segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Imprensa, você tem fome de quê?

Há algum tempo já venho denunciando o que chamo de “ignorância” de alguns setores da imprensa brasileira, no que diz respeito à cobertura jornalística na política. Como se não bastasse os programas humorísticos, que na minha opinião só contribuem para a desqualificação dos “candidatos” - uma vez que pessoas de bem não querem ser insultadas e agredidas com piadas de péssimo gosto - ainda temos os grandes jornais que através de suas matérias impactantes e que efetivamente “vendem mais”, afastam essas pessoas do ambiente político, evitando qualquer envolvimento até mesmo a simples participação numa reunião partidária, facilitando o cenário onde as “personagens” são eleitas com o exclusivo compromisso em manter-se popular, defendendo temas quase sempre irrelevantes, do ponto de vista “desenvolvimento da nação”, mas que agradam aqueles que sequer fazem idéia da real necessidade de uma representação política nas Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativa e no Congresso Nacional. A liberdade é legítima, especialmente a de imprensa, entretanto, não podemos admitir que o fato de ser jornalista possa me dar o direito de julgar as pessoas e depois oferecer-lhe um “direito de resposta”, caso os fatos em questão não sejam comprovados. A minha liberdade termina, quando começa a do meu semelhante e isso, para mim, é básico.

Não penso que viver num país desenvolvido, sério e que tem fortes razões para acreditar ser o “país do futuro”, possa significar estar servido de profissionais da comunicação medíocres e despreocupados com o que as pessoas vão dizer com suas matérias mirabolantes, fantasiosas e que embora tenham dados que as legitimem, não há em seu conteúdo o elemento “relevância”. Afinal, não se trata de tablóides ou periódicos do interior que um número pequeno de pessoas têm acesso, embora, isso também não as justificassem. Mas falo de grandes jornais que se sujeitam publicar temas de uma irrelevância tamanha, que, no fim das contas, oferecem motivos de sobra para que outros países não nos respeitem como deveriam e assim, a comunicação tornar-se a nossa maior pedra de tropeço, ao invés de ser o nosso maior orgulho.

O crucifixo que a presidenta Dilma determinou retirar do seu gabinete, demonstrando ser uma chefe de estado que quer governar um Brasil de todos, laico, diverso e cuja cultura é um orgulho para muitos brasileiros, ganhou as páginas de grandes jornais como se essa atitude representasse um catástrofe para o país. Francamente, tenho minhas convicções. Sou cristão, acredito e sirvo a Deus, entretanto, isso não me dá o direito de obrigar que as pessoas tenham a mesma convicção que eu, embora, torça muito para que elas cheguem às conclusões que cheguei neste aspecto. Mas dar publicidade a um fato que não interfere em nada nos rumos do país, é nos tratar de idiotas e isso, com certeza, não é o papel da comunicação social. Acima de tudo, a característica “laico” atribuída ao estado, não significa que quem o representa é ateu. O estado, todavia, não pode servir a um determinado grupo, em detrimento de outros. Isto feriria o seu princípio, portanto, o fato de ser um país de maioria católica, não significa que os seus símbolos possam continuar obrigatórios eternamente nas repartições públicas.

Fora outros absurdos que vem sendo publicados desde a campanha eleitoral de 2010 a respeito da presidenta Dilma e o seu antecessor, Lula, eis que surge mais uma notícia que me deixou, literalmente, sem palavras. Segundo matéria veiculada por um grande jornal brasileiro, o fato da presidenta Dilma ter usado um vestido sem a marca da alta costura brasileira, poderá trazer grandes prejuízos para o setor no Brasil. Sinceramente, é necessário que a imprensa no Brasil faça uma reciclagem e perceba o quão ridícula tem sido e pare de nos envergonhar. O Brasil não merece isso. Nós não somos mais o patinho feio, nos tornamos um belo cisne e merecemos uma imprensa mais qualificada e desapaixonada politicamente para que possamos alçar vôos muito mais audaciosos.

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