às pessoas que desejam se candidatar a um cargo político, enfatizar com um certo "orgulho" de que "não é político". 

Entendo que essa categoria (o político) não goza de tanto prestígio junto à sociedade, razão pela qual, mesmo desejando o cargo, o pleiteante utiliza essa narrativa de "não ser político" (portanto merece seu voto) como sendo uma de suas principais virtudes. 

Quero dizer ao amigo e à amiga leitora, que por aqui me acompanha, que não é possível fritar os ovos sem quebrá-los. O trabalho de quem alcança pela via do voto popular um cargo político, é soberanamente fazer política, uma atividade que só desempenha quem é político e se fosse uma ciência (defendo que  é), estaria classificada na área das "Humanas", ou seja, no lado oposto às "Exatas", contrariando os mais variados perfis que surgem nas campanhas eleitorais. 

O que quero dizer com isto? Que para representar o povo, é preciso ser político, e dos bons, do contrário não seria necessária uma eleição. Bastaria um concurso público e assim se estabeleceria quem representaria o povo. 

Pode até ser uma ideia boa e viável substituir as eleições por um concurso público, quem sabe as próximas gerações não cheguem a esta conclusão (???), mas o que temos hoje é o voto e o que espera o escolhido do povo, quando  assume  um mandato, são grandes desafios para serem vencidos e não tem ciência exata que possa suplantar a habilidade política de quem foi escolhido para exercê-la. 

Ser político é uma característica humana e é por causa dessa característica, que não somos consumidos pela barbárie. 

Carlos Quartezani

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Pesquisa eleitoral

Quem nunca decidiu em quem votar nas Eleições, a partir de um resultado de pesquisa divulgado nos mais diversos canais de informação ou até mesmo de ouvir alguém relatar sobre a última pesquisa? 

Pois é, mas será que este seria um bom critério para uma escolha tão importante, quanto aquele que vai decidir o futuro de sua cidade? Penso que não e explico.

Antes, porém, peço que faça a seguinte reflexão: Se fosse possível escolher quem pilotaria o avião que você vai embarcar, você se basearia em quem tem mais popularidade ou naquele que se preparou para pilotar uma aeronave? 

A comparação pode parecer exagerada, mas tenho razões para acreditar que não é exagero, dada a longa jornada que tenho na política e de ver vários exemplos que de fato, não eram aquilo que o povo esperava. 

Tem muita gente que só não vive melhor, porque nas escolhas políticas que faz, usa critérios pouco eficazes tal qual é o critério da "pesquisa eleitoral". O voto é um ato cívico que mexe com as estruturas do Poder e se essas estruturas estiverem com pessoas despreparadas, pouco ou nada acontece de importante para a coletividade. 

O processo eleitoral é a oportunidade que você tem de conhecer o candidato e suas ideias, mas também de avaliar se este tem condições de representá-lo. Se você troca a sua convicção por uma sugestão que veio da pesquisa eleitoral, sequer necessitaria da sua participação. Bastava acionar a Inteligência Artificial e esta determinaria quem seria o próximo gestor. Não é mesmo?!!

Lembre-se: O que nos coloca em vantagem em relação à máquina é que temos condições de pensar e mudar de ideia, conforme o andar da carruagem. Já a pesquisa eleitoral é apenas o retrato daquele momento, que pode mudar, mediante a nossa reavaliação. 

Carlos Quartezani

domingo, 25 de agosto de 2024

Dedicação ao Legislativo

É muito comum que as pessoas que se colocam à disposição para disputar um cargo político, especificamente no Poder Legislativo, argumente que uma de suas qualidades é não depender do salário que o cargo oferece, já que tem um emprego e portanto, não precisa do soldo parlamentar. 

Preciso alertar ao estimado leitor que me acompanha por aqui, que não é tão simples assim não. Representar o povo não é uma tarefa qualquer e caso seja este o entendimento, teremos sempre pessoas sem o devido compromisso com essa nobre tarefa. 

O cargo político no Legislativo requer um trabalho intenso nas relações entre os Poderes e a sociedade. Estar integralmente à disposição, aumenta consideravelmente a possibilidade que um parlamentar exerça o seu trabalho com resultados mais significativos para a população. 

Não se trata de levar uma mensagem de que já tem um emprego e que não depende do salário que a função oferece, mas de fazer um trabalho que resulte em benefícios para a coletividade. Fazer política é no dia a dia e não se limita aos 60 dias que antecede às Eleições. 

Usar este argumento como forma de conquistar o voto, embora pareça agradável aos ouvidos do povo, desmerece o trabalho de quem é eleito para representá-lo. Ora, se esse trabalho de representar o povo não é a prioridade, por que quer fazê-lo?

E, claro, estar presente, à disposição, a qualquer momento que for demandado faz parte da atividade, algo que nem sempre será possível já que tem outro compromisso de trabalho. 

Quem acumula uma outra função, ao meu ver, não consegue exercer a função parlamentar em sua plenitude. Se fosse possível uma licença do seu emprego enquanto exerce a função de representar o povo, o resultado certamente seria mais satisfatório. 

Carlos Quartezani

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Violência no trânsito

Moro há pouco tempo em uma cidade com população acima de 100 mil habitantes. Por toda vida morei na pacata Conceição da Barra onde o trânsito, em geral, nunca foi o maior problema da cidade, salvo quando chega a época da alta temporada turística e as ruas estreitas da pequena cidade não planejada, conhece alguns pequenos transtornos. 

São Mateus-ES, onde hoje trabalho, estudo e tenho o meu lazer, enfim, eu vivo, é muito diferente neste aspecto. Os interesses mais variados, em especial o econômico, fazem as pessoas terem uma vida mais agitada e a velocidade seja nas motos, carros, ônibus e caminhões, geram sim um problema a mais, especialmente quando a falta de educação no trânsito é o ingrediente inegável. 

Buzinas o tempo todo, motociclistas agindo como se tivessem num jogo eletrônico e bicicletas elétricas sem regras específicas, se juntam a uma total falta de gentileza com o outro ser humano, tornando a via pública perigosa para quem quer apenas ir ao centro da cidade pagar uma conta, comprar algo no comércio ou encontrar um amigo, etc...

Nada, nenhum problema se resolve sozinho sem que haja alguém para percebê-lo e, ato contínuo, manifestar essa insatisfação para que através da reflexão coletiva, o próprio povo ajude o poder público a sanar aquele problema. 

Não pretendo aqui entrar na seara dos especialistas do trânsito, mas através de meu olhar, minha observação, sugerir às autoridades que possam ser mais efetivas em relação aos reais problemas no trânsito. 

No lugar de multar um veículo estacionado em frente a um bar noturno, por exemplo, cuja preferência popular o faz ter espaço reduzido para um estacionamento adequado, ser mais rigoroso com aqueles que de fato pensam ser donos do espaço público, agindo com imprudência e em muitos casos, arrogância. 

Que a rigidez das autoridades se estenda a quem realmente oferece perigo à sociedade no caótico trânsito daqui e de muitas outras médias e grandes cidades do Espírito Santo e do Brasil.

São Mateus-ES, 22/08/2024

Carlos Quartezani

sábado, 3 de agosto de 2024

Família de ouro

Quem ainda tem dúvida a respeito da relação da família com o sucesso de uma pessoa no esporte, deveria observar três exemplos do Brasil nas Olimpíadas de Paris 2024. 

O primeiro veio do Judô Masculino, quando o atleta Medalha de Prata na modalidade, dedicou sua conquista ao seu filho, um bebê de 2 anos de idade. Mesmo não disfarçando sua frustração por não ter conseguido o ouro, o atleta expressou seu enorme amor à sua família, sem a qual ele não estaria vivendo aquele momento histórico. 

Outro atleta brasileiro que me chamou a atenção foi o representante do Brasil na Marcha Atlética, modalidade que jamais conquistou medalha mas que em 2024, em Paris, tornou-se o esporte cujas piadas perderam a graça, visto que o atleta precisa deslocar o quadril ao praticá-la, lembrando o movimento de rebolado. Um alvo fácil de memes e ofensas machistas, tipicas de nossa cultura.

O atleta não cansou de agradecer a sua família por ter conseguido chegar até ali. Com o apoio do pai e da mãe, ele treinador dela quando também praticava a Marcha e tal como o filho, representou o Brasil na modalidade em outras edições das Olimpíadas, após muita perseverança conseguiu atingir seu objetivo. 

O último e mais emblemático exemplo veio também do Judô, agora do Feminino. A judoca de Peruibe, São Paulo, conseguiu o ouro para o Brasil e em suas declarações emocionadas numa entrevista em que o repórter a colocou em contato com a família, num choro compulsivo, dizia "pai, mãe, eu consegui, eu consegui... foi pela vó, foi pela vó..." numa referência à outra importante membro de sua família, que morreu dois meses antes de sua histórica conquista. 

Mesmo que conquistas como essas sejam a coroação dos esforços fenomenais desses atletas, que no caso de nosso país é bem maior que em países mais ricos e organizados neste aspecto, é impossível não concluir que a Medalha premia também a mais importante instituição do Mundo que é a Família, sem a qual, as mais edificantes conquistas não aconteceriam, dito pelos próprios atletas vencedores. 

Fico aqui na torcida para que esses exemplos se multipliquem e sobretudo as novas gerações, não percam o vínculo entre o sucesso que desejam ter e o o seu maior fundamento, a sua Família. 

Parabéns aos atletas brasileiros e às suas respectivas famílias!

São Mateus-ES, 03 de Agosto de 2024

Carlos Quartezani