sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A hora do PMDB

A maior virtude do ser humano é perceber o momento ideal para fazer mudanças em sua vida. Na família, no trabalho ou nas relações com amigos e a sociedade de modo geral, há sempre os momentos em que percebemos que os conflitos gerados pela incompatibilidade de idéias ou pelo comodismo de ambas as partes, acabam gerando o esfriamento, criando um ambiente para o inevitável rompimento.

Os casais, lamentavelmente, chegam em muitos casos a essa conclusão dispensando inclusive um diálogo franco e que possa permitir um recomeço. No trabalho, a demissão é quase sempre a única solução viável para tais conflitos, enquanto nas relações com amigos e a sociedade, busca-se novos amigos e novos ambientes na expectativa de que esses possam suprir as lacunas deixadas por aqueles que antes eram insubstituíveis. O desgaste gerado normalmente pela ausência de diálogo e sobretudo de comunhão, dificulta ou simplesmente inviabiliza a reaproximação.

É assim que hoje enxergo a relação do PMDB com os seus pseudo-aliados. O distanciamento do partido e seus filiados, provocado pelas inúmeras concessões feitas em nome de interesses que não contemplaram exclusivamente os interesses do estado, fizeram com que a sigla entrasse num estado letárgico e de cisne passou a ser o patinho feio, numa alusão à trajetória contrária do personagem da fábula infantil.

No caso específico do Espírito Santo, depois de governar por 8 anos um estado que antes havia falido e só figurava nas páginas de noticias negativas nos jornais do país, assistiu a queda de uma candidatura considerada vencedora antes mesmo da realização das primeiras pesquisas de opinião pública. O ato de desprendimento de Ricardo Ferraço foi o segundo golpe no PMDB, afinal, já havíamos sido golpeados anteriormente quando Paulo Hartung desistiu de candidatar-se ao Senado da República, numa candidatura considerada imbatível de um governador mais aprovado no estado que o próprio presidente Lula.

Mas o pior ainda estava por vir. Convencido de que abrindo mão da candidatura ao governo estadual estaria se tornando uma referência, um exemplo de comportamento democrático, o PMDB ao vencer as eleições numa aliança espetacular com o PT e o PSB, partidos aliados em nível nacional, mais uma vez é golpeado com a oferta de um espaço pífio no governo do estado e nomeações de pessoas que sequer sabem o endereço da sede do PMDB capixaba. Uma afronta não só ao partido, mas aos princípios que regem a democracia, onde cabe aos partidos serem o instrumento que torna possível uma candidatura.

O tiro de misericórdia no PMDB e na sua história no território capixaba está para ser disparado em poucos dias. A Assembléia Legislativa do Espírito Santo, cuja maior bancada é do PMDB, escapou das mãos do partido que tinha na iminente candidatura do peemedebista histórico Sérgio Borges, a chance de uma redenção política no estado. No entanto, mais uma vez, fomos golpeados e o maior partido do Brasil e também do Espírito Santo, será coadjuvante de um governo que deveria ser seu, inclusive na Casa Legislativa.

Precisamos nos erguer enquanto partido. A história do PMDB é muito maior que qualquer injustiça ou deslealdade das quais possa ser vítima. O PMDB tem que rever seus conceitos e despertar para uma participação mais efetiva e contundente na política capixaba, sendo um partido que mesmo fazendo parte da base governista, não feche os olhos para o que contraria os seus ideais. Ao fazer a aliança para governar, o PMDB não rasgou os seus estatutos, ao contrário, juntou-se a siglas partidárias que compartilham de idéias e ideais semelhantes, portanto, não há razão para ser preterido.

Esta é a nossa grande oportunidade de nos reerguer enquanto partido; reunir a nossa militância e mostrar que o PMDB não é apenas um amontoado de pessoas. São homens, mulheres, jovens, negros que fizeram, fazem e continuarão fazendo a história política do Brasil, com garra, determinação e a certeza de que a política deve ser feita com a alma e o coração, esses sim, indispensáveis para a construção de uma nação respeitada e justa.

Parafraseando um certo senador que hoje não é mais um peemedebista: “Atentai bem senhoras e senhores!” A chama do PMDB não pode se apagar sob pena de ser apagada a história política do Brasil!

Carlos Quartezani

Presidente do PMDB de Conceição da Barra-ES

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