Tem uma cena célebre em O Conde de Monte Cristo em que o personagem principal, encarcerado numa prisão quase impossível de se fugir dela, dialoga com o homem que já estava ali há mais 30 anos a respeito de uma sugestão para fugir daquele inferno. A oferta é que se o novo inquilino o ajudasse a cavar um túnel e assim fugirem, em troca o ensinaria tudo o que aprendeu por toda a vida.
Quem viu o filme, um clássico do cinema, já rememorou a cena e talvez tal como eu, tenha chegado à conclusão que o cerne de todo o filme, baseado em livro, está nesta cena. O prisioneiro mais antigo alerta ao seu novo companheiro de cela que o seu bem mais precioso, a liberdade, pode ser tirada, no entanto, o conhecimento jamais, respondendo assim ao seu questionamento sobre o que ganharia se ajudasse-o a cavar o túnel.
Trago aqui este episódio desse grande filme para tratar de algo que tenho observado, sobretudo na conduta dessa nova geração, que nasceu com computadores nas mãos e não reconhecem a importância do conhecimento, como princípio básico da prosperidade. A urgência em ter o que quer, afasta-os do compromisso de se preparar para ter, algo que se conquista com o conhecimento genuíno que integram lógica mas também a sensibilidade.
Estamos numa quadra da vida que entre tantos os desafios que temos para evoluirmos enquanto sociedade, a pressa, a urgência em se conquistar o que se quer, atropela fases importantes e a principal delas, a busca pelo conhecimento, meio pelo qual o indivíduo consegue realmente se apropriar do que alcançou.
Um ditado popular e que eu escuto desde criança é que "o quem vem fácil, vai fácil". Saborear uma vitória depois de uma luta árdua, tem um significado muito mais impactante do que, por exemplo, repentinamente descobrir que recebeu uma herança. Não quero aqui ser hipócrita e não reconhecer que é bom ser surpreendido por algo como uma herança, mas salientar que aquilo que conquistamos com o nosso próprio esforço, tem valor e não simplesmente preço.
Sinto-me na obrigação de na medida em que fui abençoado por Deus ao me permitir estar aqui, compartilhar com o meu semelhante o que acumulei ao longo de minha vida, que certamente não foram posses mas capacidade para não me deixar iludir por aquilo que vem fácil e focar no que realmente importa.
Cave o seu próprio túnel e saberá que a sua liberdade, como bem definiu o trecho do filme ao qual me referi, pode ser tirada mas o conhecimento que você buscou, jamais.
Carlos Quartezani
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