João Baptista Herkenhoff
Primeiro de janeiro é o Dia da Confraternização Universal, ou Dia
Mundial da Paz. Enlevados pelas festas da passagem do ano, é possível que
tenhamos deixado passar o Dia da Paz sem, pelo menos, uma breve reflexão.
A exaltação da Paz está expressa na Constituição brasileira de 1988, como
também nas Constituições de países latino-americanos e países do mundo.
A paz é valor grandemente realçado na Declaração Universal dos Direitos
Humanos e na Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem.
A paz foi consagrada em pactos internacionais firmados pelo Brasil e por
vizinhos da América Latina.
Não obstante a relevância de tudo isto, a cultura da paz suplanta o
acolhimento constitucional e legal do valor “paz” e suplanta também a força
dos pactos que sejam firmados pelas nações.
Consagração constitucional e legal, celebração de pactos, instituição de
mecanismos de controle – tudo isso é importante na defesa da paz.
Entretanto uma “cultura da paz” é decisiva para sua vigência efetiva
no mundo, na vida concreta dos povos. Ou dizendo de outra forma: Constituição,
leis, pactos, mecanismos controladores exigem como pressuposto uma “cultura da
paz”.
A ideia de paz acolhida nas mentes e corações resulta de uma busca da
inteligência e da vontade.
Cultura da paz, devotamento à paz, absorção do ideal de paz,
disseminação do sentido de paz em todo o organismo social, em nível nacional e
internacional – este é o desafio que cabe enfrentar.
Uma cultura da paz pede um imenso esforço de educação. Trata-se de uma
empreitada específica, direcionada a um objetivo escolhido, ou seja “educar
para a paz”, educar para o florescimento, a manutenção e a defesa da paz. Ou de
maneira ainda mais incisiva – o que se deve pretender é a educação para plasmar
na alma das pessoas, dos grupos sociais, dos povos uma cultura da paz radicada
no inconsciente coletivo.
Esse esforço educacional terá, necessariamente, diversas fronteiras de
atuação: na escola, na família, nas igrejas, nas organizações da sociedade
civil, nos meios de comunicação social.
A empreitada não é fácil porque a defesa da paz não é unânime. Há atores
sociais que desejam a guerra, que vivem da guerra.
Há forças que alimentam a discórdia, que desencorajam o diálogo, que
sabotam todo e qualquer esforço pacifista.
Há todo um aparato de sofisticada comunicação destinado a envenenar a
opinião pública com uma mensagem subliminar belicista.
Os arautos da Paz têm de estar vigilantes para contrapor o entendimento
à surdez no ouvir, a mesa de negociações às trincheiras, o convívio entre as
nações ao isolamento.
João Baptista Herkenhoff é professor itinerante Brasil afora e escritor.
E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br Homepage:www.jbherkenhoff.com.br
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